Escrevi AQUI, semana passada, sobre comidas extravagantes e
seus entusiastas. Não falei que, além de tudo, eles operam milagres.
Se não me falham a Bíblia e a catequese, Jesus, em seu
primeiro milagre, transforma, nas Bodãs de Canaã, água em vinho. Em cada churrasco de final de semana temos milagres não do mesmo vulto, mas de igual mistério.
Quando um boi, ou vaca, sofre um corte, sai sangue. Quando o
mesmo infeliz animal está na prateleira do seu supermercado preferido, é sangue
o que se acumula na bandeja. Do mesmo pedaço, quando cortado antes de ir pra
panela ou churrasqueira, sai sangue.
Mas alguns cozinheiros ou churrasqueiros conseguem mais do que
isso. Conseguem um simulacro do milagre supra citado: o sangue se transforma em
suco. O suco da carne! Ou vai dizer que você nunca escutou isso? E
deve ter até concordado, dada convicção do milagreiro. Não caia nessa, caro
leitor!
A carne que não está assada, frita ou cozida, está crua. O
que sai dali inundando seu prato de vermelho e inutilizando sua bandeja cheia
de farofa e maionese é sangue. Não se deixe enganar. Ou vai dizer que o
churrasqueiro quando, desafortunadamente, corta o dedo, caro leitor, sai suco?
Suco sai da laranja, caro leitor. Sai do limão espremido
sobre o lombo de porco fumegante no seu prato. Sai do espeto de abacaxi com
canela. Sucos é o que fazem hoje jovens cansados de mesmice. Não sai da carne.
Sou mais o milagre de Jesus.
Luiggi
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