segunda-feira, 30 de junho de 2014
DE COPA
Se tem uma coisa que eu não aguento mais na Copa é ver o Neymar, o Júlio César e o Thiago Silva chorando. É muita emoção, amigo. E também um pouco de marketing, por que não? E vamos combinar, jogadores de algumas posições chave não podem ficar toda hora posando de manteiga derretida porque não pega bem.
Nesse ponto eu concordo com o Xico Sá, que disse que o goleiro, os quatro da defesa e o volante não podem chorar. Dos meias pra frente, tudo bem. Mas os homens de defesa? Onde já se viu? Vocês lembram de ver o Brito chorando? O Carlos Alberto? O Dunga?
Não dá. Decididamente, não dá.
Nesse ponto eu concordo com o Xico Sá, que disse que o goleiro, os quatro da defesa e o volante não podem chorar. Dos meias pra frente, tudo bem. Mas os homens de defesa? Onde já se viu? Vocês lembram de ver o Brito chorando? O Carlos Alberto? O Dunga?
Não dá. Decididamente, não dá.
AUTÓGRAFOS
Creio que agora até a atualização do Código Brasileiro de
Trânsito tenha sessão de autógrafos. Digo isso baseado nas últimas edições da
Feira do Livro da MuiLeal, em que as sessões de autógrafos vicejam, e prevejo a
hora em que todas as manhãs terá uma “solenidade informal” para o leitor sair
com seu exemplar de ZH assinado pelo seu colunista favorito. E o autógrafo está
restrito a esse tipo de evento.
Hoje em dia, com o advento dos telefones com câmeras fotográficas e seu poder de publicar as fotos imediatamente para o mundo, o autógrafo caiu em desuso. O que muitos artistas devem comemorar, visto que, para alguns, muitas vezes seria embaraçoso escrever um texto, por menor que ele seja. O Twitter e seus 140 caracteres por publicação está aí pra provar quanta patacoada e tropeço são possíveis nesse pequeno espaço.
Hoje em dia, com o advento dos telefones com câmeras fotográficas e seu poder de publicar as fotos imediatamente para o mundo, o autógrafo caiu em desuso. O que muitos artistas devem comemorar, visto que, para alguns, muitas vezes seria embaraçoso escrever um texto, por menor que ele seja. O Twitter e seus 140 caracteres por publicação está aí pra provar quanta patacoada e tropeço são possíveis nesse pequeno espaço.
E nessas horas sempre lembro que Mário Quintana contava que
certa vez uma menina lhe pediu para “colocar uma dedicação no seu livro”. E ele
escreveu “Para Helena Maria, com toda a minha dedicação”.
TORMENTO
Longe de mim achar que um artista tem que ser comprometido
com alguma causa. Esse tipo de coisa é um ranço que temos da época da ditadura.
Não era de bom tom escrever uma música ou um poema que não tivesse “mensagem”.
Era preciso que isso contestasse alguma coisa. O governo, a família, a
sociedade ou a padaria. Era preciso, era necessário, que o público visse ali uma
metáfora.
Mas também não precisávamos criar uma geração de amebas sem opinião. Ou, pior, com uma opinião genérica sobre tudo. Em que tudo é bonito e tudo tem a nos ensinar. Não é nem em cima do muro, é um fenômeno que permite estar em todos os lados do muro ao mesmo tempo. Uso “todos” os lados do muro, pois não acredito que o mundo - ou o que seja - possa ser separado por um muro em duas partes. Acho que somos separados por muitos muros, em muitas partes.
Mas também não precisávamos criar uma geração de amebas sem opinião. Ou, pior, com uma opinião genérica sobre tudo. Em que tudo é bonito e tudo tem a nos ensinar. Não é nem em cima do muro, é um fenômeno que permite estar em todos os lados do muro ao mesmo tempo. Uso “todos” os lados do muro, pois não acredito que o mundo - ou o que seja - possa ser separado por um muro em duas partes. Acho que somos separados por muitos muros, em muitas partes.
É claro que ainda temos os engajados - as “putinhas
aborteiras” e outras turmas mantêm a tradição. E a coisa é tão exagerada que
chega a ser caricata. Mas deixar a barba por fazer, usar óculos de grossos aros
e ter o cabelo como o de um cineasta atormentado e cantar amenidades juvenis
depois dos 40 também é demais.
CLÁSSICOS PARA A VIDA ETERNA
KILLING ME SOFTLY (1973) ROBERTA FLACK
Sérgio Luiz Gallina
Killing Me Softly with His Song é uma canção de 1971 composta por Charles Fox e Norman Gimbel, inspirada no poema Killing Me Softly with His Blues de Lory Lieberman.
A própria Lieberman foi a primeiro a gravar a canção, em 1971, mas foi a versão de Roberta Flack, de 1973, que tornou a canção um sucesso, alcançando o número um na Billboard Hot 100 e ganhando três prêmios Grammy, incluindo o de canção do ano.
Strumming my pain with his fingers
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly, with his song
I heard he sang a good song, I heard he had a style
And so I came to see him, and listen for a while
And there he was, this young boy, a stranger to my eyes
I felt all flushed with fever, embarrassed by the crowd
I felt he found my letters, and read each one out loud
I prayed that he would finish, but he just kept right on
He sang as if he knew me, and all my dark despair
He kept on looking right through me as if I wasn't there
And then he kept on singing, singing clear and strong
Singing my life with his words
Killing me softly with his song
Killing me softly with his song
Telling my whole life with his words
Killing me softly, with his song
I heard he sang a good song, I heard he had a style
And so I came to see him, and listen for a while
And there he was, this young boy, a stranger to my eyes
I felt all flushed with fever, embarrassed by the crowd
I felt he found my letters, and read each one out loud
I prayed that he would finish, but he just kept right on
He sang as if he knew me, and all my dark despair
He kept on looking right through me as if I wasn't there
And then he kept on singing, singing clear and strong
domingo, 29 de junho de 2014
DO FUNDO DO BAÚ
Quick Draw McGraw - conhecido como Pepe Legal no Brasil - foi criado e produzido pela Hanna-Barbera, contando as aventuras de um cavalo antropomorfo (animal com características humanas), que era apresentado dentro de uma série animada que tinha seu próprio nome The Quick Draw McGraw Show (Pepe Legal Show). O programa era acompanhado de mais dois desenhos, Augie Doggie and Doggie Daddy (Bibo Pai e Bob Filho) e Snooper and Blabber (Olho-Vivo e Faro-Fino), cada episódio em torno de seis minutos.
Na abertura do desenho vem ele, Pepe Legal, em uma carroça puxada por outros cavalos, passando por desfiladeiros, pontes, riachos. As rodas se adaptam às curvas do caminho, aumentando e diminuindo a largura do eixo ou crescendo e diminuindo para se adaptar às depressões do terreno. Uma máquina fantástica. No final, ao puxar o freio, eis que o mesmo não funciona e nosso herói se vê afundando enquanto freia com o pé, até ficar completamente coberto pelo solo.
Pepe Legal era um cavalo oficial do Novo México que lembrava muito os velhos filmes de cowboys no Velho Oeste Americano. Ele não era lá muito inteligente e totalmente inapto para exercer o cargo de xerife. Quando conseguia sacar sua arma, geralmente acabava atirando nele mesmo. Sua sorte era ter ao seu lado como ajudante o burro chamado Babalu, que falava com um sotaque bem acentuado de mexicano que apesar de ser um burro, Babalu demonstrava ser muito inteligente. Uma de suas frases prediletas dizia "Pepe Legal es inteligente, o que lhe falta el pensamento...", justificando as confusões que Pepe Legal sempre se metia. Era ele que no final das contas acaba praticamente resolvendo todo o problema e acabava prendendo os bandidos, apesar de toda a gloria ir para Pepe Legal.
Em alguns episódios da série, Pepe Legal também assumia a identidade secreta do vigilante mascarado conhecido como "El Kabong", que era evidentemente uma paródia ao mascarado Zorro. Ele geralmente vinha voando numa espécie de "cipó ou corda", semelhante ao Tarzan, apesar de ninguém saber onde essa "corda" era amarrada. El Kabong atacava os seus inimigos, não com uma espada, mas sim com seu violão e dando o seu grito de guerra onomatopaico "KABOOOOOONG!" ou às vezes "OLAYYYEEEEEE!" e sempre lançando seu violão chamado de "Kabonger" sobre a cabeça de seus inimigos.
Depois que o programa The Quick Draw Show foi encerrado, Pepe Legal ainda continuou a aparecer em outras produções da Hanna-Barbera, como "A Turma do Zé Colméia", "Yo Yogi!", "Os Ho-ho-límpicos", "Casper's First Christmas" e também em "Samurai Jack" e em "A Corrida Espacial do Zé Colméia". Pepe Legal apareceu em "Harvey Birdman, Attornye at Law" onde ele ia preso por fazer sátiras políticas sobre armas norte-americanas com seu violão. Mais recentemente ele fez participação como convidado especial num dos episódios de "Johnny Bravo". Este espetáculo foi apresentado em todo o mundo e no Brasil passou a ser exibido e reprisado por diversas vezes, em diversas emissoras brasileiras, desde a década de 1960, alcançando um grande êxito.
wikipedia
Na abertura do desenho vem ele, Pepe Legal, em uma carroça puxada por outros cavalos, passando por desfiladeiros, pontes, riachos. As rodas se adaptam às curvas do caminho, aumentando e diminuindo a largura do eixo ou crescendo e diminuindo para se adaptar às depressões do terreno. Uma máquina fantástica. No final, ao puxar o freio, eis que o mesmo não funciona e nosso herói se vê afundando enquanto freia com o pé, até ficar completamente coberto pelo solo.
Pepe Legal era um cavalo oficial do Novo México que lembrava muito os velhos filmes de cowboys no Velho Oeste Americano. Ele não era lá muito inteligente e totalmente inapto para exercer o cargo de xerife. Quando conseguia sacar sua arma, geralmente acabava atirando nele mesmo. Sua sorte era ter ao seu lado como ajudante o burro chamado Babalu, que falava com um sotaque bem acentuado de mexicano que apesar de ser um burro, Babalu demonstrava ser muito inteligente. Uma de suas frases prediletas dizia "Pepe Legal es inteligente, o que lhe falta el pensamento...", justificando as confusões que Pepe Legal sempre se metia. Era ele que no final das contas acaba praticamente resolvendo todo o problema e acabava prendendo os bandidos, apesar de toda a gloria ir para Pepe Legal.
Em alguns episódios da série, Pepe Legal também assumia a identidade secreta do vigilante mascarado conhecido como "El Kabong", que era evidentemente uma paródia ao mascarado Zorro. Ele geralmente vinha voando numa espécie de "cipó ou corda", semelhante ao Tarzan, apesar de ninguém saber onde essa "corda" era amarrada. El Kabong atacava os seus inimigos, não com uma espada, mas sim com seu violão e dando o seu grito de guerra onomatopaico "KABOOOOOONG!" ou às vezes "OLAYYYEEEEEE!" e sempre lançando seu violão chamado de "Kabonger" sobre a cabeça de seus inimigos.
Depois que o programa The Quick Draw Show foi encerrado, Pepe Legal ainda continuou a aparecer em outras produções da Hanna-Barbera, como "A Turma do Zé Colméia", "Yo Yogi!", "Os Ho-ho-límpicos", "Casper's First Christmas" e também em "Samurai Jack" e em "A Corrida Espacial do Zé Colméia". Pepe Legal apareceu em "Harvey Birdman, Attornye at Law" onde ele ia preso por fazer sátiras políticas sobre armas norte-americanas com seu violão. Mais recentemente ele fez participação como convidado especial num dos episódios de "Johnny Bravo". Este espetáculo foi apresentado em todo o mundo e no Brasil passou a ser exibido e reprisado por diversas vezes, em diversas emissoras brasileiras, desde a década de 1960, alcançando um grande êxito.
LEITURA DE DOMINGO
Nunca deixe seu filho mais confuso que você
De manhã, na copa. O
pai mexe o café na xícara. O filho caçula vem da sala, dispara:
— Pai, o que é genitália? O homem volta-se:
— Ge... o quê?
— Genitália.
— Onde é que você tirou isso, da sua cabeça?
— Tá no jornal, pai.
— Genitália, no jornal? Bem, esse assunto não é comigo agora. Já estou atrasado pro trabalho. Cadê sua mãe? Rita! Ritinhaaaaa! Onde é que essa mulher se enfiou? Rita, venha ouvir aqui o que seu filho está aprontando.
Dona Rita desce esbaforida:
— Algum problema, Gervásio?
— Problema nenhum. O garoto está apenas querendo saber o que é genitália. Explique pra ele. Estou de saída.
— Genitália? Eu? Isso é conversa de homem pra homem. Vai dizer que você não sabe?
— Saber eu sei, lógico. Mas há coisas que a gente sabe o que é na teoria, mas fica difícil de explicar na prática.
— Deixa de bobagem.
— Tá bom. Depois, se eu pegar trânsito, quero só ver.
— Pode deixar, pai. Não precisa ficar discutindo você e a mamãe por causa de uma palavra. Eu pergunto pra tia da escola.
— Tá louco? A tia pode pensar mal da gente. Deixa comigo. Presta atenção: genitália é o mesmo que partes pudendas. Genitália é uma coisa muito antiga. Já existia no tempo do seu bisavô. No século passado, quando seu bisavô estava vivo, as pessoas tinham pudor. Elas ocultavam do público certas partes do corpo. Chegavam até ao exagero. As partes que ficavam mais resguardadas formavam, exatamente, a genitália. A genitália eram as partes pudendas.
— O umbigo era genitália, pai?
— Não. Na verdade, não era. Vou tentar explicar melhor. As pessoas tinham vergonha de mostrar o corpo. E uma certa parte do corpo era reservada ao extremo. Não aparecia nem em filme francês. As pessoas chamavam esse território misterioso de vergonhas. Isso é que é a genitália moderna.
— Não. Acho que não estou sendo muito claro. Ritinha, você
não quer dar uma mão?
— Não. Assuma.
— Bom, vou pras cabeças. Ahnnn. Hummmm. Abaixe as calças. Mais. Até os tornozelos. Isso. Pronto, tá aí a genitália.
— O umbigo?
— No térreo do umbigo. Que é que você vê embaixo do umbiguinho?
— Pô, pai. Vai dizer que o senhor não sabe o que é isso? É meu bingolim, pai.
— Ta aí. O bingolim é a genitália do homem.
— Puxa, o senhor podia ter falado antes.
— Na vida, às vezes é preciso usar eufemismos. Por exemplo, a genitália da mulher tem um nome delicado, leve, ágil. Sabe o que estou querendo dizer, não sabe? Começa com b.
— Barata da vizinha?
— Não, filho. Borboleta.
CURTA NO TOA - A BREVE ESTÓRIA DE CANDIDO SAMPAIO
A Breve Estória de Cândido Sampaio
Sinopse: Uma emergente decide fazer "algo pelo social" e usa uma Sem-Teto para conseguir uma projeção no circuito social. A Sem-teto se vê na dura situação de ceder um ente para coseguir um dinheiro. Uma comédia com final surpreendente.
Gênero: Ficção
Subgênero: Comédia, Drama
Diretor: Pedro Carvana
Elenco: Diogo Catarino da Silva, Hugo Carvana, Inez Viana, Isabel Themudo, Jean Paul, Joelson Calazans, Jorge Coutinho, Maria Clara Mattos, Maria Gladys, Mario Henrique Gonçalves dos Santos, Mary Sheila, Nilvan Santos, Ninon Magalhães, Paula Burlamaqui, Rubem de Bem
Duração: 16 min Ano: 2001 Formato: 35mm
País: Brasil Local de Produção: RJ
Cor: Colorido
sábado, 28 de junho de 2014
COVER DO SÁBADO
Bala com Bala é um samba composto por João Bosco e Aldir Blanc, gravado no álbum João Bosco, o primeiro do cantor e compositor mineiro.
Em 1972, Elis Regina gravou a música no disco Elis, o primeiro depois de sua separação de Ronaldo Bôscoli e o primeiro sob a batuta de César Camargo Mariano, que havia abandonado o grupo de Wilson Simonal e seria seu parceiro musical e marido até pouco antes de sua morte.
O samba é de difícil execução, marca constante na carreira de João Bosco, mas é maravilhosamente executado por Elis. Foi um dos primeiros sucessos da dupla na voz da maior cantora do Brasil.
Em 2010, Nasi, após a conturbada separação do Ira!, grava o disco Vivo na Cena, e uma das músicas escolhidas para integrar o repertório é justamente Bala com Bala, que recebe um arranjo puxado para o blues e o soul.
O disco foi gravado de maneira antiga, quando todos os músicos se reuniam em uma única sala para gravar as músicas, ou seja, "Ao Vivo" no estúdio. Neste projeto, Nasi regrava músicas que fizeram parte de sua carreira musical dentro do Ira!, dos Irmãos do Blues (projeto do cantor nos anos 90), e dos Voluntários da Pátria, banda pós-punk importantíssima na história do underground Brasileiro. Além de regravações de nomes importantes para o pós-punk brasileiro, como Picassos Falsos e Muzak, artistas da MPB e do Rock brasileiro como Raul Seixas,Cazuza, e João Bosco, novos nomes do rock, como Eddie e The River Raid, e músicas novas como Ogum e Aqui Não É O Meu Lugar.
O álbum foi indicado pelo Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro em 2010.
com wikipedia
Em 1972, Elis Regina gravou a música no disco Elis, o primeiro depois de sua separação de Ronaldo Bôscoli e o primeiro sob a batuta de César Camargo Mariano, que havia abandonado o grupo de Wilson Simonal e seria seu parceiro musical e marido até pouco antes de sua morte.
O samba é de difícil execução, marca constante na carreira de João Bosco, mas é maravilhosamente executado por Elis. Foi um dos primeiros sucessos da dupla na voz da maior cantora do Brasil.
Em 2010, Nasi, após a conturbada separação do Ira!, grava o disco Vivo na Cena, e uma das músicas escolhidas para integrar o repertório é justamente Bala com Bala, que recebe um arranjo puxado para o blues e o soul.
O disco foi gravado de maneira antiga, quando todos os músicos se reuniam em uma única sala para gravar as músicas, ou seja, "Ao Vivo" no estúdio. Neste projeto, Nasi regrava músicas que fizeram parte de sua carreira musical dentro do Ira!, dos Irmãos do Blues (projeto do cantor nos anos 90), e dos Voluntários da Pátria, banda pós-punk importantíssima na história do underground Brasileiro. Além de regravações de nomes importantes para o pós-punk brasileiro, como Picassos Falsos e Muzak, artistas da MPB e do Rock brasileiro como Raul Seixas,Cazuza, e João Bosco, novos nomes do rock, como Eddie e The River Raid, e músicas novas como Ogum e Aqui Não É O Meu Lugar.
O álbum foi indicado pelo Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro em 2010.
O MILAGRE DE SÃO MARCOS
A obra, O Milagre de São Marcos, do pintor renascentista
Tintoretto, feita para a Scuola Grande di San Marco, foi considerada o divisor
de águas na carreira do pintor. Na época, a pintura causou alvoroço em Veneza
devido à natureza inédita de duas imagens e inicialmente foi rejeitada e
devolvida. A obra inaugura um estilo considerado mais dramático do Maneirismo.
2. Texturas:
Ficha Técnica - O Milagre de São Marcos:
Autor: Tintoretto
Onde ver: Scuola Grande di San Marco, Veneza, Itália
Ano: 1542 - 1548
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 415cm x 541cm
Movimento: Renascimento
A grande composição retrata a história do milagre de São
Marcos ao libertar o escravo de um nobre da Provença que desobedecera seu
senhor ao visitar o santuário de São Marcos, em Lyon. A punição decretada pelo
nobre, que se encontra sentado no alto, à direita, foi a cegueira e a
mutilação.
O corpo do escravo encontra-se estendido no chão, no centro
da composição, cercado por observadores enquanto um homem se prepara para
perfurar seu olho com uma estaca de madeira. Ao mesmo tempo, outro homem exibe
os instrumentos de tortura.
Exatamente nesse momento surge São Marcos, vindo do alto
para salvar o condenado. As figuras em primeiro plano contrastam com a
serenidade da arquitetura clássica ao fundim que cerca um jardim - há ainda
duas figuras no portão, totalmente alheias ao que se passa ali perto. Essas
figuras aumentam a tentão e a dramaticidade dos eventos ocorrendo no primeiro
plano.
3 detalhes de O Milagre de São Marcos se destacam:
1. Pigmentos caros:
Tintoretto adaptava o
seu estilo ao tipo de pintura e cliente. Dessa maneira, pigmentos caros, como o
azul-ultramar presente nessa obra, só eram usados amplamente em obras de
clientes aristocráticos. Em geral, as cores mais frias eram substituídas por
vermelhos e dourados.
2. Texturas:
O contraste de
texturas utilizado pelo pintor fica visível no brilho do capacete, na solidez
do martelo e nos estilhaços da estaca contra a carne branca e brilhosa do
escravo deitado no chão.
3. Poses dinâmicas:
Poses dinâmicas,
retorcidas e encurtadas, como a figura de vermelho com costas e braços
musculosos, lembram a pintura maneirista. Entretanto, esse tipo de recurso não
apresenta a mesma elegância.
Ficha Técnica - O Milagre de São Marcos:
Autor: Tintoretto
Onde ver: Scuola Grande di San Marco, Veneza, Itália
Ano: 1542 - 1548
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 415cm x 541cm
Movimento: Renascimento
Com Universia Brasil
Nota da Redação: O artista pode ter sido aprendiz de Ticiano
e sofreu acusações a respeito de "truques sujos" para arrecadar
encomendas.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
DE COPA
Acho comovente a revolta de boa parte dos muilealevalerosenses que conheço com a punição que a FIFA aplicou ao atacante Suárez por conta da mordida que ele deu num zagueiro italiano.
Tem muita gente aqui que diz que torce pra celeste, que o Forlán (assim como o Rio de Janeiro do Gil) continua lindo, que Montevidéu é a capital do mundo, que o doce leite deles é imbatível, o vinho é um néctar... e por aí vai. E ainda por cima falam espanhol.
Sobe a trilha do Jorge Drexler, por favor.
Tem muita gente aqui que diz que torce pra celeste, que o Forlán (assim como o Rio de Janeiro do Gil) continua lindo, que Montevidéu é a capital do mundo, que o doce leite deles é imbatível, o vinho é um néctar... e por aí vai. E ainda por cima falam espanhol.
Sobe a trilha do Jorge Drexler, por favor.
MÚSICA NA SEXTA
Arthur Côrtes Verocai nasceu no Rio de Janeiro, em
1945.
Em 1966, teve gravada pela primeira vez uma música de sua
autoria, "Olhando o mar" (com Ronaldo Cysne), por Leny Andrade.
Participou do LP que registrou o evento Musicanossa, com suas canções
"Madrugada" e "Novo amanhã", ambas compostas em parceria
com Paulinho Tapajós. Ainda em 1968, formou-se em Engenharia Civil pela
PUC-Rio.
Iniciou sua carreira profissional de músico e arranjador em
1969. Assinou a direção musical do show "É a maior", com Marlene,
atuando também como guitarrista. Atuou como arranjador em discos e
apresentações em televisão de Ivan Lins, O Terço, Jorge Ben (hoje Jorge
Benjor), Elizeth Cardoso, Gal Costa, Erasmo Carlos, Quarteto em Cy, MPB-4,
Célia, Guilherme Lamounier, Nélson Gonçalves e Marcos Valle, entre outros.
Participou do show "A vida de Braguinha", ao lado de Elizeth Cardoso,
Quarteto em Cy, MPB-4 e Sidney Magal, atuando como diretor musical, maestro e
condutor da orquestra.
Na década de 1970, foi contratado pela TV Globo, atuando
como diretor musical e arranjador nos programas "Som Livre
Exportação", "Chico City" e "A grande família" e em
trilhas incidentais e temas de abertura de novelas.
Em 1972, ingressou na música publicitária, criando e
produzindo fonogramas para clientes como Brahma, Fanta, Petrobras, Sul América,
Souza Cruz e Shell, entre outros. Nesse mesmo ano gravou seu primeiro disco
solo, "Arthur Verocai", cuja primeira música é Caboclo, que foi usada
recentemente como sample por rappers
americanos, assim como outras de suas músicas.
Caboclo
Arthur Verocai
Caboclo quando sai
Acorda o sol pela manhã
Planta algodão
Planta nuvens pelo chão
À noite, quando volta,
Traz estrelas num bornal
Cofres do sertão
Que semeiam no quintal
Descendo do horizonte
Ele tira seu chapéu
Olhando um olho d'água
Que cuspia para o céu
Deitado na paisagem
Na folhagem enrolou
Pés de uma manhã
Passeando pela luz
O vento no seu rosto
Sopra leve, tira o sol
Como tira o pó
De um velho paletó
E pondo os pés na lama
Seu sapato feito só
De barro pra ser gasto
Quando então pisar na grama
Nota da Redação: Assinou os arranjos dos CDs “Nove”, de Ana Carolina, e
“Feito pra acabar”, de Marcelo Jeneci. Pois é.
Com Wikipédia.
Com Wikipédia.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
ÁLBUM DA QUINTA
OCTOPUS - 1972 - GENTLE GIANT
O Gentle Giant foi uma das grandes bandas de rock progressivo da década de 1970. Apesar de não conseguir o mesmo reconhecimento de bandas contemporâneas, alcançou certo prestígio de crítica e de público, angariando legiões de fãs pelo mundo. A banda foi formada pelos três irmãos Shulman (Phil, Derek e Ray), todos ex-integrantes da banda britânica pop/soul/psicodélica Simon Dupree and the Big Sound, formada em 1966.
Neste disco, o som calculado, experimental e a fusão de estilos atingem seu ápice na discografia da banda. Um exemplo do experimentalismo está em “Raconteur Troubador”, na qual a intenção musical e lírica foi recriar uma música que remonta aos tempos dos trovadores medievais na Inglaterra, tudo com o brilho dos arranjos do Giant.
Em “The boys in the band”, a música da moeda, como ficou conhecida entre os fãs brasileiros, as mudanças de andamento e a sobreposição de instrumentos são milimetricamente calculados.
"Não se atenha ao instrumento da melodia principal. O Gentle Giant foi uma das bandas que mais soube explorar o que a música pode oferecer, sem barreiras, o que traz uma riqueza de detalhes muito grande à sua obra. Basta lembrar que todos os músicos tocavam mais de um instrumento, o que é um recurso muito útil a uma banda que pode-se dizer que fazia da música um estudo." (Wiplash)
Nas apresentações ao vivo, a banda reproduzia tudo o que era feito em estúdio, com os músicos trocando de instrumentos a todo momento e executando os complicados arranjos vocais.
Gary Green - guitarras, percussão
Kerry Minnear - teclados, vibrafone, percussão, cello, Moog, vocais
Derek Shulman - vocais, alto sax
Philip Shulman - sax, trompete, mellofone, vocais
Raymond Shulman - baixo, violino, guitarrra, percussão, vocais
John Weathers - bateria, percussão, chilofone
Lado 1
1. The Advent Of Panurge (4:45)
2. Raconteur Troubadour (4:03)
3. A Cry For Everyone (4:06)
4. Knots (4:11)
Lado 2
5. The Boys In The Band (4:34)
6. Dog's Life (3:13)
7. Think Of Me With Kindness (3:31)
8. River (5:52)
quarta-feira, 25 de junho de 2014
CRIATURAS QUE O MUNDO ESQUECEU
Sílvio Rodrigues Silva, o Sílvio César, nasceu em 1939 em Minas Gerais. Iniciou sua carreira artística na década de 60 como crooner da orquestra de Waldemar Spilman e do conjunto de Ed Lincoln, quando inicia uma trajetória como compositor. É autor de vários sucessos gravados por outros intérpretes, como "Nunca Mais" e "Olhou pra Mim".
Ed Lincoln produziu o primeiro disco de Sílvio, "Amor Demais", na Musidisc, que emplacou sucessos como "O que eu gosto de você", "Conselho a quem quiser voltar", "Preciso dar um jeito" e "Eu te agradeço".
Participou, em 1965, do filme Na Onda do Iê-iê-iê, no papel de César Silva, contracenando com Renato Aragão e Dedé Santana. Foi apresentador de programas de TV, nos quais aparecia cantando e dançando em shows inspirados nos musicais de Hollywood e fez parte do programa Quartel do Barulho, com Renato Aragão e Dedé Santana, que seria o embrião de Os Trapalhões. Também compôs trilhas sonoras para vários filmes e participou de festivais internacionais.
Depois de dois LPs na Musidisc, vai para a Odeon, onde fica por 12 anos, lançando, entre muitas, a canção "Pra você", de sua autoria, gravada em 1965 e que permanece até hoje como um hino ao amor.
Ed Lincoln produziu o primeiro disco de Sílvio, "Amor Demais", na Musidisc, que emplacou sucessos como "O que eu gosto de você", "Conselho a quem quiser voltar", "Preciso dar um jeito" e "Eu te agradeço".
Participou, em 1965, do filme Na Onda do Iê-iê-iê, no papel de César Silva, contracenando com Renato Aragão e Dedé Santana. Foi apresentador de programas de TV, nos quais aparecia cantando e dançando em shows inspirados nos musicais de Hollywood e fez parte do programa Quartel do Barulho, com Renato Aragão e Dedé Santana, que seria o embrião de Os Trapalhões. Também compôs trilhas sonoras para vários filmes e participou de festivais internacionais.
Depois de dois LPs na Musidisc, vai para a Odeon, onde fica por 12 anos, lançando, entre muitas, a canção "Pra você", de sua autoria, gravada em 1965 e que permanece até hoje como um hino ao amor.
terça-feira, 24 de junho de 2014
OS ESTRANGEIROS
Tenho minhas broncas com a MuiLeal, mas, sabem como é, quem
fala mal dela, quem bagunça nela somos nós aqui.
A Muileal já está cheia de argentinos. E muitos deles não sabem se comportar.
A Muileal já está cheia de argentinos. E muitos deles não sabem se comportar.
Não quero - longe de mim - instigar a violência. Inclusive, gostaria que os muilealevalerosenses, se necessário, lembrem-se da música
cantada pelo pacífico e simpático Caetano Veloso: “Sopapo, na cara do fraco, estrangeiro
gozador...”
VINHOZINHO
E toda vez que vou ao mercado, vejo a mesma cena. Casal, ou felizes amigos, fazem charme na frente dos vinhos da França ou de Portugal. Vão caminhando – sempre com muitas conversas paralelas, segurando uma garrafa de vinho pega aleatoriamente na prateleira para depois largar no lugar errado, como se o tempo e o local onde estão em nada importasse – para a direita (ou esquerda, depende do supermercado que você frequenta) na direção dos vinhos argentinos, uruguaios, chilenos (leia-se, em direção aos vinhos mais baratos) e até nacionais.
É claro que é ali que se demoram, contando cada noitada que
tiveram – com uma pessoa que você TEM que conhecer! – com cada um dos vinhos da
estante. É claro que a decisão vem sempre assim: “Vamos levar esse aqui, eu já
tomei – com Fulano, interessantíssimo, você TEM que conhecer! -, é "baratinho", mas
melhor que muito vinho caro”.
Então, tá. Mas, cá pra nós, qual o problema de dizer: “Vamos
levar esse aqui que cabe no orçamento”?
BREGA CHIQUE
Egresso do rock (começou cantando com Raul Seixas, Serguei e outros), Balthazar entrou no mercado fonográfico encaixando-se na vaga que Evaldo Braga deixara na gravadora Phonogram com sua morte, em 31 de janeiro de 1973.
O convite para Balthazar preencher a lacuna deixada pelo ídolo negro veio do então diretor de produção da gravadora, Jairo Pires. Balthazar era amigo de Evaldo Braga e, apesar de ainda não ter gravado discos, sua voz era bastante elogiada pelos profissionais da área.
Foi por meio do primeiro compacto, gravado em 1973, que Balthazar despontou para o sucesso comercial. A boa aceitação do público diante da música “Carta de Amor” (Balthazar) serviu de respaldo para que a gravadora avançasse para o passo seguinte: gravar imediatamente, o primeiro LP.
É de 1976 o sucesso Se eu parar de cantar.
http://musicapopulardobrasil.blogspot.com.br
O convite para Balthazar preencher a lacuna deixada pelo ídolo negro veio do então diretor de produção da gravadora, Jairo Pires. Balthazar era amigo de Evaldo Braga e, apesar de ainda não ter gravado discos, sua voz era bastante elogiada pelos profissionais da área.
Foi por meio do primeiro compacto, gravado em 1973, que Balthazar despontou para o sucesso comercial. A boa aceitação do público diante da música “Carta de Amor” (Balthazar) serviu de respaldo para que a gravadora avançasse para o passo seguinte: gravar imediatamente, o primeiro LP.
É de 1976 o sucesso Se eu parar de cantar.
Você, pode me pedir
Só não pode exigir
Que eu largue a viola
E pare de cantar
Se eu parar de cantar
Eu vou morrer, eu vou morrer
Pois cantando eu digo
O quanto eu amo você
Eu posso parar por uns tempos
Se você quiser
Só não posso deixar de vez de cantar
O dia só me traz tristeza
E problemas pra resolver
A noite me traz alegria e prazer
De conversar com meus amigos
De tocar violão e cantar
Uma canção de amor pra você
Se eu parar de cantar
Eu vou morrer, eu vou morrer
Pois cantando eu digo
O quanto eu amo você
http://musicapopulardobrasil.blogspot.com.br
segunda-feira, 23 de junho de 2014
DE RÁDIO
Ao final do jogo entre Argélia e Coreia do Sul, no Beira Rio, repórter relata uma forte discussão em árabe entre um jogador argelino e jornalistas de seu país na zona mista. Depois de esclarecer que há uma rixa entre a seleção e a imprensa, que questiona a qualidade do trabalho do time, o cara encerra dizendo: "E aconteceu aqui em Porto Alegre!"
Será mais uma marca desta Copa do Mundo, como a utilização de tecnologia para a elucidação de alguns lances, a falha no sistema de som na hora dos hinos ou o 15º gol do Klose?
Curioso...
Será mais uma marca desta Copa do Mundo, como a utilização de tecnologia para a elucidação de alguns lances, a falha no sistema de som na hora dos hinos ou o 15º gol do Klose?
Curioso...
CLÁSSICOS PARA A VIDA ETERNA
NEVER LET GO (1977) CAMEL
Sérgio Luiz Gallina
Crazy preachers of our doom
Telling us there is no room.
Not enough for all mankind
And the seas of time are running dry.
Don't they know it's a lie...
Man is born with the will to survive,
He'll not take no for an answer.
He will get by, somehow he'll try,
He won't take no, never let go, no...
I hear them talk about Kingdom Come,
I hear them discuss Armageddon...
They say the hour is getting late,
But I can still hear someone say,
That is not the way...
domingo, 22 de junho de 2014
LEITURA DE DOMINGO
A resposta
Lêdo Ivo
Seu nome era Serafim
Costa. Mas nome de quem, ou de quê? Na cidade pequena, decerto a sua figura
deveria ter se cruzado, muitas vezes, com a do menino fardado, de camisa branca
e curtas calças azuis extraídas das velhas casimiras paternas. Ele, o comerciante
abastado, talvez comendador, não conhecia o garoto. E este jamais poderia ligar
o nome à pessoa. Assim, Serafim Costa era apenas um nome — a belíssima
sonoridade de um estilhaço de mitologia, uma flor aérea que, em vez de pétalas,
possuía sílabas.
Ele morava no Farol,
exatamente onde o bonde fazia a última curva. Os muros brancos, que cercavam o
quarteirão, semi-escondiam a casa, também branca, além do jardim que aparecia
entre as grades, e em cujos canteiros florejavam espessuras e certas musguentas
flores amarelas, e um imenso besouro zoava. A casa era um palacete de dois
andares, crivado de sacadas e cegas janelas, e que parecia desabitada.
Possivelmente essa incorrigível falsária, a Memória, a pintou, sem tir-te nem
guar-te, com a sua branca tinta adúltera, substituindo a verdade nativa, feita
de alvorentes azulejos pintalgados de azul, por alguma caprichosa arquitetura
rococó. De qualquer modo, de outro lado do muro reto, sem dúvida encimado por
afiados cacos de garrafas para impedir o salto dos ladrões, a gente via as
copas das mangueiras, cajueiros, palmeiras e outras árvores sob as quais alguns
cães esperavam, impacientes, que a rotina bocejante do dia se esfarelasse para
que eles pudessem latir, na noite raiada de estrelas, como que lembrando a
Serafim Costa — que interromperia por meio minuto o seu sono tranqüilo e
patriarcal — as suas presenças vigilantes.
— Aqui mora Serafim Costa devia ter-me dito meu pai, num
daqueles crepúsculos em que, de bonde, voltávamos para casa; ele com a sua
velha pasta que inexplicavelmente não o acompanhou ao túmulo (o que talvez não
o fizesse ser de pronto reconhecido no Paraíso), e nós ainda guardando nos
ouvidos o bulício vesperal do instante em que, aberta a porta do grupo escolar,
as crianças escoavam para a praça e se perdiam nas escurentas ruas tortuosas.
O palacete branco
vulgava riqueza, luxo, secreto esplendor. Além das portas fechadas, das
presumíveis estatuetas de mármore, do aroma das dálias, do fino palor dos
azulejos, das mudas venezianas, havia decerto um universo de opulência, que a
nossa fantasia de meninos pobres mal podia imaginar. A tarde transcurecia; o
portão fechado validava-se como o brasão de uma existência que, terminados os
diálogos inevitáveis de seu ofício de grande comerciante sempre atarefado e
vigilante, suspendia qualquer tráfico com as mesquinharias diurnas, igual a um
navio que, após todo o baixo ritual da estiva, readquire a sua dignidade
perdida sulcando o mar sem amarras.
Era o palácio de
Serafim Costa. E o nome, a magia desse nome que ocupou toda a minha infância, e
era o preâmbulo mágico das encantações, demorava-se em mim, .solfejando-se no
ar eternamente perfumado pelo Oceano. Meu pai, então guarda-livros de um
armazém de tecidos, conhecia Serafim Costa, e nos mostrava a sua residência.
"Aqui mora Serafim Costa." Não nos nomeava uma forma definida de casa
(sobrado, bangalô, palacete); e certo aquela moradia, uma das mais luxuosas da
pequena cidade, refugia às denominações irreversíveis. Ignoro se Serafim Costa era
alagoano ou um dos muitos imigrantes portugueses que, estabelecidos em Maceió,
enriqueceram em tecidos ou em secos e molhados e terminaram comendadores — mas
em seu palacete, na exuberância do jardim equatorial, no chão assombrado de
árvores enlanguescidas pelo mormaço, havia algo que era a fusão improfundável
dos mais faustosos elementos nativos com uma substância remota e avoengueira,
como que a reprodução de antiga planta deixada do outro lado do mar e
tacitamente reconstruída pela poupança e ambição do imigrante afortunado. Por
isso, meu pai dizia aqui, querendo assim significar tudo o que era o império de
Serafim Costa: as grades do jardim, os sinuosos canteiros colmeados de folhas e
flores, os calangros e insetos, a água espatifada de uma fonte, os familiares que
não apareciam às janelas, talvez para não confundir a visão de todos os que,
como eu, o imaginavam reinando solitário em sua mansão, sem quinhoar
ostensivamente com ninguém o resultado, de sua vida vitoriosa, feita de zelo e
siso.
Embora eu não tivesse
conhecido Serafim Costa, tornou-se-me familiar aos olhos um dos empregados de
seu armazém. Era um velho corcunda, de fiapos brancos na cabeça calva, e
devoto. Alguns anos depois, quando já tínhamos deixado de morar no sítio e
passáramos a habitar numa rua do centro da cidade, estávamos todos, no sótão,
assistindo à passagem de uma procissão que enchia a monotonia da tarde de
domingo. Súbito, identifiquei na multidão o corcunda velho e devoto, e
exclamei:
— Olhe o Serafim Costa!
A exclamação fez
espécie a meu pai, que se virou para mim, surpreendido com a notícia. Seu ar
era mais do que de dúvida — decerto eu dissera uma heresia, que reclamava
pronta corrigenda ou a aura de uma prova irretocável. Com o dedo, apontei o
velho corcunda que, de casimira preta na tarde de sol fugidiço, vencia, na
aglomeração, os. paralelepípedos da rua. Meu pai reconheceu o empregado de
Serafim Costa e exclamou, de bom rosto:
— Não é o Serafim Costa — e achou engraçado que eu
confundisse o empregado humilde e devoto com o poderoso e mitológico patrão.
E assim ele ficou
sendo, para mim, sempre e eternamente, um nome, inatingível figura do ar.
Muitas vezes, passeando sozinho pelo sítio ou junto ao mar lampejante, eu
repetia esse nome, despetalava-o na brisa como se ele fosse um malmequer,
juntava de novo as pétalas das sílabas que cantavam mesmo momentaneamente
esquartejadas. Serafim Costa! dizia eu bem alto para que os costados dos navios
pudessem devolver-me, em forma de eco, essa primeira lição de poesia, essa
infindável soletração do absoluto.
Muitos anos depois,
desintegrada a infância, e já envolto numa névoa de estrangeiro, voltei à curva
do bonde. Era ali que morava Serafim Costa — o portão fechado era sinal de que
ele estava lá dentro, movendo-se possivelmente entre frutas maduras, gatos sonolentos
e bojudas porcelanas azuis. Trinta anos se tinham passado desde os dias em que
o bonde, na volta da escola, nos fazia ver a misteriosa morada, o universo
branco e verde estriado de agudas grades negras e manchas róseas. O invisível
Serafim Costa já deveria estar morando, e de há muito, em outra alvacenta
morada... Mas parei diante do portão cerrado, espiei o jardim silencioso, os
vasos de azulejos, as escadarias de mármore, as altas janelas que pareciam
sotéias. E chamei: Serafim Costa!
Chamei a quem, a quê?
E ocorreu o milagre. O nome ficou suspenso no jardim onde se ocultava uma cobra
papa-ovo, depois voou pelos ares, como um pássaro; chocou-se contra os costados
dos cargueiros que, no destempo hirto, desembarcavam em Maceió os caixotes das
mercadorias encomendadas, do outro lado do Oceano, pelo valimento comercial de
Serafim Costa; e, metamorfoseado em eco, voltou de novo aos meus ouvidos, já
agora na soberba hierarquia de um nome que não precisa mais de figura ou de
anedota; e se tornou para sempre algo sonoro e puro, deslumbrante e enxuto.
E, assim, obtive a
resposta.
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