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terça-feira, 24 de março de 2015

CHATO PRA COMER

Está passando no GNT mais uma temporada do programa do Chef Claude Troisgros. A empreitada se chama “chato pra comer”. A proposta do programa é que pessoas consideradas por seus pares como “chatas pra comer” sejam convencidas a comer alguma coisa que não gostam.

E é engraçada essa denominação de “chato pra comer”, já que o “chato pra comer” não chateia ninguém, ele simplesmente não come. Os outros é que se incomodam por ele não comer determinada coisa.

Eu, por exemplo, sou considerado chato pra comer porque não gosto de carne crua. Nem sangrando. E se por acaso vou a algum lugar onde me apresentam carne crua eu sorrio, agradeço e digo que está ótimo. Apenas não como. (Lembro do Comandante Rolim: diga sim e faça não!) Mas isso não é suficiente. O “chato pra comer” é fiscalizado implacavelmente. E é tratado como um retardado: “Não está crua, é o suco da carne.” Quem quiser chamar sangue de suco que chame. E lambuze seu prato e sua maionese no sangue (quem come carne crua come muita maionese). E coma tudo. Mas não queira me convencer de que eu preciso comer uma coisa que eu não gosto. Ou simplesmente não quero comer.

Da mesma forma que alguém diz que não gosta de ovelha, ou de lentilha e sempre escuta: “Não souberam preparar pra ti!”. Ou seja, é impossível não gostar de uma coisa que o sujeito gosta.

E agora nós, os seletivos, que escolhemos o que comemos, que comemos o que gostamos, somos considerados oficial e publicamente “chatos pra comer”. Chacoteados e ridicularizados em canal pago. Que assim seja! Chatos pra comer de todo o mundo: uni-vos!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O MILAGRE DO SUCO

Escrevi AQUI, semana passada, sobre comidas extravagantes e seus entusiastas. Não falei que, além de tudo, eles operam milagres.

Se não me falham a Bíblia e a catequese, Jesus, em seu primeiro milagre, transforma, nas Bodãs de Canaã, água em vinho. Em cada churrasco de final de semana temos milagres  não do mesmo vulto, mas de igual mistério.
Quando um boi, ou vaca, sofre um corte, sai sangue. Quando o mesmo infeliz animal está na prateleira do seu supermercado preferido, é sangue o que se acumula na bandeja. Do mesmo pedaço, quando cortado antes de ir pra panela ou churrasqueira, sai sangue.

Mas alguns cozinheiros ou churrasqueiros conseguem mais do que isso. Conseguem um simulacro do milagre supra citado: o sangue se transforma em suco. O suco da carne! Ou vai dizer que você nunca escutou isso? E deve ter até concordado, dada convicção do milagreiro. Não caia nessa, caro leitor!

A carne que não está assada, frita ou cozida, está crua. O que sai dali inundando seu prato de vermelho e inutilizando sua bandeja cheia de farofa e maionese é sangue. Não se deixe enganar. Ou vai dizer que o churrasqueiro quando, desafortunadamente, corta o dedo, caro leitor, sai suco?

Suco sai da laranja, caro leitor. Sai do limão espremido sobre o lombo de porco fumegante no seu prato. Sai do espeto de abacaxi com canela. Sucos é o que fazem hoje jovens cansados de mesmice. Não sai da carne.

Sou mais o milagre de Jesus.
Luiggi