"Um súbito estalido. Sydney teve um sobressalto, como os outros jornalistas à mesa. Pendurada entre duas palmeiras, uma das lâmpadas coloridas estourara; um garçom, pisando macio, aproximou-se e, ajoelhando-se, recolheu os cacos de vidro vermelho dentre a grama."
Quando Sofia Loren fez 70 anos, um amigo comentou: "troco duas de 35 ou 3 de 23 por ela". Agora, aos 80, feitos em 20/09, não se diria tanto, mas não se pode negar que ela é uma senhora belíssima. Nascida e criada nos cortiços de Roma, Sofia nunca negou sua origem pobre. Ao contrário, sempre disse que,ao lado de sua inteligência, a pobreza foi um fator de sorte para ela.
A meu ver, ela foi a última grande estrela cinematográfica produzida pela Europa, considerando-se que estourou na metade dos anos 50. Sim, houve Brigitte Bardot, mas esta abandonou o cinema quando tinha 43 anos porque se achava "uma velha". Foi o que acabou se tornando. Hoje, mal consegue andar. Falava-se também em Claudia Cardinale, mas esta não tem os olhos, os lábios, a pele, o cabelo e, sobretudo o corpo curvilíneo de Sofia. A estrela tem 1,74 de "formosura" exuberante, e muitos atores temiam contracenar com ela por causa de seu tamanho. Alan Ladd, por exemplo, usou um banquinho para filmar "A lenda da estátua nua" com Sofia. Apesar dos seus notórios dotes físicos e da capacidade de incendiar o imaginário masculino (e feminino) em todo o mundo, ela dizia que "sex-appeal é 50% do que vc tem e 50% do que os outros pensam que vc tem". Sofia provou que não era só uma mulher bonita quando fez "Duas mulheres" e ganhou o Oscar de Melhor Atriz (1962) fazendo o papel de uma "mamma". Aliás, seus padecimentos para ter um filho foram notícia internacional nos anos 60. Ela teve dois abortos antes de Carlo Ponti Jr nascer em dezembro de 1968. Muito se comentava também a respeito de seu relacionamento com o produtor Ponti (de "Doutor Jivago"), 22 anos mais velho do que ela. Freud explica. Durante a infância, Sofia nunca teve a atenção do pai, que se separou de sua mãe para viver com outra mulher. Era, como se diz, uma "orquídea", flor que gosta de pau velho. Seu possível affair com Cary Grant, 30 anos mais velha do que ela, durante as filmagens de "Orgulho e paixão" também foi muito comentado naqueles anos (1957). Sofia trabalhou em Hollywood e fez inúmeras tolices lá, mas deixou pelo menos um grande filme, o belíssimo "El Cid". Voltou à Itália pra filmar, entre outros, os oscarizados "Matrimônio à italiana" e "Ontem, hoje e amanhã", com seu ator preferido, Marcello Mastroianni. É uma legenda do cinema. Faz parte do nosso imaginário coletivo e continuará a sê-lo por muito tempo. Vida longa para a superestrela.
O que diferencia os homens dos meninos não é a quantidade de
dinheiro que ganham, não são as conquistas amorosas, não são os empreendimentos
financeiros, não é a família constituída. O que diferencia um homem de um menino não é também a
feitura de um churrasco. Espetar a carne e deixá-la assar na brasa tem lá seus
mistérios, mas nada que alguma atenção e alguns jargões, como “essa
churrasqueira puxa muito” ou “me trouxeram lenha verde”, resolvem o problema. O
que realmente diferencia um homem de um menino é comprar a carne que vai
protagonizar um churrasco.
Quem me conhece sabe que sou um frequentador e um entusiasta dos
supermercados. Você escolhe o que quer sem precisar falar nada com ninguém. Se
não quiser, não é necessário nem dar um monossilábico “oi” pra menina do caixa. E
é aí que está o problema: pra comprar a carne do churrasco você precisa falar
com o açougueiro.
Por algum motivo, por mim desconhecido, a categoria dos
açougueiros tem alguns princípios altamente rígidos. E entre eles está o de
desmoralizar completamente qualquer inocente que não conheça por completo a
anatomia do boi e qual a melhor forma de preparar determinado corte. Eles
conhecem um inocente de longe. Devem vibrar de alegria diante da cara de dúvida
(e terror) de um incauto churrasqueiro e da perspectiva de humilhá-lo
totalmente diante do balcão.
E eu confesso – envergonhado – que não tenho estofo pra
encarar um açougueiro. Por isso, sigo comprando carnes em
providenciais bandejas de isopor. Como um menino de calças curtas.
Junto a Led Zeppelin e Black Sabbath, Deep Purple é uma das megabandas britânicas do heavy metal. "Smoke on the water", abaixo com a formação original, é o seu maior clássico.
We all came out to Montreaux
On the Lake Geneva shoreline
To make records with a mobile
We didn't have much time
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Frank Zappa and the Mothers
Were at the best place around
But some stupid with a flare gun
Burned the place to the ground
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Smoke on the water
Fire in the sky
Smoke on the water
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They burned down the gambling house
It died with an awful sound
Funky & Claude was running in and out
Pulling kids out the ground
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When it all was over
We had to find another place
But Swiss time was running out
It seemed that we would lose the race
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Smoke on the water
Fire in the sky
Smoke on the water
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We ended up at the Grand Hotel
It was empty, cold and bare
But with the Rolling truck Stones thing just outside
Atacante que não marcava há mais de 900 minutos (toda estatística é meio escrota e mal ou bem-intencinada, dependendo do ponto de vista) entra no jogo e marca o gol da vitória. O narrador, empolgado, solta o grito de gol e, após retomar a respiração, diz que vai gritar novamente porque não sabe quando terá outra oportunidade de gritar um gol do gajo. Comentário engraçadinho, mas maldoso e desnecessário.
Personagens: o Gafanhoto Estressado e a Aranha Bem-Intencionada.
Cena um: o Gafanhoto tenta convencer a Aranha de que um colega de trabalho dos dois, o Camaleão, é um hipócrita de carteirinha. -- Esse Camaleão é um fingido, Aranha. Sempre mudando de cor conforme a ocasião. -- Mas essa não seria só a natureza dele, Gafanhoto? Ele não foi criado desse jeito? -- Nada! Antigamente, ele fazia o mesmo que nós, dava duro para levar a vida. Depois, virou esse artista em tempo integral, sempre escondido atrás de disfarces e artimanhas. -- Mas por que ele faria isso? -- Para tirar proveito da situação. Ele fica ali, na moita, com aquela cara inofensiva, mas, na primeira oportunidade, abocanha os descuidados. -- Puxa, é verdade. E eu, que passo horas tecendo a minha teia, no maior capricho... -- E eu, que fico pulando de um lado para outro sem parar? É por isso que vivo estressado. Se me distraio, o Camaleão solta a língua e me pega. -- É mesmo. Se você não me abre os oito olhos, eu nunca teria pensado nisso. -- Porque você é singela e bem-intencionada. Sabe como chama o que o Camaleão está fazendo? Competição desleal no ambiente de trabalho! -- Faz sentido. Você é um sábio, Gafanhoto. -- Obrigado, Aranha. Mas o ponto é que não podemos, nunca, confiar no Camaleão. -- Será que não haveria um jeito de neutralizá-lo? Bom, para nosso benefício mútuo, eu acho que tenho um plano infalível. -- Tem? -- Tenho. Escute... Intervalo: se os antigos gregos não tivessem inventado as fábulas, a democracia e a filosofia (e, ademais, sacado que a soma do quadrado dos catetos era igual ao quadrado da hipotenusa), ainda assim eles teriam entrado para a história por sua habilidade para criar palavras. Como "hipotenusa". Ou "hipocrisia", termo que significa "abaixo da decisão". Hipócrita, no teatro grego, era a maneira como o povo se referia ao ator que representava sem nunca tomar decisões sobre o texto. E seu talento estava em convencer a platéia de que ele não era ele mesmo, mas sim aquele personagem ali no palco. Milênios se passaram e não surgiu palavra melhor para definir os hipócritas modernos, que continuam tão dissimulados quanto seus ancestrais. A diferença é que os hipócritas evoluíram. Agora, eles criam seus próprios diálogos. Por isso, no palco corporativo, a sobrevivência profissional depende da sensibilidade para identificar os personagens que estão contracenando conosco. O Estressado, que ninguém aprecia muito, pelo menos é sincero ao manifestar seus sentimentos. O que nem sempre é o caso do colega aparentemente bem-intencionado, em quem depositamos toda confiança e para quem abrimos nosso coração. Cena dois: o Gafanhoto se aproxima para escutar o plano da Aranha. E se enrosca na teia. Imediatamente, ela o pica e começa a embrulhá-lo para o almoço. -- O que você está fazendo, Aranha? Nós não somos colegas e parceiros? -- Não leve a mal, meu caro Gafanhoto, mas essa é a lei aqui da selva: boa intenção é uma coisa e prioridade pessoal é outra...
The Monkees foi um seriado de TV transmitido entre setembro de 1966 e março de 1968. Contava as aventuras do quarteto de músicos The Monkees. Os músicos foram contratados para fazerem versões fictícias de si mesmos. O grupo foi criado em 1965 pela rede americana NBC para rivalizar com o grupo inglês The Beatles. Para escolher os futuros astros, os produtores colocaram no jornal um classificado pedindo "quatro loucos entre 17 e 21 anos", o que resultou no aparecimento de 437 candidatos. O seriado introduziu uma inovação nas técnicas de filmagem para a televisão e ganhou dois Emmys em 1967. Nos bastidores, os atores geralmente tinham o controle criativo sobre a música e alguma parte do conteúdo do show. O programa terminou em 1968 com o final da segunda temporada e ficou sendo repetido por muito tempo nas manhãs de sábado.
No ínício dos anos 60, os aspirantes a cineastas Bob Rafelson e Bert Schneider formaram a companhia Raybert Productions e estavam tentando entrar em Hollywood. Inspirados pelo filme "A Hard Day's Night", dos Beatles, a dupla decidiu desenvolver uma série de TV sobre uma fictícia banda de rock and roll. Em abril de 1965, Raybert vendeu a idéia do seriado para a Screen Gems, e um script piloto intitulado The Monkeys foi completado por Paul Mazursky e Larry Tucker.
Bert Schneider e Bob Rafelson queriam criar uma série de tv com quatro jovens músicos e precisavam de quatro perfis diferentes. Os escolhidos foram Mike Nesmith, um músico ligado ao country/folk music e excelente compositor, Peter Tork, o homem dos mil instrumentos, Micky Dolenz, um jovem ator/cantor que quando criança, tinha estrelado uma série para a TV (exibida no Brasil) chamada "O Menino do Circo". O quarto Monkee, Davy Jones, já tinha sido contratado pelo estúdio um pouco antes, quando o grupo de teatro com o qual tinha vindo para os EUA apresentou-se na Broadway, com a peça "Oliver". Mas, mesmo assim, ele participou dos testes.
O grupo gravou diversos álbuns. No início os quatro participavam somente como cantores, já que músicos de estúdio eram contratados pela gravadora. Depois, cansados de tanto controle, conseguiram produzir um álbum autoral em 1967, o antológico Headquarters e, nesse mesmo ano, o seriado conquistou o prêmio Emmy de melhor série cômica. Várias turnês e concertos foram realizados e a cada lançamento de LP, a banda conquistava mais e mais fãs. Mike e Peter chegaram a deixar a banda, sendo substituídos brevemente pela dupla Boyce & Hart, os compositores de vários dos hits da banda. Peter voltaria depois, mas Mike somente gravaria com a banda uma última vez em 1995, ocasião do lançamento de Just Us, um álbum inteiramente composto e produzido pelo quarteto. Alguns shows com a formação original marcaram o lançamento de Just Us e, após isso, somente Peter, Dave e Micky continuaram. Algumas turnês com o trio foram feitas e cada um seguiu seu caminho.
NR: Reza a lenda que Stephen Stills participou dos testes para a escolha do elenco e teria sido recusado "por não ter bons dentes". Stills nega essa versão e diz que só tentou colocar algumas de suas composições no repertório da banda. O que se sabe, na realidade, é que Stills participou como guitarrista na gravação da canção "As We Go Along" e em algumas faixas gravadas por Davy Jones.
As é uma canção escrita por Stevie Wonder para o álbum Songs in the Key of Life, de 1976. Chegou ao 36º lugar na Billboard Hot 100.
Em 1999, George Michael e Mary J. Blige gravaram um single com a canção, e é o segundo single do álbum de greatest hits de George Michael Ladies & Gentlemen: The Best of George Michael. O single entrou no Top Ten do Reino Unido, atingindo o número quatro na parada. O vídeo apresenta Michael em um clube onde muitos sósias de si mesmo e de Mary J. Blige estão dançando.
Foi divulgada, dia desses, a relação do festival Lollapalooza,
que realizar-se-á no mês de março próximo aqui no Brasil. Chegou ao meu conhecimento só agora. Eu li a lista e fiquei contente. Contente por poder ficar sentado no sofá, em casa, sem assistir nenhuma dessas atrações.
A tela Marcella, do pintor alemão Ernst Ludwig Kirchner, faz uma referência clara à obra “Puberdade” , do
pintor Edvard Munch . Ambas as obras retratam moças nuas, sentadas em uma cama
e com as mãos cruzadas sobre a virilha.
Na obra apresentada hoje o assunto – uma crítica à
prostituição infantil – se torna claro, com o retrato de uma jovem prostituta
composto em tons de verde-limão, roxo e laranja. Cores ácidas, porém elegantes.
Com essa obra, Kirchner propõe uma realidade pessimista e
violenta, quase chocante. A garota inspira ingenuidade, mas seus olhos, sob a
pesada maquiagem, deixam claro sua consciência corrupta e a aceitação de sua
condição. O ambiente rústico apresentado na obra de Munch aqui se torna
luxuoso, com almofadas e muitos objetos pendurados.
Existe uma outra lenda urbana que graça livremente e medra
pelas conversas, e é até plausível, mas que muito pouca gente chegou a
presenciar a cena. É o sujeito que pede um prato de comida em uma casa, a
pessoa diz que dará um prato de comida em troca da capina no quintal. O fim da
história é que o sujeito recusa a proposta dizendo que está pedindo uma esmola,
uma comida, um alimento, e não um emprego ou trabalho. o que redunda na
conclusão rasteira e reta de que se trata de um mero vagabundo e aproveitador.
Por partes.
O camarada, pra virar andarilho, pedinte, morador de rua,
deve ter passado por algum revés na vida. Foi abandonado, traído, teve algum trauma.
Drogou-se, está foragido ou coisa do gênero. Ou cansou da vida. Cansou do
chefe, cansou de dar explicações, cansou de esperar o que achava que não
precisava. E resolveu sair mundo afora. Sem compromisso.
Ou seja, esse vagabundo da lenda não é um trabalhador desafortunado
em busca de recolocação no mercado. É apenas uma pessoa com fome.
E o que surpreende mais ainda é a pessoa achar um
desaforo a recusa da oferta. Na verdade, ela poderia simplesmente dizer que não
dá comida pra vagabundo e pronto. Mas isso não é suficiente, precisa testar o
sujeito (ou seja, é uma pessoa que dispõe de tempo livre). E, normalmente, o
espírito cristão que move esse tipo de oferta estende um prato
cheio de arroz e alface murcha que sobrou da tele-entrega da noite anterior.
E você já pensou em capinar um pátio com a barriga roncando de fome enquanto aquela samaritana alma, de pés cruzados e robe de chambre, assiste o Vídeo Show?
Grupo formado em 1981, na cidade de Brasília, Os Paralamas do Sucesso tinha em sua
formação original Herbert Vianna (voz e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e Vital
Dias (bateria), que no ano seguinte, seria substituído por João Barone. Já no Rio de Janeiro, o grupo começou a se apresentar no circuito alternativo da
cidade. Foi em um desses espaços, o Western, no Humaitá, que Maurício
Valladares, então com um programa na Rádio Fluminense FM, de Niterói, pediu que
o grupo levasse uma fita demo à rádio, na qual constava "Vital e sua Moto", que rapidamente se tornou um sucesso da programação da rádio. Contratado pela EMI-Odeon, a banda lançou o primeiro disco em 1983, "Cinema Mudo", que continha, além de "Vital e sua Moto" - inspirada no primeiro baterista do grupo -, "Vovó Ondina é Gente Fina", em homenagem à avó de Bi Ribeiro, que cedia o
apartamento para os ensaios do grupo, ambas de Herbert Vianna, e "Química", do até então
desconhecido Renato Russo.
Em 1989, lança o disco Big Bang, e sobre ele está escrito no
site da banda:
O som de uma explosão pode ter vários significados, e neste
disco o principal deles talvez seja a consolidação de um Paralamas não mais de
três, mas de sete cabeças. Um bicho com a guitarra afiada e uma cozinha
neguinha até a última ponta (esteja a ponta no gueto de mundo em que estiver),
e também com um teclado detonador e o naipe de metais que ficou consagrado como
o mais sincronizado do Brasil.
O Brasil de 89, aliás, era um país que não sabia mais votar
para presidente, que não via no horizonte um fim para a hiperinflação, e que
tinha acabado de por fim à censura. Aaaargh! Por que não uma bomba como
solução? As letras provocativas de Herbert estavam longe de qualquer rabugice:
muito mais uma ode à malandragem de quem sobrevive e tira onda, de quem resiste
na boa. Daí o groove quente-pelando de baixo incansável e bateria toda
quebrada, com as levadas de um teclado nervoso e solos precisos de sax-trompete-trombone.
Suor de verão escorria, mesmo quando era hora de balada, ora mais bossa, ora
mais jazz – afinal, a lição da fossa tinha sido bem aprendida em “Bora Bora”.
Nada previsível, nem nada inatingível. O hit Lanterna dos
Afogados até hoje merece interpretações, e a audição dentro do disco inteiro só
amplia as possibilidades. Como disse o então titã Arnaldo Antunes no release da
época: “o pé que dança decodifica melhor o recado”.