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sábado, 27 de dezembro de 2014

SUCO

Faz bastante tempo já, escrevi sobre um suco de caixinha que comprei no supermercado. Agora leio, com algum atraso, artigo de Fernando Gabeira publicado no Estado de São Paulo em 05/12/2014:

Costumo comprar um suco de laranja chamado Do Bem, na padaria da esquina. Não levei o nome a sério porque, nesta altura da vida, suspeito que o bem e o mal coexistem e se entrelaçam. Apenas comprava. A caixa era cheia de histórias. E o slogan: feito por jovens cansados da mesmice. Tanta novidade num suco de laranja e descubro agora que o suco Do Bem mentia ao informar que suas laranjas vinham direto da fazenda do seu Francisco no interior de São Paulo. Elas vêm dos grandes fornecedores. Da marca às historinhas, era tudo uma conversa de marketing. E isso me lembrou a atmosfera geral no País.

O texto segue e vale conferir. Link acima.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O MILAGRE DO SUCO

Escrevi AQUI, semana passada, sobre comidas extravagantes e seus entusiastas. Não falei que, além de tudo, eles operam milagres.

Se não me falham a Bíblia e a catequese, Jesus, em seu primeiro milagre, transforma, nas Bodãs de Canaã, água em vinho. Em cada churrasco de final de semana temos milagres  não do mesmo vulto, mas de igual mistério.
Quando um boi, ou vaca, sofre um corte, sai sangue. Quando o mesmo infeliz animal está na prateleira do seu supermercado preferido, é sangue o que se acumula na bandeja. Do mesmo pedaço, quando cortado antes de ir pra panela ou churrasqueira, sai sangue.

Mas alguns cozinheiros ou churrasqueiros conseguem mais do que isso. Conseguem um simulacro do milagre supra citado: o sangue se transforma em suco. O suco da carne! Ou vai dizer que você nunca escutou isso? E deve ter até concordado, dada convicção do milagreiro. Não caia nessa, caro leitor!

A carne que não está assada, frita ou cozida, está crua. O que sai dali inundando seu prato de vermelho e inutilizando sua bandeja cheia de farofa e maionese é sangue. Não se deixe enganar. Ou vai dizer que o churrasqueiro quando, desafortunadamente, corta o dedo, caro leitor, sai suco?

Suco sai da laranja, caro leitor. Sai do limão espremido sobre o lombo de porco fumegante no seu prato. Sai do espeto de abacaxi com canela. Sucos é o que fazem hoje jovens cansados de mesmice. Não sai da carne.

Sou mais o milagre de Jesus.
Luiggi

quarta-feira, 20 de março de 2013

O SUCO

Luiggi

Fui comprar um suco de bergamota no mercado. Achei alguns de tangerina. Tudo bem, sou bilíngue, entendi. Sem açúcar. Só tinha uma marca, peguei essa mesmo.

Estava tomando meu suco tranquilamente e resolvi examinar mais detidamente a embalagem. Agora, talvez alguns pensem que vou dizer que encontrei uma barata morta por ali, ou que na composição do suco tinha - Horror! – sacarina. Não. Nem ciclamato e nem aspartame. Mas tinha o seguinte dístico: “suco sem adição de açúcar, água e conservadores, feito por jovens cansados da mesmice”.

Eu queria um simples suco, não um conceito de vida. Fiquei pensando como seria um suco feito por gente jovem cansada de mesmice. O gosto era o mesmo de qualquer bergamota de quintal ou de São Sebastião do Caí. O que já é uma grande coisa, e tudo o que eu queria. O preço que paguei é o de jovens cansados de pobreza. O público-alvo também não é alternativo, já que os alternativos rodeiam as alfaces, os legumes e os brotos, mas saem sempre com uma lata de coca-cola e um pacote de “bolachinha” recheada. O povo alternativo adora trakinas.

O resto da embalagem sugere, mas não deixa claro como é extraído o suco de uma fruta sem mesmice. Fico imaginando uma linha de produção divertidíssima. E a colheita, então? E será que chegou no mercado de charrete? Se sim, provavelmente nova remessa virá de balão.

Reparei também que as formigas lá de casa não distinguiram o produto dos jovens cansados da mesmice e o resto de comida feito do mesmo jeito desde que comecei a cozinhar.
Estou aguardando ansiosamente a produção de vinho dessa rapaziada.