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sexta-feira, 27 de março de 2015

MÚSICA NA SEXTA

Luis Otávio de Melo Carvalho, o Tavito, nasceu em Belo Horizonte, em 1948.

Aos 13 anos de idade, ganhou seu primeiro violão. Autodidata, logo em seguida começou a participar de serenatas e a atuar em festas em sua cidade natal, além de compor suas primeiras canções. É companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nélson Ângelo. Em 1965, conheceu Vinicius de Moraes, que se encantou com a sua performance ao violão. Foi, então, convidado pelo poeta para acompanhá-lo em alguns shows pela cidade de Belo Horizonte (MG). Cursou o 1º ano de Desenho Industrial na Universidade Mineira de Arte, mas abandonou os estudos decidindo-se pela profissão de músico. Mudou-se, então, para o Rio de Janeiro, passando a trabalhar como professor de violão.

Em 1970 foi convidado por Milton Nascimento para formar uma banda que acompanhasse o cantor e compositor em shows. Nasceu o Som Imaginário, integrado também por Wagner Tiso, o festejado, risonho e feliz Robertinho Silva, Luís Alves, Zé Rodrix, Frederyko e Laudir de Oliveira (mais tarde substituído por Naná Vasconcelos). Ainda em 1970, o grupo defendeu a canção "Feira Moderna" no V Festival Internacional da Canção (TV Globo), classificando-a em 6º lugar. Gravou três LPs com o conjunto. Nessa época, começou a compor com Mariozinho Rocha, Eduardo Souto Neto e Zé Rodrix.

Em 1979, por indicação de Fernando Adour, gravou seu primeiro LP como cantor solista, "Tavito", lançado no ano seguinte pela gravadora CBS. O disco incluiu "Rua Ramalhete", canção bastante executada e que remete à sua antiga admiração pelo conjunto The Beatles.


Rua Ramalhete
Tavito/ Ney Azambuja

Sem querer fui me lembrar
De uma rua e seus ramalhetes,
O amor anotado em bilhetes,
Daquelas tardes.

No muro do Sacré-Coeur,
De uniforme e olhar de rapina,
Nossos bailes no clube da esquina,
Quanta saudade!

Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar no seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido,
Vamos deixar tudo rolar;
E o som dos Beatles na vitrola.

Será que algum dia eles vêm aí
Cantar as canções que a gente quer ouvir?

Nota da Redação: No site de Tavito há uma descrição da Rua Ramalhete: era uma ruazinha de Belo Horizonte composta de um quarteirão só e terminava num córrego cristalino. A rua era povoada por moças, lindas todas, naquela idade em que se adolesce – e o coração dos moços adoece. Não havia trânsito de automóveis na Rua Ramalhete. Aos domingos, as meninas estendiam a rede de vôlei de lado a lado, jogava-se o dia inteiro, e os carros que se danassem. As noites sempre eram sonorizadas por rodas de violão entremeadas de castos namoricos furtivos. Aos sábados, festinhas onde se dançava coladinho ao som da boa música da época, Beatles e bossa-nova, Luiz Eça e Herman's Hermits. Isso tudo ficava a poucos quarteirões do vetusto Colégio Sacré Coeur de Marie, severo que só, com suas freiras de cenho franzido e hábitos negros como a noite negra. Esse trajeto Sacré Coeur / Rua Ramalhete constituía o dia-a-dia de Tavito e sua turminha de garotos normais, na fase mais doce da vida, tão doce que às vezes não nos apercebemos dela – a não ser anos mais tarde. Nesse território, Tavito e seu violão eram absolutos.

Com Dicionário Cravo Albin

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