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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

AS ENTIDADES

Agora que começou a "corrida do Oscar" (que sempre parece um tio despreparado em desabalada carreira) começam os entendidos a falar na "academia". Naquele trololó furado sobre o Oscar – indicados, ganhadores, perdedores, injustiçados, etc – sempre aparece o entendido falando: “a academia não gosta desse ou daquele tipo de filme. A academia prefere filmes de tal forma.” Se sempre vai depender da lembrança que ele tiver da última vez que viu o Rubens Ewald Filho falando.
Outras entidades também estão à espreita. Lembro que em uma empresa que trabalhei, cuja sede era em Austin (“No Texas”, diria o entendido), sempre havia uma ameaça pairando no ar (reparem como as ameaças pairam). Era Austin. “Quando Austin souber disso...”, e a frase sempre terminava assim, reticente e enigmática, sugerindo que Austin – no mínimo – teria o poder de nos demitir. O que seria razoável, se Austin não estivesse feliz comigo. Mas as ameaças pairantes começaram a amedrontar de tal maneira que comecei a imaginar o Austin como um gigante caolho, com um tacape na mão e vestido com rudimentares peles e pronto pra sacanear algum subordinado de trás de sua mesa. A versão nacional das entidades nas empresas é São Paulo. “São Paulo não pode saber disso...”.  
Tem também uma incógnita entidade invocada com alguma frequência: “Eles”. E “eles” sempre são conspiradores. Você certamente já escutou: “Eles não querem que o povo tenha cultura”. “Eles não têm interesse”. “Eles têm o poder”.

E há a versão single e contrária a  “Eles” que é “alguém”. “Alguém tem que fazer alguma coisa”. “Ninguém (o primo preguiçoso de “alguém”) faz nada”.
Enfim, tomemos cuidados com as entidades.

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