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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

MÚSICA NA SEXTA

Antônio José Santana Martins, Tom Zé, nasceu em Irará-BA, em 1936, é um compositor, cantor e arranjador brasileiro.
Estudou na Universidade Federal da Bahia, onde teve aulas com H. J. Koellreuther, Walter Smetak, Ernst Widmer, Jamary Oliveira, entre outros.

Em 1964, participou do espetáculo "Nós, por exemplo", que marcou a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, onde se apresentou ao lado de Caetano, Gal Costa, Maria Bethânia, Djalma Corrêa, Alcivando Luz, Piti, Fernando Lona e Gilberto Gil. Nesse ano, o grupo ainda apresentou, no mesmo teatro, o show "Nova bossa velha, velha bossa nova".

Em outubro de 1999, poucos dias depois de ter assistido ao show de João Gilberto e Caetano Veloso na inauguração do Credicard Hall, Tom Zé compôs “Vaia de bêbado não vale”, que ele chamou de “música reportagem”

Na ocasião, João Gilberto, recém-chegado de uma turnê pela Argentina e maravilhado com o tratamento recebido por lá reclamou do som, do ar condicionado e da plateia no show. Caetano tentou contornar a situação e João perdeu ainda mais as estribeiras dizendo coisas como “tem que fazer direito, tem que fazer o Brasil”, “sou argentino desde pequenininho”. E finalmente fez careta, mostrou a língua e disse: “vaia de bêbado não vale”. Tom Zé ficou muito triste com a situação e mais ainda quando viu no jornal que o que segurou João Gilberto no palco foi o contrato. O que explicaria o burocrático show do cantor na ocasião.
Na música Tom Zé também cita o título do poema concreto de Augusto de Campos, “Viva vaia!”

“Vaia de bêbado não vale” está no disco “Imprensa cantada", de 2003.




VAIA DE BÊBADO NÃO VALE
 (Tom Zé / Vicente Barreto)

 PRIMEIRA EDIÇÃO
No dia em que a bossa-nova
inventou o Brasil,
No dia em que a bossa-nova pariu
o Brasil
Teve que fazer direito
Teve que fazer Brasil
Criando a bossa-nova em 58
O Brasil foi protagonista
De coisa que jamais aconteceu
Pra toda a humanidade
Seja na moderna História
Seja na História da Antigüidade.
Por isso, meu nego:
Vaia de bebo não vale.
De bebo vaia não vale
SEGUNDA EDIÇÃO
No dia em que a bossa-nova
inventou o Brasil
Quando aquele ano começou, nas
Águas de Março de 58,
O Brasil só exportava matéria prima
Essa tisana
Isto é o mais baixo grau da capacidade humana
E o mundo dizia:
Que povinho retardado.
Que povo mais atrasado
TERCEIRA EDIÇÃO
No dia em que a bossa-nova
inventou o Brasil
A surpresa foi que no fim daquele
mesmo ano
Para toda a parte
O Brasil d'O Pato
Com a bossa-nova, exportava arte,
O grau mais alto da capacidade humana
E a Europa, assombrada:
Que povinho audacioso
Que povo civilizado Tris
Pato ziguepato ziguepato pato
Pato ziguepato ziguepato pato
Tratou com descaso nosso amado pato
Viva a vaia, seu Augusto,
Viva a vaia, seu João,
Viva a vaia, viva a vaia.
Viva a vaia com Diós, amor,
Porque yo soy argentino
Gentino, gentino, gentino.

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