“De calção, sem camisa, você fica com uma liberdade muito
grande.” Ouvi essa pérola, essa frase lapidar, numa dessas “zapeadas” da vida.
É claro que o sujeito que falou isso estava de sunga e com uns óculos escuros
do tamanho de um para-brisa de caminhão.
Estou, neste momento, de calça, camisa e sapato. E não me
sinto nem um pouco preso. Se eu tenho limitadores na vida – e tenho: grana,
tempo, espaço – não vai ser ficar de cuecas que vai resolver esse problema.
Agora surgiu o movimento “bermuda sim”. Obviamente, o
movimento já conta com milhares, quiçá milhões, de apoiadores nas “redes
sociais”. Me parece que o movimento “é pontual”, tem meia dúzia de adeptos.
Não li nada do que vi a respeito. Mas tenho certeza que os
argumentos pró-bermuda vão desde o científico “com este calorão é brabo” até a
tentativa de sensibilizar malvados chefes que aprisionam seus funcionários em
calças compridas com promessas de melhor produtividade por arejar as canelas.
Eu posso estar completamente enganado, mas desconheço um
escritório qualquer sem ar condicionado. O movimento, claro, é encabeçado por
funcionários de escritórios. Você já viu operário de chão de fábrica com tempo
ou disposição pra entrar no tuíter ou feicebuque pra dar uma queixadinha?
O movimento vai ser vencedor, tenho certeza. Se não neste, noutro
ano. É uma questão de tempo. E aí virão novos movimentos, por um mundo sem
sapatos, sem banho e por aí a fora. Tramita na Câmara o dia do orgulho sans culottes.
Vai chegar o dia que você vai entrar no banco peladão, esperar
o atendimento coçando as frieiras. Pelo menos, sem calças, ele deve perder o
ímpeto de reclamar de seu saldo negativo.
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