A sinceridade está entre as coisas mais deselegantes que
existem. Sim, pudico leitor. Isso mesmo. A sinceridade é deselegante. Quando alguém lhe diz “posso ser sincero” ou “com
sinceridade” é certo que vem algo desagradável. E o que menos se precisa
atualmente é algo desagradável a mais perturbando nosso dia.
Não use sua sinceridade pra dizer que o vestido deixa a
vizinha gorda, que o penteado não valoriza quem tem cabelo branco. Guarde-a pra
momentos mais importantes: “o zíper está aberto”, “tem ranho no teu nariz”, essas
coisas.
Pensei nisso almoçando em um bistrô em Carbon Land. Na TV passava
um desses programas matutinos, de amenidades (a Fátima Bernardes da Record, da
Band ou do SBT, realmente não sei), e o convidado era o cantor Netinho. Ele
dizendo – muito pouco animado – que estava voltando aos palcos. A voz dele está
débil, um tico. Eu sei que estamos em 2014 e existem microfones que servem
para ampliar a voz de deputados, pastores e cantores, mas mesmo assim estava
fazendo feio. Era o momento de alguém ser deselegantemente sincero e dizer: “Meu
amigo, não dá.” E aí nessa hora ninguém quer ser sincero.
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