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terça-feira, 15 de abril de 2014

SÁBADO DE MANHÃ

Pra minha sorte e saúde, a maioria das pessoas precisa trabalhar. Às vezes fico pensando como seria o mundo se as pessoas pudessem ter a vida que gostariam de ter. Ou seja, se o mundo fosse um eterno sábado de manhã.

Obviamente estou falando daquela fatia da sociedade que é a classe média confortável, que trabalha de segunda a sexta-feira e se divide basicamente em dois tipos no quesito final de semana: os que dormem até tarde e os que saem pra rua esbanjando vitalidade e felicidade.

Não deve ser difícil imaginar em que turma me encaixo, mas de vez em quando uma expedição à rua no sábado de manhã se faz necessária. E aí começa o tormento. Especialmente se for um dia ensolarado.

A dificuldade começa em sair de casa sem ser atropelado por uma bicicleta. Com grosas de ciclovias que pululam pela cidade, os ciclistas insistem em andar na calçada em frente ao meu prédio. Pelo menos a maioria está de roupa, já é um avanço. E de capacete. (Acho que aquele capacete teve o design inspirado na cabeça do ET de Varginha).

Depois de desviar de alguns ciclistas e ser xingado por estar andando a pé, veja só, na calçada, ou simplesmente por eu existir, consigo atravessar a rua. Claro que aí a atenção tem que ser especial pra não tropeçar em alguém acocorado no chão juntando o cocô do seu pet. (Antigamente a gente tinha cachorro, gato, esses bichos. Agora temos pets. Mas isso é outro assunto.). Sim, melhor colocar o cocô num saquinho e deixar ali mesmo do que deixar o cocô desplastificado na calçada.

Acho que aos sábados tem uma feira livre em cada rua. A quantidade de gente que anda circulando com carrinhos de feira e sacolas (recicladas) cheias de mamão e tempero verde é uma coisa impressionante. Acho que o tempero verde é pra dar aquele efeito de verdura saindo de dentro da sacola. Qual a graça de andar carregando um peso e ninguém ver que fui à feira comprar orgânicos?

Imagino, então, que o mercado vai estar vazio. Inocente. Famílias e mais famílias fazendo compras. Todos os homens elegantemente vestidos com calça de abrigo e camisa de time de futebol. Por algum motivo nos sábados é dia de desprezar os sapatos, usar alpargatas ou chinelas e camisa de time de futebol. E, claro, é necessário tomar um mate enquanto se faz compras. Já vi famílias deliberando o rancho entre prateleiras de ervilha em lata e mostarda. Todos argumentando animadamente, entre um mate e outro, o que devem comprar pra semana. Inclusive a opinião do menino de 6 meses (Tigrão) é atentamente escutada.

Nada como dormir até tarde no sábado de manhã.

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