Luiggi
Fui comprar um suco de bergamota no mercado. Achei alguns de tangerina. Tudo bem, sou bilíngue, entendi. Sem açúcar. Só tinha uma marca, peguei essa mesmo.
Estava tomando meu suco tranquilamente e resolvi examinar mais detidamente a embalagem. Agora, talvez alguns pensem que vou dizer que encontrei uma barata morta por ali, ou que na composição do suco tinha - Horror! – sacarina. Não. Nem ciclamato e nem aspartame. Mas tinha o seguinte dístico: “suco sem adição de açúcar, água e conservadores, feito por jovens cansados da mesmice”.
Eu queria um simples suco, não um conceito de vida. Fiquei pensando como seria um suco feito por gente jovem cansada de mesmice. O gosto era o mesmo de qualquer bergamota de quintal ou de São Sebastião do Caí. O que já é uma grande coisa, e tudo o que eu queria. O preço que paguei é o de jovens cansados de pobreza. O público-alvo também não é alternativo, já que os alternativos rodeiam as alfaces, os legumes e os brotos, mas saem sempre com uma lata de coca-cola e um pacote de “bolachinha” recheada. O povo alternativo adora trakinas.
O resto da embalagem sugere, mas não deixa claro como é extraído o suco de uma fruta sem mesmice. Fico imaginando uma linha de produção divertidíssima. E a colheita, então? E será que chegou no mercado de charrete? Se sim, provavelmente nova remessa virá de balão.
Reparei também que as formigas lá de casa não distinguiram o produto dos jovens cansados da mesmice e o resto de comida feito do mesmo jeito desde que comecei a cozinhar.
Estou aguardando ansiosamente a produção de vinho dessa rapaziada.
Fui comprar um suco de bergamota no mercado. Achei alguns de tangerina. Tudo bem, sou bilíngue, entendi. Sem açúcar. Só tinha uma marca, peguei essa mesmo.
Estava tomando meu suco tranquilamente e resolvi examinar mais detidamente a embalagem. Agora, talvez alguns pensem que vou dizer que encontrei uma barata morta por ali, ou que na composição do suco tinha - Horror! – sacarina. Não. Nem ciclamato e nem aspartame. Mas tinha o seguinte dístico: “suco sem adição de açúcar, água e conservadores, feito por jovens cansados da mesmice”.
Eu queria um simples suco, não um conceito de vida. Fiquei pensando como seria um suco feito por gente jovem cansada de mesmice. O gosto era o mesmo de qualquer bergamota de quintal ou de São Sebastião do Caí. O que já é uma grande coisa, e tudo o que eu queria. O preço que paguei é o de jovens cansados de pobreza. O público-alvo também não é alternativo, já que os alternativos rodeiam as alfaces, os legumes e os brotos, mas saem sempre com uma lata de coca-cola e um pacote de “bolachinha” recheada. O povo alternativo adora trakinas.
O resto da embalagem sugere, mas não deixa claro como é extraído o suco de uma fruta sem mesmice. Fico imaginando uma linha de produção divertidíssima. E a colheita, então? E será que chegou no mercado de charrete? Se sim, provavelmente nova remessa virá de balão.
Reparei também que as formigas lá de casa não distinguiram o produto dos jovens cansados da mesmice e o resto de comida feito do mesmo jeito desde que comecei a cozinhar.
Estou aguardando ansiosamente a produção de vinho dessa rapaziada.
Teus textos são fantásticos Luiggi!
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