A turma do rock gaúcho já se autoproclamou em um livro como
os “Gauleses Irredutíveis”. Não lembro direito de quem é a frase nem do
contexto, mas fez sentido na época.
Lembrei disso enquanto ouvia uma conversa de dois camaradas
que tomavam uma cerveja comentando os acontecimentos da Semana Farroupilha
na MuiLeal.
- Escutei um pedaço de uma música gaudéria mais ou menos
assim: "Sou maior que a história grega, pois sou gaúcho e me chega" Ouvi
ontem, terça-feira, de manhã cedo, no rádio. Acho que estão perdendo os
critérios seriamente...
O outro, rindo, tenta contemporizar:
-
Semana Farroupilha, velho. Pega leve com os farrapos.
-
Aliás, é a maior semana do mundo, tem uns 35 dias. E, francamente, comparar com
a mitologia grega... A diferença, vão dizer, é que aqui é tudo verdade, claro.
Mas não respeitam mais nada...
O
segundo resolve provocar:
-
Mas se tu parar pra pensar, vai ver que aqueles veados gregos não chegam aos pés
de um Bento Gonçalves da Silva.
-
Claro, o próximo passo é dizer que Hércules não é de nada, galo mesmo é o
Negrinho do Pastoreio. E o que é o Odisseu perto do Bento Gonçalves? E a vergonha
de Aquiles se soubesse da existência de David Canabarro? Tudo isso, claro,
precisa do aval do Paixão (Heródoto é o Paixão Cortes deles, porém, com bigode
ralo, e Sófocles, o Barbosa Lessa). E ainda por cima, aquele pessoal tinha a mania de meter a mãe no
meio. O que é um Cérbero perto do Mboitatá? E os rios Estige e Aqueronte perto
do Uruguai e o da Prata? Lá no inferno deles nem tinha os Castelhano!
Já
estava na minha hora, tinha que sair. Uma pena, o final da conversa deve ter
sido divertidíssimo. E esses aí nunca chamariam nossos heróis farrapos de “Gregos
Irredutíveis”. Compreensivelmente. Com razão.
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