Uberlândia
Marcos Piangers
O Uber é ilegal. É um aplicativo que permite que qualquer pessoa vire taxista, desde que tenha um bom carro e atenda bem os clientes. Os próprios usuários avaliam o motorista, que, se tiver uma nota ruim, é excluído do sistema. Nas cidades onde atua o Uber diminui o tráfego de veículos, diminui a quantidade de motoristas bêbados e diminui o número de acidentes. É uma revolução na mobilidade urbana. Mas é ilegal.
Apesar de ter um serviço melhor, o Uber é mais barato que o táxi. Você pode acompanhar o trajeto pelo celular. Você pode reportar qualquer inconveniente. Você pode pedir um carro com suporte para bicicleta. Você pode pagar um preço fechado baratíssimo se topar dividir sua corrida com outra pessoa. Você pode chamar uma limusine com motorista pelo preço de uma bandeira 2 de táxi. Você pode chamar um helicóptero em algumas cidades. Mas é totalmente ilegal no Brasil.
Não é fácil ser um motorista do Uber. Você precisa ter um bom carro, atender bem os clientes, ganhar pouco por cada corrida porque as margens são minúsculas. Você não tem carteira assinada e muitas vezes tem que devolver dinheiro se pegou um trajeto mais longo pra enganar o passageiro. Ainda assim, milhares de pessoas decidem se tornar motoristas do Uber todos os dias ao redor do mundo.
O Uber é ilegal como o casamento gay era até esses dias. É ilegal como a maconha, que em alguns países é legal e se transformou em uma economia viável. O Uber são as máquinas da revolução industrial, destruídas por ludistas cegos de medo. Como smartphones, o carro autônomo, inteligência artificial, robótica e os algoritmos, todas elas revoluções incríveis que nos trazem soluções e ao mesmo tempo nos deixam aflitos. Temos medo de perder o controle frente a qualquer nova tecnologia.
O Napster era ilegal, mas foi a base para o iTunes e o Spotify. O YouTube era ilegal, mas hoje ninguém imagina o mundo sem ele. As operadoras de TV a cabo tentam matar o Netflix até hoje. As telefônicas querem destruir o WhatsApp. O Airbnb é considerado ilegal em algumas cidades e, ainda assim, fatura mais do que os maiores hotéis do mundo. O mundo, inevitavelmente, anda pra frente. Mesmo que, pra isso, tenha que chamar um táxi.
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