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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

MÚSICA NA SEXTA

João Lutfi, o Sérgio Ricardo, nasceu em 1932 em Marília, SP. Ingressou, em 1940, no Conservatório de Música de Marília, São Paulo, para estudar piano e teoria musical. Desde pequeno ouvia seu pai tocar alaúde e sua mãe cantar.

Em 1960, gravou o LP "A bossa romântica de Sérgio Ricardo", lançado pela Odeon, com destaque para sua canção "Pernas". Obteve muito sucesso, em seguida, com "Zelão", que já apresentava uma ruptura com a temática "amor, sorriso e flor" da bossa nova.

Sérgio Ricardo é sempre lembrado pela sua inusitada participação no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Ao tentar apresentar a classificada “Beto Bom de Bola”, foi vaiado a ponto de não conseguir cantar ou se fazer ouvir. Foi desclassificado ao quebrar o violão e atirá-lo na plateia.

(Por coincidência ou ironia, a música vencedora do festival, Ponteio, de Edu Lobo e Capinan, dizia em seu refrão: “Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar”.)

Em 1974 Sérgio gravou a trilha sonora de um filme que dirigiu, “A Noite do Espantalho”. O disco, que tem produção e arranjos de Sérgio Ricardo, conta com a participação de Alceu Valença e Geraldo Azevedo, que também atuam no filme.

Sobre o disco, Alceu Valença conta em seu site:

“Eu e Geraldo fomos convidados a participar da série Disco de Bolso, do Pasquim, ao lado de Sérgio Ricardo. O projeto desandou, mas Sérgio, que ia dirigir um filme rodado em Nova Jerusalém, no sertão de Pernambuco, me disse: “Você será o espantalho”. Aceitei, gravei as músicas da trilha, fui para Recife, fiz shows por lá. Um produtor da TV Globo Nordeste me assistiu e me indicou para a Som Livre, com a qual assinei meu primeiro contrato para um trabalho solo.”

É deste disco a música Martelo a Bala e Facão.


Martelo a bala e facão
(Sérgio Ricardo)

Zé Tulão é chegada a tua hora
 Vá fazendo o teu último pedido
 É na faca é na foice é no estampido
 É no verso é na rima e sem demora
 Já que tu vai correr comece agora
 Que no fim da peleja esta Maria
 Vai levar das minhas mãos a luz do dia
 Que só sendo jagunço em qualquer lida
 Pode o cabra possuir tudo na vida
 E entregar a uma mulher toda alegria

 Treme a terra e o trovão se arrebenta
 Toda vez que um vaqueiro se enfurece
 Mãos pro céu se levantam numa prece
 Corre o fraco e o forte não se aguenta
 Pára o rio o mar não se movimenta
 E se então é por amor a luta dobra
 Pois coragem de amar tenho e de sobra
 Se acabou Zé do Cão prepara a cova
 Que eu te pego te alejo e dou-te sova
 E te faço rastejar pior que cobra

 É o inferno no meu canto de guerra
 Pois consigo arrancar da pedra o pranto
 O meu nome é temido em todo canto
 Onde voam as aves sobre a terra
 E se existe um amor atras da serra
 Não há nada que feche o meu caminho
 Eu enfrento a vereda e todo espinho
 Ouve bem Zé Tulão segura o tombo
 Que eu te capo te esfolo caço e zombo
 Sou leão e tu és o passarinho

 Se é o inferno no teu canto de guerra
 É no inferno o meu canto de paz
 Por amor eu derrubo Satanás
 Bem e mal são a luta desta terra
 Mas comigo o que é mal a lança ferra
 Corre Cão Pé de Vento e Lucifer
 Corre todo diabo que vier
 Pelo bem desse amor digo e não nego
 Eu enfrento um batalhão e não me entrego
 Zé do Cão tu pra mim é uma mulher

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