Sim, a avalanche da torcida envolve um risco. Mas em anos e anos com os torcedores descendo em desabalada carreira as arquibancadas do velho Olímpico, nenhum acidente de grande repercussão foi registrado. Ninguém foi esmagado no muro, que mesmo após décadas ali, no mesmo lugar, suportou sem sustos a pressão da massa ensandecida pela catarse de um gol do Grêmio. Futebol não é ópera, e sim festa do povo. Estádio não é teatro, para "arenas" de comportadinhos, mas o local sagrado no qual os homens deixam de lado algumas regras sociais para mergulhar de cabeça em sua paixão.




Sim, um acidente aconteceu na avalanche de alegria, do alívio pelo golaço de Elano, o da sobrevivência na Libertadores. Algo precisa ser feito. Que tal levar o velho muro do Olímpico para a nova casa tricolor? Ou, claro, construírem um alambrado mais forte, adequado para suportar a pressão dos torcedores que ali se aglomeram para celebrar um tento? Há soluções que possam dar segurança sem tirar a liberdade, e elas não parecem tão complexas. Mas existe uma avalanche mais constante e perigosa, a do maldito politicamente correto, da caretice que abafa a espontaneidade das pessoas, dos torcedores. E isso vai matar aos poucos nosso futebol.

Entre buscar uma solução e proibir, eles preferem o caminho mais fácil, o do veto, que agrada a parcela da sociedade, acostumada com isso, que concorda com essa política restritiva que encapa os incompetentes. Clássicos com uma torcida para a polícia não ter tanto trabalho, estádios sem cerveja, como se as pessoas não bebessem do lado de fora, bandeiras vetadas, empobrecendo o espetáculo, como se elas fossem armas e não símbolos de amor pelo clube... São várias as medidas proibitivas nesse bloco cretino que avança sobre as legítimas manifestações do povo.

Sou favorável ao fim da "avalanche", não a dos gremistas, mas essa do politicamente correto, da caretice que está matando o futebol. Tudo pela festa, pela preservação de nossa identidade! Sem a imposição do modelo europeu, especialmente o formato teatral, monótono, frio adotado pelos ingleses. De tudo o que eles fazem por lá há muito o que seguir, copiar, menos esse comportamento obrigatório baseado na caretice de uma cancha sem bandeiras, papel picado, luzes e coreografias. O futebol precisa ser salvo desses pulhas que trabalham pelo seu fim.

Abaixo, vídeo da primeira avalanche na nova casa do Grêmio, contra o Hamburgo, sem incidentes. Clique aqui e leia ótimo artigo de Antero Greco sobre a onda de proibições que assola o Brasil.