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domingo, 7 de dezembro de 2014

DAS MADRUGADAS

CHAPADÃO
(Tom Jobim)

Vou fazer a minha casa
No alto do chapadão
Vou levar o meu piano
Que ficou no Canecão

Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão
Vou levar Don'Aninha
Pra me dar inspiração

Vou fazer a minha casa
No alto de uma quimera
Vou criar um mundo novo
Vou criar nova megera

Vou fazer a minha casa
Com largura e comprimento
E peço ao Paulo uma sala
Pra botar Aninha dentro

Vou botar minha biruta
No taquaruçu de espinho
Vou fazer cama macia
Pra te amar devarinho

Seremos dois belezudos
Neste mundo de feiosos
As noites serão tranquilas
E os dias tão radiosos

Quero a minha casa feita
Com régua prumo e esmero
Quero tudo bem traçado
Quero tudo como eu quero

Quero tudo bem medido
De largura e comprimento
Não quero que minha casa
Me traga aborrecimento

Vou fazer a minha casa
Do alto de uma canção
E agradecer a Deus Pai
A sobrante inspiração

Sob a axila do Cristo
Neste sovaco cristão
Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão

E vou dar festa bonita
Com bebida e com garçom
E ao Lufa que foi amigo
Dou champagne com bombom

Vou fazer a minha casa
No centro do ribeirão
Quero muita água limpa
Pra lavar meu coração

Minha casa não terá
Nem sábado e nem domingo
Todo dia é dia santo
Todo dia é dia lindo

E dentro da minha casa
Nunca vai juntar poeira
Pelo meio dela passa
Uma enorme cachoeira

Quero água com fartura
Quero todo o riachão
Quero que no meu banheiro
Passe inteiro o ribeirão

Quero a casa em lugar alto
Ventilado e soalheiro
Quero da minha varanda
Contemplar o mundo inteiro

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