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sexta-feira, 22 de julho de 2016

MÚSICA NA SEXTA

Ney "Matogrosso" de Souza Pereira nasceu em 1941, em Bela Vista, MS. Filho de militar, morou no Recife, em Salvador, no Rio de Janeiro e em Campo Grande. Aos 17 anos de idade, deixou a casa de sua família, decidido a ingressar na Aeronáutica. Trabalhou no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília. Mais tarde, passou a fazer recreação com crianças. Integrou, nessa época, um quarteto vocal, com o qual participou de um festival universitário e chegou a atuar em um programa de televisão.

Em 1971, mudou-se para São Paulo e passou a integrar, com João Ricardo e Gerson Conrad, o Secos & Molhados. Adotando o nome artístico de Ney Matogrosso, ensaiou durante um ano com o grupo, com o qual estreou profissionalmente em 1973. O grupo realizou diversos shows e gravou dois LPs, com muito sucesso.

Em 1975, gravou seu primeiro LP como artista solo, "Ney Matogrosso", com destaque para a canção "América do Sul" (Paulo Machado). Em seguida, apresentou-se no Rio e em São Paulo, singularizando-se no cenário artístico por sua voz aguda e por sua performance no palco, apresentando-se maquiado e fantasiado. Trabalhou em Milão com Astor Piazzolla, com quem gravou um compacto duplo.

Apresentou-se com o violonista Raphael Rabello, com quem gravou, em 1990, o disco "À Flor da Pele", contendo "Modinha" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Retrato em Branco e Preto" (Chico Buarque e Tom Jobim), "Molambo" (Jayme Florence e Augusto Mesquita), "No Rancho Fundo" (Ary Barroso e Lamartine Babo) e "O mundo é um Moinho" (Cartola), entre outras.


Retrato em Branco e Preto 
Tom Jobim e Chico Buarque

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Com Dicionário Cravo Albin

Nota da Redação: Tom Jobim dizia para Chico que ninguém falava "retrato em branco e preto", mas sim, "retrato em preto e branco". Chico Buarque teria, nesse caso, que arrumar outra rima. Contrariado, propôs jocosamente a Tom que a música ficasse assim: “vou colecionar mais um tamanco, outro retrato em preto e branco”.

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