Agora que começou a "corrida do Oscar" (que sempre
parece um tio despreparado em desabalada carreira) começam os entendidos a
falar na "academia". Naquele trololó furado sobre o Oscar –
indicados, ganhadores, perdedores, injustiçados, etc – sempre aparece o
entendido falando: “a academia não gosta desse ou daquele tipo de filme. A academia
prefere filmes de tal forma.” Se sempre vai depender da lembrança que ele tiver
da última vez que viu o Rubens Ewald Filho falando.
Tem também uma incógnita entidade invocada com alguma frequência:
“Eles”. E “eles” sempre são conspiradores. Você certamente já escutou: “Eles
não querem que o povo tenha cultura”. “Eles não têm interesse”. “Eles têm o
poder”.
Outras entidades também estão à espreita. Lembro que em uma
empresa que trabalhei, cuja sede era em Austin (“No Texas”, diria o entendido), sempre havia uma ameaça pairando no ar (reparem como as ameaças pairam).
Era Austin. “Quando Austin souber disso...”, e a frase sempre terminava assim,
reticente e enigmática, sugerindo que Austin – no mínimo – teria o poder de nos
demitir. O que seria razoável, se Austin não estivesse feliz comigo. Mas as
ameaças pairantes começaram a amedrontar de tal maneira que comecei a imaginar
o Austin como um gigante caolho, com um tacape na mão e vestido com rudimentares
peles e pronto pra sacanear algum subordinado de trás de sua mesa. A versão
nacional das entidades nas empresas é São Paulo. “São Paulo não pode saber
disso...”.
E há a versão single e contrária a “Eles” que é “alguém”. “Alguém tem que fazer
alguma coisa”. “Ninguém (o primo preguiçoso de “alguém”) faz nada”.
Enfim, tomemos cuidados com as entidades.
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