Tenho a impressão de que estão me enganando no resultado de uma conta. Falo, de novo,
claro, da classe média confortável que escreve e lê jornal.
Além disso, fazem a janta, passam o espanador na mobília e servem o café da manhã como se estivessem num comercial de margarina.
Vejo as mulheres se queixando que têm uma dupla jornada, que
precisam trabalhar em casa e fora dela, que o mundo moderno exige muito da
mulher moderna, que precisa se desdobrar na empresa e no lar. E ainda por cima
é necessário tempo para conversar com os filhos, de-vo-rar livros, ter orgasmos
adoidadamente, e ainda por cima ir à feira ecológica comprar os produtos da
dieta da moda.
De outro lado vejo os homens – que também trabalham fora –discutindo sobre quem troca e já trocou mais fraldas de seu pimpolho e com mais cocô.
Ou qual sabe a temperatura certa do leite apenas com o olhar. Ou quantos já trocaram
o forno de micro-ondas por não esquentar a mamadeira por 14,7
segundos, tempo intermediário entre o que o pediatra recomendou – o zeloso homem sai mais
cedo do trabalho toda terça para poder acompanhar a consulta – e o que a
criança gosta. Isso, claro, enquanto não conseguem dar de mamar do próprio
peito, coisa que ocorrerá em algumas gerações, tenho certeza. Além disso, fazem a janta, passam o espanador na mobília e servem o café da manhã como se estivessem num comercial de margarina.
Legal. O problema é que essa conta não fecha. Ou então tá
todo mundo valorizando demais “a dor e a delícia de ser o que é”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário