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terça-feira, 31 de março de 2015

BREGA CHIQUE

Suely Brito de Miranda, a Sula Miranda, é cantora, apresentadora de televisão e escritora. Atingiu êxito a partir do final da década de 1980, cantando música sertaneja.

Começou sua carreira musical no grupo "As Mirandas", com suas irmãs Yara e Maria Odete (Gretchen), e mais tarde viraram o quarteto "As Melindrosas" com a inclusão da amiga Paula. O primeiro LP "Disco Baby" foi um enorme sucesso, alcançando a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

Sula iniciou carreira solo assinando contrato com a 3M do Brasil em julho de 1986, ano que lançou seu primeiro disco. Em outubro já era recorde de vendas. Ela veio no movimento de renovação que a música sertaneja estava tendo, o new sertanejo ou sertanejo-urbano, mistura da tradicional música caipira com toques de modernidade nos temas e na introdução de instrumental eletrônico.

Sula sabia que as pessoas que gostavam deste gênero musical, gostavam de ouvir falar da vida dos peões de boiadeiro e dos caminhoneiros e a maioria dos cantores e duplas sertanejas dedicavam faixas em seus discos a estas duas classes. Teve a felicidade de encomendar uma música a Joel Marques, compositor consagrado, e queria uma canção que falasse da vida da esposa do caminhoneiro. Este foi o segredo do sucesso e a empatia do público com a música "Caminhoneiro do Amor" foi imediata. Em dois meses, todas as rádios a estavam tocando. Dias depois do lançamento, as vendas lhe renderam um Disco de Ouro, com mais de 100 mil cópias vendidas e recebeu o título de "Rainha dos Caminhoneiros".


Caminhoneiro do Amor

Ele sai logo de madrugada e vai pegando a estrada com seu caminhão
Quase sempre me deixa dormindo e vai sumindo pela cerração
A carreta vai cortando o vento e ele passa o tempo só pensando em mim
Que espero morta de saudade que sua viagem logo chegue ao fim
E vai e vem não tem parada traz uma carga de saudade na chegada
E vem e vai mais uma jornada e a minha vida vai com ele nessa estrada

O caminho é sempre perigoso e ele é cuidadoso não pode arriscar
Suas mãos bem firmes no volante certeza constante de que vai chegar
Na vontade de voltar pra casa quase que põe asas em seu caminhão
Ele é o meu caminhoneiro e viaja o tempo inteiro no meu coração
E vai e vem não tem parada traz uma carga de saudade na chegada
E vem e vai mais uma jornada e a minha vida vai com ele nessa estrada

Quando chega é sempre aquela festa tudo o que nos resta é tempo de amar
Na alegria de sua chegada eu sou mais uma estrada pra ele trafegar
E nas curvas da felicidade a nossa saudade é coisa que passou
E me leva o meu caminhoneiro pelos sorrateiros caminhos do amor
E vai e vem não tem parada traz uma carga de saudade na chegada
E vem e vai mais uma jornada e a minha vida vai com ele nessa estrada


DE CINEMA

"Estou há 50 anos nesse ofício. Fiz filmes muito melhores do que os de agora. Parece que os diretores descobriram o macete de transformar um roteiro incipiente num filme medíocre, uma história banal conduzida por personagens igualmente banais. Há uma mistura ótima para o sucesso: atores e atrizes da TV fazendo caretas nas cenas de riso, vertendo lágrimas nas de emoção — dispara. — A indigência aumenta quanto mais se quer captar uns trocados da Lei Rouanet. Não é um cinema honesto. Falo de um modo geral. Ainda há quem faça cinema por necessidade de expressão, mas são poucos.

Trecho de entrevista do ator Paulo José ao jornal O Globo em 9 de março de 2015.

FRASE DO DIA

"O mundo só será bom no dia que todo o dinheiro acabar, mas que não me falte nenhum enquanto isso não acontece."
Tim Maia

segunda-feira, 30 de março de 2015

CLÁSSICOS PARA A VIDA ETERNA

BROTHER LOUIE (1973) STORIES

Sérgio Luiz Gallina


She was black as the night
Louie was whiter than white
Danger, danger when you taste brown sugar
Louie fell in love overnight
----
Nothing bad, it was good
Louie had the best girl he could
When he took her home
To meet his mama and papa
Louie knew just where he stood
----
Louie Louie Louie, Louie
Louie Louie Louie, Loui-I
Louie Louie Louie, Louie
Louie Louie you're gonna cry
----
There he stood in the night
Knowing what's wrong from what's right
He took her home to meet his mama and papa
Man, he had a terrible fright
----
Louie nearly caused a scene
Wishin' it was a dream
Ain't no diff'rence if you're black or white
Brothers, you know what I mean
----
Louie Louie Louie, Louie
Louie Louie Louie, Loui-I
Louie Louie Louie, Louie
Louie Louie you're gonna cry...

FRASE DO DIA

"O cigarro não provoca o câncer. O câncer, sim, é que vive provocando o cigarro."
Leon Eliachar

domingo, 29 de março de 2015

GALERIA DE NOTÁVEIS - SIDNEY POITIER

LEITURA DE DOMINGO

O Segredo da Propaganda é a Propaganda do Segredo

                 Leon Eliachar
Depois de tantos anos vendo televisão diariamente, chego a uma conclusão definitiva: é muito mais divertido e mais prático ver os anúncios. Enquanto as outras pessoas ficam aflitas tentando decorar os horários das novelas, das paradas de sucesso e dos chamados programas humorísticos, eu não tenho problema: ligo a televisão em qualquer canal e vejo os anúncios sem preocupação de horário. Vocês talvez achem que é loucura ver os mesmos anúncios diversas vezes, mas posso garantir que os anúncios variam muito mais que as piadas e as músicas que são servidas todos os dias. Pelo menos os anúncios são bem bolados, alguns até inteligentes. A técnica é chatear tanto até ficarem em nosso subconsciente — se é que alguém consegue ter subconsciente assistindo televisão.

Os refrigerantes, por exemplo: quase todos fazem as garrafas dançar na nossa frente e tocam uma musiquinha que chega a dar sede. Aí a gente não resiste: vai à geladeira e bebe um copo de água.

Mas bom mesmo é anúncio de sabonete: aparece cada moça bonita que vou te contar. E com uma grande vantagem, as moças não falam, só aparecem, ligam o chuveiro e ficam noivas dentro da espuma. Por mais que a gente saiba que aquilo é anúncio de sabonete, fica sempre aquela dúvida se um dia eles não vão resolver dar o nome daquele chuveiro ou, quem sabe, o telefone da moça.

Geniais mesmo são as geladeiras que duram toda a vida. Mas muito mais geniais são os textos garantindo que cabe tudinho dentro delas, mas acho que não têm tanta certeza, pois fazem questão de botar uma moça bem bonita pra mostrar a geladeira — e a gente tem é vontade de comprar a moça, mesmo sem o “certificado de garantia”.

E as televisões, baratíssimas, cada vez mais vendidas, dentro dos novos planos de venda. Ao invés de bolarem uma televisão mais perfeita, ficam é bolando planos de venda. No dia em que inventarem uma televisão que focalize a cara de um sujeito com menos de três orelhas, não precisam nem fazer anúncio: é só exibir, que esgota no mesmo dia.

Existe anúncio de todo tipo: tecidos que não amarrotam, tecidos que dão prêmios, tecidos que dão desconto, tecidos coloridos que são apresentados em preto-e-branco, tecidos brancos que ficam cada vez mais brancos à medida que vai surgindo um novo sabão em pó. Mas é o que eles pensam: o branco deles, lá em casa, todo mundo tá vendo que é cinza.
O mais engraçado são os anúncios de inseticidas que matam todos os insetos, menos as moscas do estúdio.

Anuncia-se também muita banha, muito pneu, muito perfume, muito sapato, muito automóvel, muita calça, muita bebida e muita pílula pra dor de cabeça. Parece até que um anúncio depende do outro — é como se fosse uma novela, com a vantagem de a gente sempre saber qual o final de cada anúncio. E não pensem que sou o único a achar os anúncios mais interessantes que os programas: os donos das emissoras também acham — senão não ocupavam a maior parte do tempo com anúncios. Nos intervalos é que colocam alguns programinhas — por absoluta falta de mais anúncios.

Reparem só: os programas de humor mostram o lado negativo das pessoas, os personagens são quase todos fossilizados, gagos, surdos, cegos, velhos borocochôs ou sem sexo definido. As novelas exploram seres anormais dentro de um mundo de misérias e lágrimas. Já os anúncios apresentam um mundo de otimismo, onde tudo é bom e saudável, não quebra, dura toda a vida e qualquer um pode adquirir quase de graça, pagando como puder, no endereço mais próximo da sua casa. O único detalhe que nos deixa um pouco frustrados é que a moça que dá os endereços fala tão preocupada em não errar que a gente não consegue decorar nenhum endereço. Em compensação, sabe de cor a moça todinha.

CURTA NO TOA - INÍCIO DO FIM


INÍCIO DO FIM

Sinopse: Um homem desiste.
Gênero: Ficção
Subgênero: Drama
Diretor: Gustavo Spolidoro
Elenco: Nilson Asp
Duração: 6 min     Ano: 2005     Formato: 35mm
País: Brasil     Local de Produção: RS
Cor: Colorido
Sinopse: Um homem desiste.

Fotografia: ABC, Mauro Pinheiro Jr
Roteiro: Gustavo Spolidoro
Direção de Arte: Luiz Roque
Empresa(s) produtora(s): Clube Silêncio
Edição de som: Cristiano Scherer
Produção Executiva: Camila Groch, Jaqueline Beltrame
Montagem: Milton do Prado
Música: Marcelo Fruet

FRASE DO DIA

"Todos os anões serão bastardos, mas nem todos os bastardos precisam ser anões."
Tyrion Lannister 

sábado, 28 de março de 2015

O CAMPO DE CORRIDAS

Em O Campo de Corridas, de Edgar Degas, as amplas extensões da pista funcionam como um esparso fundo para o tema e as formas. A multidão que se encotra a meia distância não aparece com nitidez, o que transfere a atenção do espectador para o que está acontecendo no primeiro plano. A composição de Degas é inusitadas, como figuras mais próximas à direita, quase fora do campo de visão, diante dos cavalos e dos jóqueis.



Nenhum dos elementos da pintura interage entre si ou mesmo com o espectador, mas a atmosfera partilhada é de antecipação. A dama na carruagem e seu chapéu enfeitado se sobressaem, mas ela está virada para as montarias que os jóqueis tentam controlar.

A tentativa do pintor é capturar os momentos que antecedem ou sucedem o evento principal. Para isso ele usa elementos desorganizados da cena, muitas vezes compostos a partir de esboços, para explorar as formas de cavalos, jóqueis e carruagens e retratar o ambiente das corridas.

3 DETALHES DE O CAMPO DE CORRIDAS SE DESTACAM:

1. JÓQUEI E CAVALO:

Degas pinta os detalhes do rosto, das mãos e das botas do jóquei à esquerda em cores que combinam com o tom castanho do cavalo no qual ele está montado.

2. REPETIÇÃO DO AMARELO:

O amarelo do casaco e do bone do jóquei à esquerda se repete em outros pontos da obra, como, por exemplo, nas rodas da carruagem, no boné do jóquei ao centro e no chapéu da dama;

3. JÓQUEI DE BONÉ VERMELHO:

A figura de boné vermelho tem características faciais próprias e detalhes mais elaborados nas roupas. O objetivo com isso é captar a atenção do observador por alguns instantes.

FICHA TÉCNICA - O CAMPO DE CORRIDAS:

Autor: Edgar Degas
Onde ver: Museu d'Orsay, Paris, França
Ano: 1876 - 1887
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 66cm x 81cm

Movimento: Impressionismo

COVER DO SÁBADO

Caravan é um standard de jazz composto por Juan Tizol e gravado pela primeira vez por Duke Ellington em 1936. Irving Mills escreveu uma letra que raramente é executada. Woody Allen usou a canção em dois de seus filmes, "Alice" e "Sweet and Lowdown". A música também é utilizada no filme Whiplash, de 2014, como um importante elemento da trama. Os Mills Brothers gravaram uma versão à cappela, fazendo os sons dos instrumentos com as suas vozes. Há mais de 350 gravações desta canção.


Em 1995, o grupo Chicago lançou o álbum Night & Day: Big Band, só com sucessos da era das big bands e do swing, e Caravan faz parte do repertório. O disco marca a saída do grupo da gravadora Reprise e a estreia em sua prórpa gravadora, a Chicago Records, com distribuição da Warner Music. O disco contou com a participação, entre outros, do guitarrista Joe Perry, do Aerosmith, e do pianista Paul Shaffer.

O álbum alcançou a posição número 90 nos EUA na parada Billboard 200.

wikipedia

FRASE DO DIA

"Nem de amores eu morreria, porque eu gosto mesmo é de viver deles."
Leila Diniz

sexta-feira, 27 de março de 2015

MÚSICA NA SEXTA

Luis Otávio de Melo Carvalho, o Tavito, nasceu em Belo Horizonte, em 1948.

Aos 13 anos de idade, ganhou seu primeiro violão. Autodidata, logo em seguida começou a participar de serenatas e a atuar em festas em sua cidade natal, além de compor suas primeiras canções. É companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nélson Ângelo. Em 1965, conheceu Vinicius de Moraes, que se encantou com a sua performance ao violão. Foi, então, convidado pelo poeta para acompanhá-lo em alguns shows pela cidade de Belo Horizonte (MG). Cursou o 1º ano de Desenho Industrial na Universidade Mineira de Arte, mas abandonou os estudos decidindo-se pela profissão de músico. Mudou-se, então, para o Rio de Janeiro, passando a trabalhar como professor de violão.

Em 1970 foi convidado por Milton Nascimento para formar uma banda que acompanhasse o cantor e compositor em shows. Nasceu o Som Imaginário, integrado também por Wagner Tiso, o festejado, risonho e feliz Robertinho Silva, Luís Alves, Zé Rodrix, Frederyko e Laudir de Oliveira (mais tarde substituído por Naná Vasconcelos). Ainda em 1970, o grupo defendeu a canção "Feira Moderna" no V Festival Internacional da Canção (TV Globo), classificando-a em 6º lugar. Gravou três LPs com o conjunto. Nessa época, começou a compor com Mariozinho Rocha, Eduardo Souto Neto e Zé Rodrix.

Em 1979, por indicação de Fernando Adour, gravou seu primeiro LP como cantor solista, "Tavito", lançado no ano seguinte pela gravadora CBS. O disco incluiu "Rua Ramalhete", canção bastante executada e que remete à sua antiga admiração pelo conjunto The Beatles.


Rua Ramalhete
Tavito/ Ney Azambuja

Sem querer fui me lembrar
De uma rua e seus ramalhetes,
O amor anotado em bilhetes,
Daquelas tardes.

No muro do Sacré-Coeur,
De uniforme e olhar de rapina,
Nossos bailes no clube da esquina,
Quanta saudade!

Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar no seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido,
Vamos deixar tudo rolar;
E o som dos Beatles na vitrola.

Será que algum dia eles vêm aí
Cantar as canções que a gente quer ouvir?

Nota da Redação: No site de Tavito há uma descrição da Rua Ramalhete: era uma ruazinha de Belo Horizonte composta de um quarteirão só e terminava num córrego cristalino. A rua era povoada por moças, lindas todas, naquela idade em que se adolesce – e o coração dos moços adoece. Não havia trânsito de automóveis na Rua Ramalhete. Aos domingos, as meninas estendiam a rede de vôlei de lado a lado, jogava-se o dia inteiro, e os carros que se danassem. As noites sempre eram sonorizadas por rodas de violão entremeadas de castos namoricos furtivos. Aos sábados, festinhas onde se dançava coladinho ao som da boa música da época, Beatles e bossa-nova, Luiz Eça e Herman's Hermits. Isso tudo ficava a poucos quarteirões do vetusto Colégio Sacré Coeur de Marie, severo que só, com suas freiras de cenho franzido e hábitos negros como a noite negra. Esse trajeto Sacré Coeur / Rua Ramalhete constituía o dia-a-dia de Tavito e sua turminha de garotos normais, na fase mais doce da vida, tão doce que às vezes não nos apercebemos dela – a não ser anos mais tarde. Nesse território, Tavito e seu violão eram absolutos.

Com Dicionário Cravo Albin

FORA DILMA!

A "empresária" que tirou a roupa no protesto contra o governo vai posar nua para uma revista. 

A moça, que não cozinha na primeira fervura, conseguiu seus 15 minutos de fama e foi transformada em musa do movimento ao mostrar as mamicas durante a manifestação em São Paulo.

“Eu não vou querer nada escancarado, mas é surpresa. Acho que vai chocar muito a sociedade. Vai ser bafão”, disse.

Já imagino, pelo fervor ideológico demonstrado pela rapariga no protesto, que vai ser um ensaio essencialmente político. Algo como a nudez a serviço do liberalismo sufocado pela ingerência coercitiva do poder do estado.

Avante!

FRASE DO DIA

"Penso, com pessimismo, que o cinema brasileiro continua a fazer o pior cinema brasileiro do mundo."
Paulo José

quinta-feira, 26 de março de 2015

CORREIO DO CORVO

Jorge Loredo (Zé Bonitinho)
(07/05/1925 - 26/03/2015)

ÁLBUM DA QUINTA

CARMO - 1977 - EGBERTO GISMONTI

Décimo primeiro álbum do compositor, cantor e multinstrumentista Egberto Gismonti, lançado originalmente em 1977. Carmo é o nome da sua cidade natal.


Carmo chega depois de "Academia de Danças" (1974), "Corações Futuristas" (1975) e "Dança das Cabeças" (1976), discos voltados para a música instrumental, nos quais contou basicamente com a colaboração de um trio central, formado por Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (baixo) e Nivaldo Ornellas (sax e flauta), nos dois primeiros, e com o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos, no terceiro.


O disco é uma espécie de volta às origens do compositor carioca, no qual ele homenageia sua cidade natal e os personagens que fizeram parte de sua formação como pessoa e músico, como o seu tio Edgar Gismonti.

O trio central perdeu Nivaldo Ornellas, substituído por Mauro Senise. Das onze músicas que compõem o álbum, seis são parcerias com Geraldo Carneiro. Wanderléa, Joyce, Marlui Miranda e Christiane Legrand fazem as vozes femininas.


Lado 1
01 - Baião Malandro (Egberto Gismonti)
02 - Café (Egberto Gismonti)
03 - Educação Sentimental
04 - Apesar de Tudo (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro)
05 - Bodas de Prata (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro)

Lado 2
01 - Raga (Egberto Gismonti)
02 - Feliz Ano Novo (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro)
03 - Calypso (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro
04 - As Primaveras (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro)
05 - Cristiana (Egberto Gismonti)
06 - Carmo (Egberto Gismonti - Geraldo Carneiro)
.... - Hino do Carmo (Edgar Gismonti)
.... - Ruth (Egberto Gismonti)


Egberto Gismonti - piano, electric piano, acoustic guitar, synthesizers, kalimba, voice
Robertinho Silva - drums, percussion
Mauro Senise - soprano sax, G flute
Valdecir - electric bass
Esdras Ferreira (Neném) - cuica
Bira da Silva - percussion
José Carlos Ramo - G flute
J. T. Meirelles - C flute
Celso Woltzenlongel - flute bass
Bijú (Moacir M. dos Santos) - clarone
Luiz Alves - contrabass
Sandrino Santoro - contrabass
Jaime - C flute
Wanderléa - voz (3a)
Joyce - voz (4a)
Marlui Miranda - voz (3b)
Christiane Legrand - voz (5b)

Flautim - Copinha, Jorginho da Flauta
Viola - Adolpho Pissarenko, Arlindo Figueiredo Penteado, José Dias de Lana, Nelson de Macedo
Cello - Alceu de Almeida Reis, Ana Bezerra de Mello Devos, Giorgio Bariolla, Peter Dauelsberg
Violin - Aizik Meilach Geller, Alfredo Vidal,André Charles Guetta, Carlos Eduardo Hack, Giancarlo Pareschi,João Daltro de Almeida, José Alves da Silva, Walter Hack,Marcelo Pompeo, Nathercia Teixeira da Silva, Paschoal Perrota, Salvador Piersanti

FRASE DO DIA

"Eu nunca quis ser famoso. Eu só queria ser grandioso."
Ray Charles

quarta-feira, 25 de março de 2015

MEDO

Recebo uma mensagem de Bebeto Mohr:

Acabei de ver e ouvir na TV Record (Rio Grande Record) que a temperatura vai "desabar". PQP!!!  Se tem uma coisa que me dá medo é estar na rua e a temperatura "desabar". Imagina só...  acho que amanhã não boto a cara na rua... 

Pouco depois, outra mensagem:

Carai! Não é desabar, eu me enganei. É pior ainda!! A apresentadora falou "despencar"!!! Puta merda, agora sim tô me borrando nas bombacha...

CRIATURAS QUE O MUNDO ESQUECEU

Earl Stephen Bishop (4 de novembro de 1951, San Diego, Califórnia) é cantor, compositor, guitarrista e ator.

É autor de vários sucessos, como "Everybody Needs Love", "Something New in My Life" e "It Might Be You", tema do filme Tootsie. Foi também intérprete de vários temas de filmes, como National Lampoon, que ele canta em falsete. Também faz uma ponta no filme como o cantor folk que tem a guitarra quebrada por John Belushi.

Sua canção "Separate Lives", cantada por Phil Collins e Marilyn Martin, do filme Noites Brancas, foi indicada para o Oscar de Melhor Canção Original em 1986, perdendo para "Say You, Say Me" (Lionel Richie) do mesmo filme.


Em 1989, ele lançou seu quinto álbum, chamado "Bowling in Paris", com participação de Phil Collins (co-produtor e músico), Eric Clapton, Sting, Steve Lukather, Ronnie Caryl, Michael Omartian, Mo Foster, Adrian Lee e outros.

O maior sucesso de Stephen Bishop, entretanto, é a canção "On and On", que atingiu as primeiras posições da parada nos EUA em 1977 e foi regravada por dezenas de outros artistas.

wikipedia

GRANDES FRASES DE GRANDES FILMES

"Money never sleeps!"

(O dinheiro nunca dorme!)
Gordon Gekko (Michael Douglas) - Wall Street  (Poder e Cobiça) - 1987

FRASE DO DIA

"Mau gosto é simplesmente dizer a verdade antes que devessem ser ditas."
Mel Brooks

terça-feira, 24 de março de 2015

DE RÁDIO

Sujeito entra rasgando, entusiasmadíssimo, em comentário gravado num programa matinal de rádio: "Acabou o mistério! A Chrysler finalmente divulgou o preço do Jeep Renegade para o mercado brasileiro!"

Tô bem mais tranquilo agora.

CHATO PRA COMER

Está passando no GNT mais uma temporada do programa do Chef Claude Troisgros. A empreitada se chama “chato pra comer”. A proposta do programa é que pessoas consideradas por seus pares como “chatas pra comer” sejam convencidas a comer alguma coisa que não gostam.

E é engraçada essa denominação de “chato pra comer”, já que o “chato pra comer” não chateia ninguém, ele simplesmente não come. Os outros é que se incomodam por ele não comer determinada coisa.

Eu, por exemplo, sou considerado chato pra comer porque não gosto de carne crua. Nem sangrando. E se por acaso vou a algum lugar onde me apresentam carne crua eu sorrio, agradeço e digo que está ótimo. Apenas não como. (Lembro do Comandante Rolim: diga sim e faça não!) Mas isso não é suficiente. O “chato pra comer” é fiscalizado implacavelmente. E é tratado como um retardado: “Não está crua, é o suco da carne.” Quem quiser chamar sangue de suco que chame. E lambuze seu prato e sua maionese no sangue (quem come carne crua come muita maionese). E coma tudo. Mas não queira me convencer de que eu preciso comer uma coisa que eu não gosto. Ou simplesmente não quero comer.

Da mesma forma que alguém diz que não gosta de ovelha, ou de lentilha e sempre escuta: “Não souberam preparar pra ti!”. Ou seja, é impossível não gostar de uma coisa que o sujeito gosta.

E agora nós, os seletivos, que escolhemos o que comemos, que comemos o que gostamos, somos considerados oficial e publicamente “chatos pra comer”. Chacoteados e ridicularizados em canal pago. Que assim seja! Chatos pra comer de todo o mundo: uni-vos!

DE JORNAL

Em ZH:

Falha mecânica pode ter causado queda, apontam especialistas

Mas esse povo precisa consultar "especialistas" pra ouvir isso?

BREGA CHIQUE

Nascido em 1952, em Concórdia (SC), Walter Basso mudou-se para Marechal Cândido Rondon aos 6 anos de idade. Começou a trabalhar em 1968 na Rádio Difusora como sonoplasta, mas exerceu diversas funções durante o tempo em que esteve ligado à emissora.

Walter Basso sempre demonstrou muito interesse pela música, fazendo muito sucesso em bailes de todo o sul do país com o grupo Os Fronteiristas, que já no início da década de 1970 viria a se chamar Os Wikings.

Em 1972, o conjunto gravou em de São Paulo um compacto duplo, o qual trazia a canção “Castelo de Sonhos”, que cinco anos depois iria abrir os caminhos para um contrato com uma grande gravadora da capital paulista.

Despontava então nas paradas musicais a faixa “Castelo de Sonhos”, sucesso em todo o Brasil, que foi regravada em 25 versões em português e até em espanhol, por nomes de destaque como Pedro Bento & Zé da Estrada.

Toda esta repercussão positiva lhe garantiu o disco de ouro pela venda de um milhão de cópias, recebido ao vivo no “Programa do Bolinha”, capitaneado pelo apresentador Edson Cury. Ao todo, Walter Basso gravou seis álbuns (LP) e oito compactos entre simples e duplos. 


Eu hoje estive pensando
No que eu posso fazer
Para você perceber
O amor que eu tenho em você
Eu já gostei muitas vezes
Até brinquei com o amor
E já não quero mais nada
E vivo só para amar você

Do meu castelo de sonhos você é a rainha
Do céu sem estrelas você vive a bailar
Eu te amo meu bem mais que a minha vida
Só não posso viver sem o teu olhar

Eu sempre busco em meus sonhos
Aquele seu lindo olhar
Para a saudade em meu peito
Poder então se afastar
Mas quando acordo a tristeza
Volta comigo a morar
Vivendo sem seus carinhos
A minha vida é chorar meu bem

Do meu castelo de sonhos...

A minha estrada sem flores
Na solidão dos meus dias
A vida sem alegria
Parece até terminar
O dia passa e a noite
Chega pra mim a chorar
Eu sem você não existo
E vou gritando a contar meu bem

Do meu castelo de sonhos...

FRASE DO DIA

"Foi por isso que tive filhos: para um dia ficar longe deles."
Stan Smith

segunda-feira, 23 de março de 2015

FRUTAS

Os tempos, decididamente, são outros. Quando a gente pisca o olho, percebe que as coisas mudaram e de alguma maneira se parou no tempo.

Fui ao supermercado no final de semana e - entre outras coisas - queria comprar alface. Uma prosaica alface. Não é mais uma tarefa simples. Não me refiro a escolher a mais bonita, com menos minhocas etc. Falo de escolher a variedade da alface. Achei alface americana, mimosa, roxa, crespa, mini, hidropônica, orgânica e todas as combinações entre elas. Eu queria uma alface simples, sem sobrenome. Não achei. Peguei a que mais se assemelhava às alfaces de outrora.

Não estava interessado em comprar fruta nenhuma, mas comecei a reparar na quantidade de frutas que não existiam quando eu era criança: lichia, kiwi, avocato, pitaia, kino, físalis. E, claro, maçãs e peras de todas nacionalidades e adjetivos para algumas frutas, como mamão formosa e outros nem tão airosos assim: melão pele de sapo.

Ir no supermercado não é mais uma tarefa para inocentes. Eu envelheço, eu envelheço...

Nota da Redação: Fui procurar a origem de algumas dessas frutas que vi no supermercado. A descrição que achei para “físalis” é, no mínimo, curiosa: “A físalis tem toda pinta dessas que só existem em outros países. Mas basta uma viagem pela Amazônia para você experimentá-la. E, não se confunda: no norte do Brasil, o nome desta fruta amarela e delicada é camapu. Seu sabor é adocicado e cítrico.” Basta uma viagem a Amazônia, logo ali, e tudo certo. É só não se confundir no meio da selva.

IMPORTANTE

CLÁSSICOS PARA A VIDA ETERNA

ANOTHER SLEEP SONG (1974) GRAHAM NASH

Sérgio Luiz Gallina


All is need is someone to awaken me
Much of me has gone to sleep and I'm afraid to wake up
Shake me by the shoulder if I'm lying with you now
When I talk about the time I sleep away
When it's hard to face the day
----
When I think of all the love that's taken me
How much do I get to keep and much should I give up?
Shake me by the shoulder if I'm lying to you now
I'm listening to the lies inside my head
Who can hurt you in your bed?
----
Fear of other people is a thing I hate
I travel in a bubble and I can't relate
Something is happening to my head
I don't want to hurt you
But I never heard a word you said
----
Has this empty hollow heart forsaken me?
I wonder if I'll ever get to feel like I did before I grew up
Shake me by the shoulder if I'm lying with you now
There is no time to waste another day
Cause we watch them fly away
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FRASE DO DIA

"Ser da classe média é achar Godard o máximo."
Paulo Francis

domingo, 22 de março de 2015

GALERIA DE NOTÁVEIS - JAMES STEWART

CORREIO DO CORVO

Cláudio Marzo
 (26/09/1940 - 22/03/2015)

CURTA NO TOA


DO FUNDO DO BAÚ

Baretta foi um seriado americano transmitido pela rede de TV ABC, de 17 de Janeiro de 1975 a 18 de Maio de 1978.

Tony Baretta era um detetive do Estado da Califórnia, que morava no apartamento 2-C de um hotel, com seu Cacatua (espécie de papagaio originário da Oceania) chamado Fred.



Ele era um profissional pouco convencional que levava uma vida excêntrica. Devido ao seu modo de vida, Baretta sempre se recusava trabalhar com parceiros e resolvia seus casos através de informantes de rua, como o personagem Galo, interpretado por Michael D. Roberts, responsável por grande parte do humor da série. Baretta era muito bom em disfarces, que usava para se infiltrar nas gangues da cidade e desvendar os mais diversos crimes.



A série foi uma versão mais suave de uma outra bem-sucedida da rede de TV ABC, Toma, que foi ao ar nos anos 1973 e 1974, estrelada por Tony Musante como um policial de Nova Jersey, que gostava de se disfarçar. Apesar de popular, o seriado Toma recebeu intensas críticas na época por sua representação realista e a freqüente exibição da violência policial e criminal. Quando Musante deixou a série após uma única temporada, o conceito foi refeito como Baretta, com Robert Blake no papel principal.

wikipedia

LEITURA DE DOMINGO

Homem que é homem

     Luis Fernando Verissimo
Homem que é Homem não usa camiseta sem manga, a não ser para jogar basquete. Homem que é Homem não gosta de canapés, de cebolinhas em conserva ou de qualquer outra coisa que leve menos de 30 segundos para mastigar e engolir. Homem que é Homem não come suflê. Homem que é Homem — de agora em diante chamado HQEH — não deixa sua mulher mostrar a bunda para ninguém, nem em baile de carnaval. HQEH não mostra a sua bunda para ninguém. Só no vestiário, para outros homens, e assim mesmo, se olhar por mais de 30 segundos, dá briga.

HQEH só vai ao cinema ver filme do Franco Zeffirelli quando a mulher insiste muito, e passa todo o tempo tentando ver as horas no escuro. HQEH não gosta de musical, filme com a Jill Clayburgh ou do Ingmar Bergman. Prefere filmes com o Lee Marvin e Charles Bronson. Diz que ator mesmo era o Spencer Tracy, e que dos novos, tirando o Clint Eastwood, é tudo veado.

HQEH não vai mais a teatro porque também não gosta que mostrem a bunda à sua mulher. Se você quer um HQEH no momento mais baixo de sua vida, precisa vê-lo no balé. Na saída ele diz que até o porteiro é veado e que se enxergar mais alguém de malha justa, mata.

E o HQEH tem razão. Confesse, você está com ele. Você não quer que pensem que você é um primitivo, um retrógrado e um machista, mas lá no fundo você torce pelo HQEH. Claro, não concorda com tudo o que ele diz. Quando ele conta tudo o que vai fazer com a Feiticeira no dia em que a pegar, você sacode a cabeça e reflete sobre o componente de misoginia patológica inerente à jactância sexual do homem latino. Depois começa a pensar no que faria com a Feiticeira se a pegasse. Existe um HQEH dentro de cada brasileiro, sepultado sob camadas de civilização, de falsa sofisticação, de propaganda feminina e de acomodação. Sim, de acomodação. Quantas vezes, atirado na frente de um aparelho de TV vendo a novela das 8 — uma história invariavelmente de humilhação, renúncia e superação femininas — você não se perguntou o que estava fazendo que não dava um salto, vencia a resistência da família a pontapés e procurava uma reprise do Manix em outro canal? HQEH só vê futebol na TV. Bebendo cerveja. E nada de cebolinhas em conserva! HQEH arrota e não pede desculpas.

Se você não sabe se tem um HQEH dentro de você, faça este teste. Leia esta série de situações. Estude-as, pense, e depois decida como você reagiria em cada situação. A resposta dirá o seu coeficiente de HQEH. Se pensar muito, nem precisa responder: você não é HQEH. HQEH não pensa muito!

Situação 1

Você está num restaurante com nome francês. O cardápio é todo escrito em francês. Só o preço está em reais. Muitos reais. Você pergunta o que significa o nome de um determinado prato ao maître. Você tem certeza que o maître está se esforçando para não rir da sua pronúncia. O maître levará mais tempo para descrever o prato do que você para comê-lo, pois o que vem é uma pasta vagamente marinha em cima de uma torrada do tamanho aproximado de uma moeda de um real, embora custe mais de cem. Você come de um golpe só, pensando no que os operários são obrigados a comer. Com inveja. Sua acompanhante pergunta qual é o gosto e você responde que não deu tempo para saber. 0 prato principal vem trocado. Você tem certeza que pediu um "Boeuf à quelque chose" e o que vem é uma fatia de pato sem qualquer acompanhamento. Só. Bem que você tinha notado o nome: "Canard melancolique". Você a princípio sente pena do pato, pela sua solidão, mas muda de idéia quando tenta cortá-lo. Ele é um duro, pode agüentar. Quando vem a conta, você nota que cobraram pelo pato e pelo "boeuf' que não veio. Você: a) paga assim mesmo para não dar à sua acompanhante a impressão de que se preocupa com coisas vulgares como o dinheiro, ainda mais o brasileiro; b) chama discretamente o maître e indica o erro, sorrindo para dar a entender que, "Merde, alors", estas coisas acontecem; ou c) vira a mesa, quebra uma garrafa de vinho contra a parede e, segurando o gargalo, grita: "Eu quero o gerente e é melhor ele vir sozinho!

Situação 2

Você foi convencido pela sua mulher, namorada ou amiga — se bem que HQEH não tem "amigas", quem tem "amigas" é veado — a entrar para um curso de Sensitivação Oriental. Você reluta em vestir a malha preta, mas acaba sucumbindo. O curso é dado por um japonês, provavelmente veado. Todos sentam num círculo em volta do japonês, na posição de lótus. Menos você, que, como está um pouco fora de forma, só pode sentar na posição do arbusto despencado pelo vento.

Durante 15 minutos todos devem fechar os olhos, juntar as pontas dos dedos e fazer "rom", até que se integrem na Grande Corrente Universal que vem do Tibete, passa pelas cidades sagradas da Índia e do Oriente Médio e, estranhamente, bem em cima do prédio do japonês, antes de voltar para o Oriente. Uma vez atingido este estágio, todos devem virar para a pessoa ao seu lado e estudar seu rosto com as pontas dos dedos. Não se surpreendendo se o japonês chegar por trás e puxar as suas orelhas com força para lembrá-lo da dualidade de todas as coisas. Durante o "rom" você faz força, mas não consegue se integrar na grande corrente universal, embora comece a sentir uma sensação diferente que depois revela-se ser câimbra. Você: a) finge que atingiu a integração para não cortar a onda de ninguém; b) finge que não entendeu bem as instruções, engatinha fazendo "rom" até o lado daquela grande loura e, na hora de tocar o seu rosto, erra o alvo e agarra os seios, recusando-se a soltá-los mesmo que o japonês quase arranque as suas orelhas; c) diz que não sentiu nada, que não vai seguir adiante com aquela bobagem, ainda mais de malha preta, e que é tudo coisa de veado.

Situação 3

Você está numa daquelas reuniões em que há lugares de sobra para sentar, mas todo mundo senta no chão. Você não quis ser diferente, se atirou num almofadão colorido e tarde demais descobriu que era a dona da casa. Sua mulher ou namorada está tendo uma conversa confidencial, de mãos dadas, com uma moça que é a cara do Charlton Heston, só que de bigode. O jantar é à americana e você não tem mais um joelho para colocar o seu copo de vinho enquanto usa os outros dois para equilibrar o prato e cortar o pedaço de pato, provavelmente o mesmo do restaurante francês, só que algumas semanas mais velho. Aí o cabeleireiro de cabelo mechado ao seu lado oferece:

— Se quiser usar o meu...

— O seu...? 

— Joelho. 

— Ah...

— Ele está desocupado. 

— Mas eu não o conheço.

— Eu apresento. Este é o meu joelho. 

— Não. Eu digo, você...

— Eu, hein? Quanta formalidade. Aposto que se eu estivesse oferecendo a perna toda você ia pedir referências. Ti-au.

Você: a) resolve entrar no espírito da festa e começa a tirar as calças; b) leva seu copo de vinho para um canto e fica, entre divertido e irônico, observando aquele curioso painel humano e organizando um pensamento sobre estas sociedades tropicais, que passam da barbárie para a decadência sem a etapa intermediária da civilização; ou c) pega sua mulher ou namorada e dá o fora, não sem antes derrubar o Charlton Heston com um soco.

Se você escolheu a resposta a para todas as situações, não é um HQEH. Se você escolheu a resposta b, não é um HQEH. E se você escolheu a resposta c, também não é um HQEH. Um HQEH não responde a testes. Um HQEH acha que teste é coisa de veado.

Este país foi feito por Homens que eram Homens. Os desbravadores do nosso interior bravio não tinham nem jeans, quanto mais do Pierre Cardin. O que seria deste pais se Dom Pedro I tivesse se atrasado no dia 7 em algum cabeleireiro, fazendo massagem facial e cortando o cabelo à navalha? E se tivesse gritado, em vez de "Independência ou Morte", "Independência ou Alternativa Viável, Levando em Consideração Todas as Variáveis!"? Você pode imaginar o Rui Barbosa de sunga de crochê? O José do Patrocínio de colant? 0 Tiradentes de kaftan e brinco numa orelha só? Homens que eram Homens eram os bandeirantes. Como se sabe, antes de partir numa expedição, os bandeirantes subiam num morro em São Paulo e abriam a braguilha. Esperavam até ter uma ereção e depois seguiam na direção que o pau apontasse. Profissão para um HQEH é motorista de caminhão. Daqueles que, depois de comer um mocotó com duas Malzibier, dormem na estrada e, se sentem falta de mulher, ligam o motor e trepam com o radiador. No futebol HQEH é beque central, cabeça-de-área ou centroavante. Meio-de-campo é coisa de veado. Mulher do amigo de Homem que é Homem é homem. HQEH não tem amizade colorida, que é a sacanagem por outros meios. HQEH não tem um relacionamento adulto, de confiança mútua, cada um respeitando a liberdade do outro, numa transa, assim, extraconjugal mas assumida, entende? Que isso é papo de mulher pra dar pra todo mundo. HQEH acha que movimento gay é coisa de veado.

HQEH nunca vai a vernissage.

HQEH não está lendo a Marguerite Yourcenar, não leu a Marguerite Yourcenar e não vai ler a Marguerite Yourcenar.

HQEH diz que não tem preconceito mas que se um dia estivesse numa mesma sala com todas as cantoras da MPB, não desencostaria da parede.

Coisas que você jamais encontrará em um HQEH: batom neutro para lábios ressequidos, pastilhas para refrescar o hálito, o telefone do Gabeira, entradas para um espetáculo de mímica.

Coisas que você jamais deve dizer a um HQEH: "Ton sur ton", "Vamos ao balé?", "Prove estas cebolinhas".

Coisas que você jamais vai ouvir um HQEH dizer: "Assumir", "Amei", "Minha porção mulher", "Acho que o bordeau fica melhor no sofá e a ráfia em cima do puf".

Não convide para a mesma mesa: um HQEH e o Silvinho.

HQEH acha que ainda há tempo de salvar o Brasil e já conseguiu a adesão de todos os Homens que são Homens que restam no país para uma campanha de regeneração do macho brasileiro.

Os quatro só não têm se reunido muito seguidamente porque pode parecer coisa de veado.

Texto extraído do livro "As mentiras que os homens contam, Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 89.