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sábado, 25 de maio de 2013

ALEGORIA DO TRIUNFO DE VÊNUS

O pintor italiano  Agnolo Bronzino, autor da obra, era especializado em realizar sofisticadas narrativas alegóricas.

Nesta obra, Bronzino fez cuidadosos estudos com modelos vivos e os usou como referência, de modo a criar uma cena de erotismo tranquilo. A cena apresenta uma composição coesa e complexa.

 
O velho do canto superior direito, com a ampulheta logo a cima, é a personificação do tempo. Já os demais personagens, presentes à direita da tela, representam os prazeres, enquanto aqueles posicionados à esquerda personificam entes como o Esquecimento, o Ciúme e o Desespero.

As imagens entrelaçadas, mas que voltam seus olhares para diferentes pontos, têm por objetivo dar movimento a cena. Esses detalhes, juntamente com as mãos e pés alongados dos personagens centrais, são característicos do movimento maneirista.

A obra foi influenciada pela poesia erótica do poeta Petrarca. Isso fica claro na expressão de intimidade entre Vênus e Cupido. No entanto, a relação entre os dois principais personagens, também tem um toque de obscenidade.

A obra foi encomendada como um presente para Francisco I da França, e seu simbolismo - que tem significado preciso desconhecido - teria provocado discussões acaloradas, devido a sua mistura de erotismo estilizado com o que parece ser uma alegoria.

Detalhes de Alegoria do triunfo de Vênus se destacam:

1. Esquecimento:

A imagem do Esquecimento, com uma expressão horrorizada e um rosto mascarado, parece tentar desviar a atenção do amor incestuoso de Vênus e seu filho, Cupido. O Esquecimento ainda parece ser impedido pelo poderoso braço da imagem do Tempo, que entende que todos os assuntos dos homens são passageiros.

2. Beijo incestuoso:

O caráter erótico do beijo entre Vênus e Cupido é evidente, já que a língua dela parece estar em movimento. Cupido é identificado por suas asas e flechas e Vênus, por sua maçã. Desta maneira, os expectadores não podem ignorar a verdade da pintura.

3. Quimera:

Agachada atrás do menino feliz encontrasse a personagem alegórica Quimera, uma criatura cujo corpo grotesco destoa do rosto encantador. Com uma das mãos, Quimera oferece a Vênus um bolo de mel, enquanto sua outra mão esconde o ferrão em sua cauda. A presença da personagem é um lembrete de que o amor erótico pode causar dor.

4. Menino travesso:

O menino aparece segurando pétalas de rosas em suas mãos enquanto pisa num espinho, o que reforça o caráter ambivalente do amor. O garoto costuma ser representado como o Prazer, mas também é reconhecido como o Louco ou Zombeteiro.

5. Máscaras:

Outro lembrete da dor causada pelo amor erótico pode ser identificado nas máscaras que se voltam para Vênus, que podem ser acompanhadas pelo espectador seguindo a linha de visão por todo o braço esquerdo da Deusa.

6. Mulher uivando:
 
A personagem enlouquecida retratada atrás do Cupido é um dos poucos elementos a estragar a atmosfera leve e divertida da pintura. A mulher curva a cabeça e toca o cabelo com as mãos que parecem garra, com todos os tendões à mostra. A imagem é a personificação do Desespero ou do Ciúme e, às vezes, pode ser relacionada com a loucura causada pela sífilis.

Autor: Agnolo Bronzino
Onde ver: National Gallery, Londres, Reino Unido
Ano: 1540 - 1550
Técnica: Óleo sobre madeira
Tamanho: 1,46m x 1,17m
Movimento: Maneirismo

 

Fonte: Universia Brasil

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