quinta-feira, 31 de março de 2016
ÁLBUM DA QUINTA
BITCHES BREW - 1970 - MILES DAVIS
Bitches Brew foi gravado em 1969 e lançado em 1970 pela Columbia Records. O álbum é considerado um dos mais revolucionários da história do jazz e precursor do estilo jazz fusion.
Lado A
1. Pharaoh's Dance (Joe Zawinul) – 20:00
Lado B
1. Bitches Brew (Miles Davis) – 26:59
Lado C
1. Spanish Key (Miles Davis) – 17:29
2. John McLaughlin (Miles Davis) – 4:26
Lado D
1. Miles Runs the Voodoo Down (Miles Davis) – 14:04
2. Sanctuary (Wayne Shorter) – 10:52
Miles Davis - trumpet
Wayne Shorter - soprano saxophone
John McLaughlin - guitar
Joe Zawinul - electric piano (left)
Chick Corea - electric piano (right)
Larry Young - electric piano (center) on #1
Bennie Maupin - bass clarinet
Dave Holland - bass
Harvey Brooks - electric bass
Lenny White - drums (left)
John DeJohnette - drums (right)
Don Alias - drums (left) on #5, congas
Juma Santos (credited as "Jim Riley") - shaker, congas
wikipedia
quarta-feira, 30 de março de 2016
CRIATURAS QUE O MUNDO ESQUECEU
Fernando Lona foi o nome artístico utilizado por Fernando José Magalhães Lona (1937 - 1977), cantor e compositor.
Foi autor de trilhas sonoras de inúmeras peças teatrais, como O Desembestado, de Ariovaldo Matos, e Arena Canta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri. Em 1972, compôs a trilha sonora da telenovela Sol Amarelo da TV Record e, no ano de 1974, inaugurou o Teatro Gamboa em Salvador, quando musicou a peça Santa Maria Egípcia e trabalhou como ator em As Criadas.
Em 1977, lançou seu único LP, intitulado "Cidadão do Mundo", reunindo 12 das suas mais expressivas composições. No mesmo ano do lançamento seu LP, Fernando Lona morreu num desastre automobilístico, a três quilometros da cidade de Registro, em São Paulo, quando se dirigia para Curitiba, onde apresentaria o show De Cordel e Bordel, no Teatro Paiol.
Sua canção mais conhecida, "Porta Estandarte", é uma parceria com Geraldo Vandré.
Foi autor de trilhas sonoras de inúmeras peças teatrais, como O Desembestado, de Ariovaldo Matos, e Arena Canta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri. Em 1972, compôs a trilha sonora da telenovela Sol Amarelo da TV Record e, no ano de 1974, inaugurou o Teatro Gamboa em Salvador, quando musicou a peça Santa Maria Egípcia e trabalhou como ator em As Criadas.
Sua canção mais conhecida, "Porta Estandarte", é uma parceria com Geraldo Vandré.
wikipedia
terça-feira, 29 de março de 2016
BREGA CHIQUE
Silvinho compôs sua primeira música, "Assim como as flores morrem", aos 15 anos. Nas décadas de 1950 e 1960, teve intensa atuação nos conjuntos vocais Os Trovadores, Os Vocalistas, Trio Quitandinha e Conjunto Harmonia , entre outros.
Nos primeiros anos da década de 1960, foi um dos maiores sucessos em vendagem de disco. Em 1961 gravou, de sua autoria e Maurílio Lopes o bolero, "Quem é?", que se tornou grande sucesso, sendo gravado logo em seguida por Gregorio Barrios e Bienvenido Granda. Seu grande sucesso foi a marchinha "Marcha da Coroa", em 1962. Em 1964 esteve nas paradas de sucesso com "Mulher governanta", de Getúlio Macedo, gravada no ano anterior. Trabalhou na Rádio Nacional e em várias emissoras de rádio e TV do Rio de Janeiro e de São Paulo.
cravo albim
Nos primeiros anos da década de 1960, foi um dos maiores sucessos em vendagem de disco. Em 1961 gravou, de sua autoria e Maurílio Lopes o bolero, "Quem é?", que se tornou grande sucesso, sendo gravado logo em seguida por Gregorio Barrios e Bienvenido Granda. Seu grande sucesso foi a marchinha "Marcha da Coroa", em 1962. Em 1964 esteve nas paradas de sucesso com "Mulher governanta", de Getúlio Macedo, gravada no ano anterior. Trabalhou na Rádio Nacional e em várias emissoras de rádio e TV do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Amigo, como você está errado
Deixando sempre de lado
Sua fiel companheira
Não queira você comparar
A mulher do seu lar
Com a mulher arruaceira
Amigo, se meu conselho adianta
Ela é a sua esposa
Não é a sua governanta
Como pode se esquecer
Que um dia
Ela foi a namorada, a sua noivinha
E você a queria
E hoje ela ainda lhe ama
Sendo a mãe de seus filhos
Uma ótima esposa
E você reclama
Amigo, essa mulher mal amada
Ela é a sua esposa
Não é a sua empregada
"E Deus fez a mulher
Deus não a fez da cabeça do homem
Para que ela não se julgasse sua soberana
Deus não a fez dos pés do homem
Para que o homem não a fizesse sua escrava
Deus fez a mulher da costela do homem
E uma costela bem perto de seu coração
Para que ela fosse amada e amparada por ele
A mulher, não é rainha nem escrava
Deus a fez companheira do homem"
segunda-feira, 28 de março de 2016
CLÁSSICOS PARA A VIDA ETERNA
SAMBA DA MINHA TERRA* (1978) JOÃO GILBERTO
Sérgio Luiz Gallina
O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole (2x)
Quando se canta todo mundo bole (2x)
O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole (2x)
----
Quem não gosta do samba, bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba, no samba me criei
Do danado do samba, nunca me separei
-----------------------------------------
*Dorival Caymmi
domingo, 27 de março de 2016
DO FUNDO DO BAÚ
Marcelino Pão e Vinho narra a estória de um frade franciscano que conta para uma menina doente a lenda de Marcelino, um bebê que foi deixado na porta do mosteiro e criado pelos religiosos. Após frustradas tentativas de entregá-lo para adoção, acaba sendo criado pelos doze frades franciscanos. Marcelino cresce fazendo travessuras e levando todos no convento à loucura com sua desobediência e imaginação; mediante a solidão e a falta de crianças de sua idade para brincar, diverte-se inventando apelidos para os frades, cria um amigo imaginário chamado Manuel e inventa histórias inacreditáveis.
Uma das histórias que relata, porém, desafia a curiosidade dos religiosos, que resolvem conferi-la pessoalmente, constatando, com surpresa ,o divino poder da inocência, e Marcelino se torna o protagonista de um milagre que marcará para sempre o vilarejo espanhol onde ocorre a história.
O filme foi reconhecido nos mais importantes festivais de cinema e foi um grande sucesso popular ao redor do mundo, arrebatando grandes bilheterias e levando multidões às salas de cinema da época, inclusive no Brasil, onde era repetido nas salas de cinema a cada semana santa na décda de 60.
A História foi adaptada para desenho animado em 26 episódios, que no Brasil, foram exibidos pelo SBT.
wikipedia
LEITURA DE DOMINGO
Crônica de Páscoa
Luis Fernando Verissimo
-Papai, o que é Páscoa?
-Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
-Igual ao Natal?
-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
-Ressurreição?
-É, ressurreição. Marta, vem cá!
-Sim?
-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
-Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
-Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
-O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
-O Espírito Santo também é Deus?
-É sim.
-E Minas Gerais?
-Sacrilégio!!!
-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?
-Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
-Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
-Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
-Coelho bota ovo?
-Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
-Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
-Era... era melhor, sim... ou então urubu.
-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?
-Que dia ele morreu?
-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
-Que dia e que mês?
-(???)
-Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.
-Um dia depois!
-Não, três dias depois.
-Então morreu na Quarta-feira.
-Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
-Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
-É que hoje é Sábado de Aleluia e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
-O Judas traiu Jesus no Sábado?
-Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!
-Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
-Ui...
sábado, 26 de março de 2016
A TEMPESTADE
A obra A Tempestade, de Giorgione, foi produzida há aproximadamente 500 anos e, ainda nos dias de hoje, continua desafiando aqueles que se propõem a interpretá-la.
A obra foi encomendada a Gione por Gabriele Vendramin. No ano de 1530 o estudioso de arte veneziano Marcantonio Michiel a viu na casa de Vendramim e a definiu como uma paisagem com uma tempestade, uma cigana e um soldado. Já no acervo da família Vendramin, anos mais tarde, o quadro foi citado como "Mercúrio e Ísis".
Nesse contexto, os personagens apresentados na cena seriam uma representação da ninfa amamentando seu filho, com o deus Mercúrio ali perto. No entanto a pintura, provavelmente, não teve inspiração literária.
A composição da obra foi feita de modo que o olhar do espectador é levado para longe dos personagens, acompanhando o rio para o interior do quadro, até o momento em que se encontra com o céu tempestuoso. Talvez o verdadeiro tema da obra seja a sua atmosfera de tensão.
4 DETALHES DE A TEMPESTADE SE DESTACAM:
1. TEMPESTADE DE APROXIMANDO:
O pintor capturou o momento exato em que o brilho de um relâmpago rasga as nuvens. A pintura passa um ar calmo, quase estático, sugerindo o clima de uma tempestade iminente. A paisagem azul-esverdeada e a luz dourada transmitem ao espectador uma aura de melancolia e perigo.
2. SIMBOLISMO:
A cigana nua é vista como uma alegoria virtual da virtude teológica da caridade, enquanto o soldado aparece representando o valor da guerra ou da força. Juntos, os dois podem subjugar o acaso, representado pela tempestade iminente.
3. SOLDADO:
A imagem do homem solitário apoiado em sua lança, com o gibão desbotado e o rosto escondido pela sombra acrescenta mistério à pintura. Exames de raio-x mostram que inicialmente, a figura era de uma mulher nua. No entanto, ao substituí-la pelo soltado, o pintor adiciona tensão psicológica ao quadro.
4. COLUNAS QUEBRADAS:
As colunas quebradas entre a cigana e o homem são a representação da esperança e dos sonhos arruinado, provavelmente expressando a transição entre o primeiro plano iluminado para a intimidadora imagem de fundo, ambiente no qual se forma uma tempestade ameaçadora. As colunas também podem simbolizar a morte.
FICHA TÉCNICA - A TEMPESTADE:
Autor: Giorgione
Onde ver: Galeria da Academia, Veneza, Itália
Ano: 1507
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 82cm x 73cm
Movimento: Renascimento Veneziano
Fonte Universia Brasil
A obra foi encomendada a Gione por Gabriele Vendramin. No ano de 1530 o estudioso de arte veneziano Marcantonio Michiel a viu na casa de Vendramim e a definiu como uma paisagem com uma tempestade, uma cigana e um soldado. Já no acervo da família Vendramin, anos mais tarde, o quadro foi citado como "Mercúrio e Ísis".
Nesse contexto, os personagens apresentados na cena seriam uma representação da ninfa amamentando seu filho, com o deus Mercúrio ali perto. No entanto a pintura, provavelmente, não teve inspiração literária.
A composição da obra foi feita de modo que o olhar do espectador é levado para longe dos personagens, acompanhando o rio para o interior do quadro, até o momento em que se encontra com o céu tempestuoso. Talvez o verdadeiro tema da obra seja a sua atmosfera de tensão.
4 DETALHES DE A TEMPESTADE SE DESTACAM:
1. TEMPESTADE DE APROXIMANDO:
O pintor capturou o momento exato em que o brilho de um relâmpago rasga as nuvens. A pintura passa um ar calmo, quase estático, sugerindo o clima de uma tempestade iminente. A paisagem azul-esverdeada e a luz dourada transmitem ao espectador uma aura de melancolia e perigo.
2. SIMBOLISMO:
A cigana nua é vista como uma alegoria virtual da virtude teológica da caridade, enquanto o soldado aparece representando o valor da guerra ou da força. Juntos, os dois podem subjugar o acaso, representado pela tempestade iminente.
3. SOLDADO:
A imagem do homem solitário apoiado em sua lança, com o gibão desbotado e o rosto escondido pela sombra acrescenta mistério à pintura. Exames de raio-x mostram que inicialmente, a figura era de uma mulher nua. No entanto, ao substituí-la pelo soltado, o pintor adiciona tensão psicológica ao quadro.
4. COLUNAS QUEBRADAS:
As colunas quebradas entre a cigana e o homem são a representação da esperança e dos sonhos arruinado, provavelmente expressando a transição entre o primeiro plano iluminado para a intimidadora imagem de fundo, ambiente no qual se forma uma tempestade ameaçadora. As colunas também podem simbolizar a morte.
FICHA TÉCNICA - A TEMPESTADE:
Autor: Giorgione
Onde ver: Galeria da Academia, Veneza, Itália
Ano: 1507
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 82cm x 73cm
Movimento: Renascimento Veneziano
Fonte Universia Brasil
sexta-feira, 25 de março de 2016
MÚSICA NA SEXTA
Em maio de 1973 a gravadora Phonogram (ex-Philips, e depois Polygram) organizou no Palácio das Convenções do Anhembi um evento em que reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco. Gilberto Gil e Chico Buarque compuseram para a ocasião a música “Cálice”. Sobre a composição e a apresentação Gilberto Gil fala, conforme relato em seu site:
A Polygram queria fazer um grande evento com todos os seus artistas no formato de encontros, e foi dada a mim e ao Chico a tarefa de compor e cantar uma música em dupla.
Era semana santa e nós marcamos um encontro no sábado no apartamento dele, na Rodrigo de Freitas (a lagoa referida, aliás, por ele na letra). Eu pensei em levar alguma proposta e, um dia antes, no fim da tarde, me sentei no tatame, onde eu dormia na ápoca, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar. Como era sexta-feira da Paixão, a ideia do calvário e do cálice de Cristo me seduziu, e eu compus o refrão incorporando o pedido de Jesus no momento da agonia. Em seguida escrevi a primeira estrofe, que eu comecei me lembrando de uma bebida amarga chamada Fernet, italiana, de que o Chico gostava e que ele me oferecia sempre que eu ia a sua casa.
No sábado não foi diferente: ele me trouxe um pouco da bebida, e eu já lhe mostrei o que tinha feito. Quando, cantando o refrão, eu cheguei ao 'cálice', no ato ele percebeu a ambiguidade que a palavra, cantada, adquiria, e a associou com 'cale-se', introduzindo na canção o sentido da censura. Depois, como eu tinha trazido só o refrão melodizado, trabalhamos na musicalização da estrofe a partir de ideias que ele apresentou. E combinamos um novo encontro.
Ele acabou fazendo outras duas estrofes e eu mais uma, quatro no total, todas em oito decassílabos. Dois ou três dias depois nos revimos e definimos a sequência. Eu achei que devíamos intercalar nossas estrofes, porque elas não apresentavam um encadeamento linear entre si. Ele concordou, e a ordem ficou esta: a primeira, minha, a segunda, dele; a terceira, minha, e a última, dele.
Na terceira, o quarto verso e os dois finais já foram influenciados pela idéia do Chico de usar o tema do silêncio. O termo, alías, já aparecia na outra estrofe minha, anterior: 'silêncio na cidade não se escuta', quer dizer: no barulho da cidade, não é possível escutar o silêncio; quer dizer: não adianta querer silêncio porque não há silêncio, ou seja: não há censura, a censura é uma quimera; além do mais, 'mesmo calada a boca, resta o peito' e 'mesmo calado o peito, resta a cuca': se cortam uma coisa, aparece outra.
Aí, no dia em que nós fomos apresentar a música no show, desligaram o microfone logo depois de termos começado a cantá-la. Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo-nos sido recomendado que não a cantássemos, mas nós fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la."
Em seu livro 85 anos de Música Brasileira, Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello ainda falam acerca da apresentação e da música:
"Irritadíssimo com o microfone desligado, Chico tentava outro mais próximo, que era cortado em seguida, e assim, numa cena tragicômica, foram todos sendo "calados", impedindo-o de cantar "Cálice" até o fim. Liberada cinco anos depois, a canção foi incluída no elepê anual de Chico, com ele declarando que aquele não era o tipo de música que compunha na época (estava trabalhando no repertório de "Ópera do Malandro"), mas teria que ser registrado, pois sua tardia liberação (juntamente com "Apesar de Você" e "Tanto Mar") não pagava o prejuízo da proibição. Na gravação, as estrofes de Gilberto Gil, que estava trocando a PolyGram pela WEA, são interpretadas por Milton Nascimento, fazendo o coro o MPB 4, em dramático arranjo de Magro."
A Polygram queria fazer um grande evento com todos os seus artistas no formato de encontros, e foi dada a mim e ao Chico a tarefa de compor e cantar uma música em dupla.
Era semana santa e nós marcamos um encontro no sábado no apartamento dele, na Rodrigo de Freitas (a lagoa referida, aliás, por ele na letra). Eu pensei em levar alguma proposta e, um dia antes, no fim da tarde, me sentei no tatame, onde eu dormia na ápoca, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar. Como era sexta-feira da Paixão, a ideia do calvário e do cálice de Cristo me seduziu, e eu compus o refrão incorporando o pedido de Jesus no momento da agonia. Em seguida escrevi a primeira estrofe, que eu comecei me lembrando de uma bebida amarga chamada Fernet, italiana, de que o Chico gostava e que ele me oferecia sempre que eu ia a sua casa.
No sábado não foi diferente: ele me trouxe um pouco da bebida, e eu já lhe mostrei o que tinha feito. Quando, cantando o refrão, eu cheguei ao 'cálice', no ato ele percebeu a ambiguidade que a palavra, cantada, adquiria, e a associou com 'cale-se', introduzindo na canção o sentido da censura. Depois, como eu tinha trazido só o refrão melodizado, trabalhamos na musicalização da estrofe a partir de ideias que ele apresentou. E combinamos um novo encontro.
Ele acabou fazendo outras duas estrofes e eu mais uma, quatro no total, todas em oito decassílabos. Dois ou três dias depois nos revimos e definimos a sequência. Eu achei que devíamos intercalar nossas estrofes, porque elas não apresentavam um encadeamento linear entre si. Ele concordou, e a ordem ficou esta: a primeira, minha, a segunda, dele; a terceira, minha, e a última, dele.
Na terceira, o quarto verso e os dois finais já foram influenciados pela idéia do Chico de usar o tema do silêncio. O termo, alías, já aparecia na outra estrofe minha, anterior: 'silêncio na cidade não se escuta', quer dizer: no barulho da cidade, não é possível escutar o silêncio; quer dizer: não adianta querer silêncio porque não há silêncio, ou seja: não há censura, a censura é uma quimera; além do mais, 'mesmo calada a boca, resta o peito' e 'mesmo calado o peito, resta a cuca': se cortam uma coisa, aparece outra.
Aí, no dia em que nós fomos apresentar a música no show, desligaram o microfone logo depois de termos começado a cantá-la. Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo-nos sido recomendado que não a cantássemos, mas nós fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la."
Em seu livro 85 anos de Música Brasileira, Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello ainda falam acerca da apresentação e da música:
"Irritadíssimo com o microfone desligado, Chico tentava outro mais próximo, que era cortado em seguida, e assim, numa cena tragicômica, foram todos sendo "calados", impedindo-o de cantar "Cálice" até o fim. Liberada cinco anos depois, a canção foi incluída no elepê anual de Chico, com ele declarando que aquele não era o tipo de música que compunha na época (estava trabalhando no repertório de "Ópera do Malandro"), mas teria que ser registrado, pois sua tardia liberação (juntamente com "Apesar de Você" e "Tanto Mar") não pagava o prejuízo da proibição. Na gravação, as estrofes de Gilberto Gil, que estava trocando a PolyGram pela WEA, são interpretadas por Milton Nascimento, fazendo o coro o MPB 4, em dramático arranjo de Magro."
Cálice
Gilberto Gil/Chico Buarque
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
quinta-feira, 24 de março de 2016
ÁLBUM DA QUINTA
FREVO MULHER - 1979 - AMELINHA
A maioria das faixas tem arranjos de Zé Ramalho, mas também de Geraldo Azevedo, Fagner e Paulo Machado. É impressionante a quantidade de músicos de talento que participaram desse trabalho de Amelinha. O disco abriu as portas do sucesso para a cantora, que no ano seguinte se consagraria ao defender "Foi Deus Quem Fez Você" num Festival da Globo.
Lado A
1. Frevo Mulher (Zé Ramalho)
Zé Ramalho: Violão ovation
Geraldo Azevedo: Violão base
Dominguinhos: Sanfona
Novelli: Baixo
Wilson das Neves: Percussão
Zé Leal: Triângulo
Borél: Zabumba
Geraldo Gomes: Triângulo
Arranjo de base: Zé Ramalho
2. Santa Tereza (Raimundo Fagner - Abel Silva)
Geraldo Azevedo: Violão
Raimundo Fagner: Violão ovation
Dominguinhos: Sanfona
Copinha: Flautim
Participação Especial -- Grupo Tacuabé:
Pipo Spera: Violão e charango
Eduardo Marquez: Baixo
Pato Rovés: Violão solo
Arranjo de base: Grupo Tacuabé, Geraldo Azevedo e Raimundo Fagner
3. Dia Branco (Geraldo Azevedo - Rocha)
Geraldo Azevedo: Violão de 10 cordas
Zé Ramalho: Viola de 12 cordas
Luiz Sérgio Carlini: Guitarra
Novelli: Baixo
Jorge Barreto: Piano
Paulo Machado: Polymoog e arp
Picolé: Bateria
Coro: Monica Schmidt, Lizzie Bravo e Elba Ramalho
Arranjo de coro: Paulo Machado
Arranjo de base: Geraldo Azevedo
4. Galope Rasante (Zé Ramalho)
Pedro Osmar: Viola de 10 cordas
Zé Ramalho: Viola de 10 cordas com solo e violão ovation
Chico Julien: Baixo
Elber Bedaque: Pedal
Bezerra da Silva: Zabumba
Sérgio Boré: Congas e maracás
Cátia de França: Acordeon
Paulo Machado: Órgão
Waldemar Falcão: Flauta
José Alves da Silva: Violino
Watson Clis: Cello
Frederic Stephany: Viola
Arranjo de base: Zé Ramalho
Arranjo de cordas: Paulo Machado
5. Divindade (Walter Franco)
Zé Ramalho: Guitarra base
Pedro Lima: Guitarra solo
Luiz Sérgio Carlini: Guitarra solo
Arnaldo Brandão: Baixo
Chico Batera: Cincerro
Gustavo Schroter: Bateria
Paulo Machado: Sintetizador
Paulo Moura: Sax alto
Oberdan Magalhães: Sax soprano
Barrosinho: Piston
Lúcio: Trombone
Coro: Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Lizzie Bravo, Cátia de França, Monica Schmidt e Walter Franco
Arranjo de base: Zé Ramalho
Lado B
1. Que Me Venha Esse Homem (David Tygel - Bruna Lombardi)
David Tygel: Violão
Raimundo Fagner: Violão ovation
2. Coito das Araras (Cátia de França)
Zé Ramalho: Viola base com solo
Paulo Cezar Barros: baixo
Elber Bedaque: Bateria
Chico Batera: Congas
Sergio Boré: Maracas
Paulo Machado: Piano
Lourenço Baeta: Flautas
José Alces da Silva e Jorge Faini: Violinos
Frederic Stephany: Viola
Watson Clis: Cello
Arranjo de base: Zé Ramalho
Arranjo de cordas: Paulo Machado
3. Dez Mil Dias (Paulo Machado)
Geraldo Azevedo: Viola de 10 cordas
Luiz Sérgio Carlini: Guitarra
Chico Julien: Baixo
Rui Motta: Bateria
Paulo Machado: Piano e celesta
Waldemar Falcão: Flauta
José Alves da Silva e Jorge Faini: Violinos
Frederic Stephany: Viola
Watson Clis: Cello
Arranjo: Paulo Machado
4. Noites de Cetim (Herman Torres - Sérgio Natureza)
Geraldo Azevedo: Violão de aço 6 cordas
Gereba: Viola 10 cordas
Capenga: Baixo e bandolim
Chico Batera: Percussão
Paulo Machado: Piano
José Alves da Silva e Jorge Faini: Violinos
Frederic Stephany: Cello
Watson Clis: Viola
Arranjo de base: Geraldo Azevedo e Bendegó
Arranjo de cordas: Paulo Machado
5. Pedaço de Canção (Moraes Moreira - Fausto Nilo)
Cesar de Mercês: Viola
Geraldo Azevedo: Violão
Ivo de Carvalho: Guitarra
José Alves da Silva e Jorge Faini: Violinos
Frederic Stephany: Viola
Watson Clis: Cello
Participação especial: O Terço
Sérgio Magrão: Baixo
Luiz Moreno: Bateria
Sérgio Snelwar: Piano elétrico e Piano acústico
Coro: Elba Ramalho, Lizzie Bravo, Ana Varela e Monica Schmidt
Arranjo: Paulo Machado
musicadoceara.blogspot.com.br
quarta-feira, 23 de março de 2016
CRIATURAS QUE O MUNDO ESQUECEU
O grupo Sister Sledge foi formado em 1971 por quatro irmãs: Debbie, Joni, Kim e Kathy Sledge.
Uma de suas primeiras músicas foi "Love Don't You Go Through No Changes On Me" de 1974, considerada intermediária entre o soul e a disco'. Porém, o grupo despontou como grande sucesso em 1979 graças aos produtores Bernard Edwards e Nile Rodgers que compuseram e produziram o LP "We Are Family", cujas faixa-título e "He's the Greatest Dancer" chegaram ao primeiro lugar nas paradas "R&B". No ano seguinte, veio o LP "Love Somebody Today", com as músicas "Got to Love Somebody" e "Pretty Baby".
Trocando Rodgers e Edwards pelo produtor Narada Michael Walden, em 1981, elas lançaram o álbum "All-American Girls", cuja faixa-título chegou ao terceiro lugar como "R&B". As irmãs continuaram a gravar nos 80 e 90, conseguindo um primeiro lugar com a música "Frankie" em 1985.
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Uma de suas primeiras músicas foi "Love Don't You Go Through No Changes On Me" de 1974, considerada intermediária entre o soul e a disco'. Porém, o grupo despontou como grande sucesso em 1979 graças aos produtores Bernard Edwards e Nile Rodgers que compuseram e produziram o LP "We Are Family", cujas faixa-título e "He's the Greatest Dancer" chegaram ao primeiro lugar nas paradas "R&B". No ano seguinte, veio o LP "Love Somebody Today", com as músicas "Got to Love Somebody" e "Pretty Baby".
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