Profissionalismo é Isso Aí
(João Bosco e Alfir Blanc)
Era eu e mais dez num pardieiro
No Estácio de Sá
Fazia biscate o dia inteiro
Pra não desovar
E quanto mais apertava o cinto
Mais magro ficava com as calças caindo
Sem nem pro cigarro, nenhum pra rangar...
Falei com os dez do pardieiro:
Do jeito que tá
Com a vida pela hora da morte
E vai piorar
Imposto, inflação cheirando a assalto
Juntamos as família na mesma quadrilha
Nos organizamos pra contra-assaltar...
Fizemos a divisão dos trabalhos
Mulher - suadouro, trotuá
Pivete - nas missas, nos sinais
Marmanjo - no arrocho, pó, chantagem,
Balão apagado, tudo o que pintar
E assim reformando o pardieiro
Penduramos placa no portão
Tiziu, cuspe-grosso e seus irmãos
Agora no ramo atacadista
Convidam pro angu de inauguração...
Tenteia, tenteia
Com o berro e saliva
Fizemos o pé-de-meia...
Hoje tenho status, mordomo, contatos,
Pertenço à situação
Mas não esqueço os velhos tempos
Domingo numa solenidade
Uma otoridade me abraçou
Bati-lhe a carteira, nem notou,
Levou meu relógio e eu nem vi
Já não há mais lugar pra amador!
Tenteia, tenteia...
(Ri melhor quem ri impune)
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