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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

QUALQUER UM

Qualquer um (ou qualquer uma) bem que podia muito bem ser traduzido por “o melhor” ou “o pior”. Depende do caso.

E essa época é propícia pra isso, época que você encontra aquele seu amigo que parou de fumar, mas sempre lhe pede um cigarrinho. O mesmo que para com você no posto de gasolina, quando oferece carona, e pergunta se você tem “dez pila”, fazendo aquela cara de informalidade. Esqueceu de passar no banco e tá só com uma folha de cheque. Que é pro gás de cozinha. Você conhece o tipo.

Ele chega na festa de final de ano com um pacote de latas de cerveja Kayser: “Comprei qualquer uma”. Aproveita que tá botando as cervejas no grande isopor com algumas pedrinhas de gelo e pega uma Stella Artois, a marca mais gabaritada da festa: “Peguei qualquer uma”.


Chega no aniversário do cunhado e leva um Drury's de presente: “Trouxe qualquer um”, diz ele com aquela sua informalidade característica e irritante. E complementa falando com o rosto muito próximo: “A gente não dá bola pra essas coisas”. E vai direto à sua prateleira de bebidas e enche o melhor copo com o melhor uísque: “Peguei qualquer um”.

E sai atrás de alguém que possa lhe dar um cigarrinho, já com os dedos em forma de V.

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