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sexta-feira, 31 de maio de 2013

MÚSICA NA SEXTA

Vitor Ramil nasceu em Pelotas/RS, em 1962.

Iniciou carreira artística ainda adolescente, no começo dos anos 80. Gravou, aos 18 anos, seu primeiro disco "Estrela, Estrela", do qual participaram músicos e arranjadores que voltaria a encontrar em trabalhos futuros, como Egberto Gismonti, Wagner Tiso e Luis Avellar. Do disco, também participaram as cantoras Tetê Espíndola e Zizi Possi, que gravou, nesse período, algumas canções de Vitor. No mesmo período, a cantora Gal Costa gravou "Estrela, Estrela", no disco Fantasia. 

Em 1984, lançou "A paixão de V", de concepção experimental, produzido por Kleiton e Kledir – seus irmãos - e que trazia 22 canções, cuja sonoridade ia da música medieval ao carnaval de rua, de orquestras completas a instrumentos de brinquedo, da eletrônica ao violão milongueiro. As letras mesclavam regionalismo, poesia provençal, surrealismo e piadas. O disco teve nova edição em 1998.

Em 1987, lançou "Tango". Nesse período, saiu de Porto Alegre para morar no Rio de Janeiro. Desse disco, participaram músicos como Nico Assumpção, Hélio Delmiro, Márcio Montarroyos, Léo Gandelman e Carlos Bala, todos com liberdade para improvisar durante as gravações. Liberdade que Nico usou com maestria na última música do disco, Loucos de Cara.
 



LOUCOS DE CARA
Kleiton Ramil / Vitor Ramil
Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!
 
Não importa
que Deus jogue pesadas moedas do céu
vire sacolas de lixo pelo caminho
Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
sob o luar do oriente
fica na tua
Não importam vitórias
grandes derrotas, bilhões de fuzis
aço e perfume dos mísseis nos teus sapatos
Os chineses e os negros
lotam navios e decoram canções
fumam haxixe na esquina
fica na tua
 
Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!
Não importa
que Lennon arme no inferno a polícia civil
mostre as orelhas de burro aos peruanos
Garibaldi delira
puxa no campo um provável navio
grita no mar farroupilha
fica na tua
Não importa
que os vikings queimem as fábricas do cone sul
virem barris de bebidas no Rio da Prata
M´boitatá nos espera
na encruzilhada da noite sem luz
com sua fome encantada
fica na tua
Poetas loucos de cara
Soldados loucos de cara
Malditos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
 
Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!
 
Se um dia qualquer
tudo pulsar num imenso vazio
coisas saindo do nada
indo pro nada
se mais nada existir
mesmo o que sempre chamamos REAL
e isso pra ti for tão claro
que nem percebas
se um dia qualquer
ter lucidez for o mesmo que andar
e não notares que andas
o tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
se ele é azul, não importa
fica na tua
Videntes loucos de cara
Descrentes loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!
 
Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

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