Às vezes a gente sente umas saudades estranhas. Ontem fiquei
com saudade de ouvir um funk. Nunca imaginei que fosse sentir saudade de ouvir um
funk. Mas aconteceu. Explico.
Peguei um táxi na rodoviária em direção à minha residência.
Quando a mala já estava dentro do carro e metade do corpo também, foi que ouvi
aquela, digamos assim, melodia. Não dava mais pra recuar. Tocava um funk em
vigoroso volume. A letra que o sujeito gritava falava de homens que caíram na
frente de sua pistola e de mulheres que caíam aos seus pés por causa de sua,
eufemisticamente falando agora, pistola.
Por misericórdia dos céus que me protegem, o taxista – um senhor, me pareceu, pra mais de 60 anos – começou a trocar de estação no rádio. Acho que sorri nesse momento. Até que ele sintonizou na rádio Atlândia FM, na qual transcorria um programa chamado Pretinho Básico, de muito sucesso e prestígio no politizado RS e em SC. A atração do momento era um trote telefônico que um dos participantes passara em alguém que estava trabalhando.
Enquanto reproduziam a gravação, em que a atendente vítima
do trote tentava educadamente exercer seu trabalho, todos gritavam
adoidadamente imitando personagens e morriam de rir. Ao fim da gravação, seguiram-se mais e mais gritos e loas ao elemento que efetuou
o trote.
Fiquei triste. E, confesso, com saudade daquele funk do
início da corrida.
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