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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BAH!!!

O músico Yamandu Costa, em entrevista ao jornalista Juarez Fonseca (Zero Hora), com a sinceridade que lhe é peculiar, não deve ter agradado muito a gauderiada. 

ZH - A propósito, teu último disco, Continente, tem como referencial a música gauchesca, da fronteira sul. O que enseja entrar em um tema em que talvez nunca tenhas entrado: o tradicionalismo cetegista. O que achas dessa história de sou gaúcho e me basta?

Yamandu - Essa é a cena de um cachorro correndo atrás do próprio rabo. A gauchada reclama muito que não tem uma abertura para o Brasil, diz que "nossa música não chega porque eles não entendem", olha a pretensão. Somos um povo extremamente pretensioso, que se fecha nele mesmo. Os artistas regionalistas têm um mercado próprio no interior do Estado, têm um público, ganham grana, levam uma vida confortável, mas ficam por aí e não se abrem. É impossível entender as letras, tem que botar uma legenda embaixo. Isso eu acho uma caranguejada, um andar para trás. Tu pegas a época de um Conjunto Farroupilha, por exemplo, e era outra coisa, era para frente, aberto ao país, sem falar na qualidade do repertório.


ZH - Tens saudade do frio do Rio Grande Sul?

Yamandu - Não. Aqui a gente passa um frio medieval, não temos nenhum preparo para o inverno, os banheiros são frios, as casas não têm calefação. Temos um frio sofredor. Na Suécia, passo menos frio do que aqui.

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