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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

MÚSICA NA SEXTA

Clara “Nunes” Francisca Gonçalves Pinheiro nasceu em 1942, em MG.

Em 1952, ainda menina, ganhou o primeiro prêmio como cantora (um vestido azul), interpretando "Recuerdos de Ypacaraí", no concurso organizado por Joãozinho da Farmácia. Aos 16 anos, já morando em Belo Horizonte, conheceu o violonista Jadir Ambrósio (compositor do 'Hino do Cruzeiro'), que, admirado com a voz da menina, levou-a a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual se apresentou com o nome de Clara Francisca.

No início da década de 1960, conheceu também Aurino Araújo (irmão de Eduardo Araújo), que a levou para conhecer muitos artistas e foi seu namorado por dez anos. Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes (sobrenome da mãe), foi a vencedora do concurso "A voz de ouro ABC", na fase mineira, com a música de Vinícius de Moraes "Serenata do adeus", gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Logo depois, com a  música "Só adeus", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, obteve o 3º lugar na finalíssima realizada em São Paulo. Por essa época, foi contratada pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Trabalhou como crooner de boates, e teve como baixista Milton Nascimento, na época, conhecido como Bituca. Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Na época, apareceu pela primeira vez na televisão, no programa de Hebe Camargo, em Belo Horizonte.

Logo depois, em 1963, iniciou um programa na TV Itacolomi, "Clara Nunes Apresenta", que foi ao ar por um ano e meio, no qual se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, como Altemar Dutra e Ângela Maria, entre outros. Em 1966, lança “A voz Adorável de Clara Nunes”.

Em 1976, gravou o LP "Canto das Três Raças". A faixa-título, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro (seu marido), grande sucesso da cantora, abre o disco. No ano seguinte, inaugurou o Teatro Clara Nunes com o show "Canto das Três Raças".

As “três raças”, segundo Pinheiro, em História das Minhas Canções, são as de sua genética e “fundamentais nesse país mestiço”: europeia, índia e negra. O canto triste seria o aperto de saudade do branco colonizador, o banzo africano e a dolência nativa. Durante muito tempo Paulo César Pinheiro quis que "Canto das Três Raças" fosse samba-enredo da Portela.


Canto das três raças
Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro

Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil. 
Um lamento triste sempre ecoou 
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou. 

Negro entoou um canto de revolta pelos ares 
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou. 
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes. 
Nada adiantou. 

E de guerra em paz, de paz em guerra, 
Todo o povo dessa terra 
Quando pode cantar, 
Canta de dor. 

E ecoa noite e dia: é ensurdecedor. 
Ai, mas que agonia 
O canto do trabalhador... 
Esse canto que devia ser um canto de alegria 
Soa apenas como um soluçar de dor

Nota da Redação: Mauro Duarte foi integrante do grupo Os Cinco Crioulos, com Nelson Sargento, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho.

Com Dicionário Cravo Albin

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