Páginas

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

VEROSSIMILHANÇA

A vida é, sem dúvida, mais surpreendente do que a ficção. E a ficção não tem o mesmo compromisso com a  verdade que a história. Tio Ari escreveu isso. Penso nisso baseado no mote de alguns filmes que vejo na madrugada.

Por exemplo, um sujeito perde o irmão em uma bronca de tráfico. Para vingar o amado familiar, invade uma birosca e arrasa com todos bebedores ali presentes. Assim como com a mobília toda também.

É muito pouco provável que o bar inteiro seja composto de traficantes e malfeitores de toda ordem. Alguém ali morreu injustamente e certamente tem um irmão, o que desencadeará uma vingança interminável, com mais bares e bebedores culpados e inocentes sendo exterminados. E filme longuíssimo.

Assim como o sujeito que pra livrar a filha de um sequestro explode uma estação de trem inteira. Também é pouco provável que a estação seja frequentada somente por meliantes. Mas o que interessa um bando trabalhadores voltando pra casa comparado ao amor de um pai por uma meiga menina de olhinhos azuis e angelicais e ainda por cima segurando um ursinho fofo e com uma família esperando em casa com torta de maçã e penteado impecável?

Tio Ari, que dizia que a literatura tem algum compromisso com a verossimilhança, deve estar achando estranho tudo isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário