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quarta-feira, 26 de março de 2014

SINCERIDADE

A sinceridade está entre as coisas mais deselegantes que existem. Sim, pudico leitor. Isso mesmo. A sinceridade é deselegante. Quando alguém lhe diz “posso ser sincero” ou “com sinceridade” é certo que vem algo desagradável. E o que menos se precisa atualmente é algo desagradável a mais perturbando nosso dia.

Não use sua sinceridade pra dizer que o vestido deixa a vizinha gorda, que o penteado não valoriza quem tem cabelo branco. Guarde-a pra momentos mais importantes: “o zíper está aberto”, “tem ranho no teu nariz”, essas coisas.

Pensei nisso almoçando em um bistrô em Carbon Land. Na TV passava um desses programas matutinos, de amenidades (a Fátima Bernardes da Record, da Band ou do SBT, realmente não sei), e o convidado era o cantor Netinho. Ele dizendo – muito pouco animado – que estava voltando aos palcos. A voz dele está débil, um tico. Eu sei que estamos em 2014 e existem microfones que servem para ampliar a voz de deputados, pastores e cantores, mas mesmo assim estava fazendo feio. Era o momento de alguém ser deselegantemente sincero e dizer: “Meu amigo, não dá.” E aí nessa hora ninguém quer ser sincero.

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