A tarefa era simples, apenas descobrir o que o bistrô
serviria no almoço. Em caso de nada extravagante, sentar e comer. A tentativa
da empreitada começou pelo meio mais prosaico, perguntando para o atendente:
- O que é o almoço?
- É prato feito.
- Certo, e o que vem no prato feito?
- Frango ou bife.
- Que bom, e o que mais?
- É prato feito.
- Certo, além do frango ou do bife, o que mais vem no prato
feito?
- É prato feito
- Feijão, arroz, massa e frango ou bife?
- Isso. Feijão, arroz, massa, batata frita e frango.
- Perfeito, eu quero um com bife
- Não quer frango?
- Não, bife.
- É frango assado.
- Sim. Não pode ser bife?
- Pode sim, mas o frango é assado.
- Bife.
- Certo. Arroz, feijão, massa, batata frita e bife. Arroz,
feijão, massa, batata frita e bife, Arroz, feijão, massa, batata frita e bife...
O prato chegou em minutos. Arroz, feijão, bife e polenta. Sem
massa, sem batata frita. Mas com farinha de mandioca. Colocaram farinha de
mandioca com vontade ali. Como se tivessem passado por uma indústria moageira no
trânsito entre a cozinha e a minha mesa.
Tudo bem. Pedi um refrigerante. O dono do bistrô deteve-se a
examinar meu prato por um bom tempo e disse:
- Não veio o macarrão!
- Tudo bem.
- Ah, mas colocaram nhoque.
Olhei aquela massa uniforme e amarelada, mais dura do que a
vida, maior que uma carteira de cigarros.
- Isso é nhoque?
- É. Nhoque de colher. Bom, né?
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