Longe de mim achar que um artista tem que ser comprometido
com alguma causa. Esse tipo de coisa é um ranço que temos da época da ditadura.
Não era de bom tom escrever uma música ou um poema que não tivesse “mensagem”.
Era preciso que isso contestasse alguma coisa. O governo, a família, a
sociedade ou a padaria. Era preciso, era necessário, que o público visse ali uma
metáfora.
Mas também não precisávamos criar uma geração de amebas sem opinião. Ou, pior, com uma opinião genérica sobre tudo. Em que tudo é bonito e tudo tem a nos ensinar. Não é nem em cima do muro, é um fenômeno que permite estar em todos os lados do muro ao mesmo tempo. Uso “todos” os lados do muro, pois não acredito que o mundo - ou o que seja - possa ser separado por um muro em duas partes. Acho que somos separados por muitos muros, em muitas partes.
Mas também não precisávamos criar uma geração de amebas sem opinião. Ou, pior, com uma opinião genérica sobre tudo. Em que tudo é bonito e tudo tem a nos ensinar. Não é nem em cima do muro, é um fenômeno que permite estar em todos os lados do muro ao mesmo tempo. Uso “todos” os lados do muro, pois não acredito que o mundo - ou o que seja - possa ser separado por um muro em duas partes. Acho que somos separados por muitos muros, em muitas partes.
É claro que ainda temos os engajados - as “putinhas
aborteiras” e outras turmas mantêm a tradição. E a coisa é tão exagerada que
chega a ser caricata. Mas deixar a barba por fazer, usar óculos de grossos aros
e ter o cabelo como o de um cineasta atormentado e cantar amenidades juvenis
depois dos 40 também é demais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário