Luiz Augusto de
Moraes Tatit nasceu em São Paulo, em
1951.
Em 1974, ao lado de Hélio Ziskind, Geraldo Leite, Paulo
Tatit, Gal Oppido, Zecarlos Ribeiro e Akira Ueno, fundou o Grupo Rumo (mais
tarde integrado, também, por Pedro Mourão, Ná Ozzetti e Ciça Tuccori).
Três anos depois, iniciou, com o grupo, o projeto "Rumo
aos Antigos", apresentando uma reelaboração das canções das décadas de
1920 e 1930.
Em 1997, lançou seu primeiro CD solo,
"Felicidade", contendo suas composições "Eu sou eu",
"A companheira", "Deu pane em São Paulo", "Quer uma
coisa?", "Luar", "No decorrer da madrugada", "O
menino", "Quase", "O rei", "Haicai",
"Depois melhora", "Seios da voz" e a faixa que dá título ao
disco "Felicidade".
Felicidade
Luiz Tatit
Não sei porque eu tô tão feliz
Não há motivo algum
pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi
que eu fiz
Se eu fui perdendo o
senso de realidade
Um sentimento
indefinido
Foi me tomando ao
cair da tarde
Infelizmente era
felicidade
Claro que é muito
gostoso
Claro que eu não
acredito
Felicidade assim sem
mais nem menos é muito esquisito
Não sei porque eu tô tão feliz
Preciso refletir um
pouco e sair do barato
Não posso continuar
assim feliz
Como se fosse um
sentimento inato
Sem ter o menor
motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é
meio chato
E as coisas nem vão
muito bem
Perdi o dinheiro que
eu tinha guardado
E pra completar
depois disso
Eu fui despedido e
estou desempregado
Amor que sempre foi
meu forte
Não tenho tido muita
sorte
Estou sozinho, sem
saída, sem dinheiro e sem comida
E feliz da vida!!!
Não sei porque eu tô tão feliz
Vai ver que é pra
esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por
aí, fiz todas terapias que tem na cidade
A conclusão veio
depressa e sem nenhuma novidade
O meu problema era
felicidade
Não fiquei
desesperado, não, fui até bem razoável
Felicidade quando é
no começo ainda é controlável
Não sei o que foi que eu fiz
Pra merecer estar
radiante de felicidade
Mais fácil ver o que
não fiz
Fiz muito pouca aqui
pra minha idade
Não me dediquei a
nada
Tudo eu fiz pela
metade, porque então tanta felicidade
E dizem que eu só
penso em mim, que sou muito centrado
Que eu sou egoísta
Tem gente que põe
meus defeitos em ordem alfabética
E faz uma lista
Por isso não se
justifica tanto privilégio de felicidade
Independente dos
deslizes dentre todos os felizes
Sou o mais feliz
Não sei porque eu tô tão feliz
E já nem sei se é
necessário ter um bom motivo
A busca de uma razão
me deu dor de cabeça, acabou comigo
Enfim, eu já tentei
de tudo, enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti, vou ser
feliz pra sempre
Peço a todos com
licença, vamos liberar o pedaço
Felicidade assim
desse tamanho
Só com muito espaço!
Com Dicionário Cravo Albin
Nenhum comentário:
Postar um comentário