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sexta-feira, 6 de junho de 2014

MÚSICA NA SEXTA

Luiz Augusto de Moraes Tatit nasceu em São Paulo, em 1951.

Em 1974, ao lado de Hélio Ziskind, Geraldo Leite, Paulo Tatit, Gal Oppido, Zecarlos Ribeiro e Akira Ueno, fundou o Grupo Rumo (mais tarde integrado, também, por Pedro Mourão, Ná Ozzetti e Ciça Tuccori).

Três anos depois, iniciou, com o grupo, o projeto "Rumo aos Antigos", apresentando uma reelaboração das canções das décadas de 1920 e 1930.

Em 1997, lançou seu primeiro CD solo, "Felicidade", contendo suas composições "Eu sou eu", "A companheira", "Deu pane em São Paulo", "Quer uma coisa?", "Luar", "No decorrer da madrugada", "O menino", "Quase", "O rei", "Haicai", "Depois melhora", "Seios da voz" e a faixa que dá título ao disco "Felicidade".


Felicidade
Luiz Tatit
Não sei porque eu tô tão feliz
 Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
 Não sei o que que foi que eu fiz
 Se eu fui perdendo o senso de realidade
 Um sentimento indefinido
 Foi me tomando ao cair da tarde
 Infelizmente era felicidade
 Claro que é muito gostoso
 Claro que eu não acredito
 Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito
Não sei porque eu tô tão feliz
 Preciso refletir um pouco e sair do barato
 Não posso continuar assim feliz
 Como se fosse um sentimento inato
 Sem ter o menor motivo
 Sem uma razão de fato
 Ser feliz assim é meio chato
 E as coisas nem vão muito bem
 Perdi o dinheiro que eu tinha guardado
 E pra completar depois disso
 Eu fui despedido e estou desempregado
 Amor que sempre foi meu forte
 Não tenho tido muita sorte
 Estou sozinho, sem saída, sem dinheiro e sem comida
 E feliz da vida!!!
Não sei porque eu tô tão feliz
 Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
 Pensei que fosse por aí, fiz todas terapias que tem na cidade
 A conclusão veio depressa e sem nenhuma novidade
 O meu problema era felicidade
 Não fiquei desesperado, não, fui até bem razoável
 Felicidade quando é no começo ainda é controlável
Não sei o que foi que eu fiz
 Pra merecer estar radiante de felicidade
 Mais fácil ver o que não fiz
 Fiz muito pouca aqui pra minha idade
 Não me dediquei a nada
 Tudo eu fiz pela metade, porque então tanta felicidade
 E dizem que eu só penso em mim, que sou muito centrado
 Que eu sou egoísta
 Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética
 E faz uma lista
 Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade
 Independente dos deslizes dentre todos os felizes
 Sou o mais feliz
Não sei porque eu tô tão feliz
E já nem sei se é necessário ter um bom motivo
A busca de uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo
Enfim, eu já tentei de tudo, enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti, vou ser feliz pra sempre
Peço a todos com licença, vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho
Só com muito espaço!
Com Dicionário Cravo Albin

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