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segunda-feira, 2 de junho de 2014

CONTA

Tenho a impressão de que estão me enganando no resultado de uma conta. Falo, de novo, claro, da classe média confortável que escreve e lê jornal.

Vejo as mulheres se queixando que têm uma dupla jornada, que precisam trabalhar em casa e fora dela, que o mundo moderno exige muito da mulher moderna, que precisa se desdobrar na empresa e no lar. E ainda por cima é necessário tempo para conversar com os filhos, de-vo-rar livros, ter orgasmos adoidadamente, e ainda por cima ir à feira ecológica comprar os produtos da dieta da moda.

De outro lado vejo os homens – que também trabalham fora discutindo sobre quem troca e já trocou mais fraldas de seu pimpolho e com mais cocô. Ou qual sabe a temperatura certa do leite apenas com o olhar. Ou quantos já trocaram o forno de micro-ondas por não esquentar a mamadeira por 14,7 segundos, tempo intermediário entre o que o pediatra recomendou – o zeloso homem sai mais cedo do trabalho toda terça para poder acompanhar a consulta – e o que a criança gosta. Isso, claro, enquanto não conseguem dar de mamar do próprio peito, coisa que ocorrerá em algumas gerações, tenho certeza. 

Além disso, fazem a janta, passam o espanador na mobília e servem o café da manhã como se estivessem num comercial de margarina.

Legal. O problema é que essa conta não fecha. Ou então tá todo mundo valorizando demais “a dor e a delícia de ser o que é”.

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