A vida é, sem dúvida, mais surpreendente do que a ficção. E a ficção não tem o mesmo compromisso com a verdade que a história. Tio Ari escreveu isso. Penso nisso baseado no mote de alguns filmes que vejo na madrugada.
Por exemplo, um sujeito perde o irmão em uma bronca de
tráfico. Para vingar o amado familiar, invade uma birosca e arrasa com todos
bebedores ali presentes. Assim como com a mobília toda também.
É muito pouco provável que o bar inteiro seja composto de
traficantes e malfeitores de toda ordem. Alguém ali morreu injustamente e
certamente tem um irmão, o que desencadeará uma vingança interminável, com mais bares e bebedores culpados e inocentes sendo exterminados. E filme
longuíssimo.
Assim como o sujeito que pra livrar a filha de um sequestro explode uma estação de trem inteira. Também é pouco provável que a estação seja frequentada somente por meliantes. Mas o que interessa um bando trabalhadores voltando pra casa comparado ao amor de um pai por uma meiga menina de olhinhos azuis e angelicais e ainda por cima segurando um ursinho fofo e com uma família esperando em casa com torta de maçã e penteado impecável?
Tio Ari, que dizia que a literatura tem algum compromisso
com a verossimilhança, deve estar achando estranho tudo isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário