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segunda-feira, 9 de março de 2015

DE POLÍTICA

Desconheço a semente que germinou um chiste que tem circulado por aí. Não só nas redes. Comprovei isso ao ouvir o comentário de um elegante senhor que almoçava no mesmo bistrô que eu, enquanto palitava requintadamente alguns dentes: “Devemos importar políticos da Suécia”.

Claro que a origem disso é o descontentamento com a classe política e o desgosto com a vida em geral. Mas quem foi o primeiro a ter essa sacada espirituosa se achando genial, não sei. E pode ser até que concorde, mas com um adendo: Sim, vamos importar os políticos da Suécia; mas vamos trazer também, então, os eleitores da Suécia.

Quando ouço esse tipo de comentário (que pra mim é até metalinguagem, pois acho que a apreciação justifica o tipo de políticos que temos), fico pensando: será que a turma acha que políticos caem de paraquedas no congresso? E será que eles não são exatamente a representação do povo? O eleitor, essa entidade abstrata, que almoça barulhentamente e transpirando, acha que nada tem a ver com os políticos envolvidos em falcatruas. Esses políticos muitas vezes compram votos por mixarias. E não o fazem com goiabeiras, fazem com o inocente eleitor. Comprar voto é feio. E vender, não é?

E esse mesmo eleitor que quer os políticos suecos, provavelmente não gostaria de ter as sanções suecas pra quando rouba sinal de TV a cabo, mente a cor da pele pra facilitar o ingresso em uma faculdade, quando estaciona em fila dupla pra pegar o futuro eleitorzinho no colégio e esse tipo de coisa.

Muito conveniente o abstrato eleitor e sempre cidadão cioso de todos seus direitos. Dos seus direitos.

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