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sábado, 5 de janeiro de 2013

LIVROS

O camarada não pode simplesmente ler um livro.
Primeiro, tem aquele charmoso. A turma falando que foi aqui ou acolá e o querido quieto olhando pra baixo como se estivesse ouvindo as maiores barbaridades. Está, na realidade, esperando a pergunta que algum idiota certamente fará: “E tu?”. Era o que ele esperava. Aguardava essa pergunta como um vegetariano aguarda ser convidado para um churrasco. O sujeito faz aquela cara de pau grande e atocha: “Não gosto de agitação, prefiro ficar em casa lendo um bom livro, tomando um bom vinho...” As reticências são importantes. Porra, cada um faz o que quiser da sua vida. Mas ler um BOM livro, tomar um BOM vinho. Alguém, por acaso, anseia a hora de ler um livro ruim? De tomar um vinho avinagrado? Faça-me o favor...
Depois vem aquela gente da cultura de sovaco, sempre com um livro debaixo do braço. Essa gente também não lê um livro simplesmente. Eles “devoram”. Normalmente é dito assim “DE-VO-REI o fulano, não consegui largar até de manhã”. Duas coisas: nesses casos, nunca é dito o nome do livro, sempre o do autor. Acho que gostam de parecer íntimos. E também tenho impressão que essa gente não lê de dia. Quando chega a manhã, sempre largam os livros. Certamente pra fazer alguma atividade menor do que a leitura (A-DO-RAM dizer assim: “leiam, leiam, leiam tudo, não importanta, leiam tudo”. Tenho vontade de dar o código tributário pra essa gente ler, pra ver se vão DE-VO-RAR) mas que fazem para o bem de nós - mortais - que não devoramos nenhum autor até o amanhecer precisamos deles. Se não, o eixo de rotação da terra muda.
Agora, tem uma nova. Pelo menos pra mim. Continuam não lendo. Agora, estão imersos nos livros. “Fulana leva na bolsa o livro no qual está imersa”. E la nave va.

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