Há algum tempo, em conversa com Kevin, pronunciei a frase
menos muilealvalerosense da história. Escrevi, inocentemente, “Não li esse livro”. Não lembro qual
era. Não sou como Luiggi, que lê Joyce, Camus, Bakunin, Malatesta e Guimarães Rosa no original.
Nem como qualquer outro muilealevalerosense. A frase saiu ao natural. Depois, me
dei conta. Se falasse isso em qualquer mesa de bar por aí, ia ser alvo de
comentários desatinados: “Não leu?!?!” E parece que vejo a gesticulação da
interlocutora desesperada com tamanha ignorância, sacudindo a cabeça e os
braços como o bonecão do posto enquanto repete incrédula: “Não leu?!?!”. Não
interessa qual o livro. Se for novidade da última Feira então...
Muilealevalerosense sempre está lendo alguma coisa. E sempre
carregando algum livro no sovaco.
A Muileal é uma terra estranha. Se você falar em Paulo
Coelho, todos se apressam em dizer que nunca leram. Mas, se falar no Capital - que
nenhum comunista por aqui leu -, todo mundo fica quieto. Ou se falar em Kant
também ninguém diz que não leu.
Sigo espantando as mesas com minha ignorância. Sempre
querendo aprender. E nada...
(Que vontade de dizer: “Porra, mal tenho tempo de ler o Correio enquanto cago!”. Mas ando comportado.)
Aquele abraço nos meus familiares.
Adorei o texto!!!
ResponderExcluirAs pessoas têm de parar de falar somente aquilo que é politicamente correto. Chega desse negócio de literatura maior e de literatura menor. Se o cara leu, tá valendo.
Tem muita gente que mente só pra parecer culto! Pessoas desse tipo têm de se f...
A frase que está entre parênteses traz uma grande verdade. Amei!!!!