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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

MÚSICA NA SEXTA

Djavan Caetano Viana nasceu em Maceió, em 1949.

Djavan poderia ter sido jogador de futebol. Lá pelos 11, 12 anos dividia seu tempo e sua paixão entre o jogo de bola nas várzeas de Maceió e o equipamento de som quadrifônico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola.

Da primeira paixão, despontava como talentoso meio-campo no time do CSA, onde poderia ter feito tranquilamente carreira profissional. Mas é na viagem sonora pela coleção de discos do Dr. Ismar - que para o pequeno alagoano parecia conter toda a música do mundo - que desponta um artista: o compositor, cantor, violonista e arranjador Djavan.

Nascido de família pobre, aprende violão sozinho nas deficientes cifras de revistas do jornaleiro. Aos 18, já anima bailes da cidade com o conjunto Luz, Som, Dimensão (LSD). Não demora a ter certeza: precisa compor.

Aos 23, chega ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical.   É crooner de boates famosas - Number One e 706. Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Mello, produtor da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar trilhas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como Dori Caymmi, Toquinho e Vinícius e Marcos e Paulo Sérgio Valle.

Em três anos, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados gêneros.   Com uma delas, "Fato Consumado", tira segundo lugar no Festival Abertura, realizado pela TV Globo em 1975, e chega ao estúdio da Som Livre. De lá sai com seu primeiro disco, das mãos do mítico produtor Aloysio de Oliveira (o mesmo de Carmen Miranda e Tom Jobim).  Seria apenas o primeiro de uma longa discografia, que colocou Djavan definitivamente entre os maiores e mais influentes artistas da música brasileira.

Em 1980 Djavan lança seu terceiro disco, Alumbramento, e mostra que, além de completo, dialoga bem com seus pares. Nele, inaugura parcerias com Aldir Blanc, Cacaso e Chico Buarque, agora definitivamente colegas de primeiro time da MPB.  A esta altura, talento reconhecido por crítica e público, Djavan vê algumas de suas músicas ganharem outras vozes: Nana Caymmi grava "Dupla traição", Maria Bethânia, “Álibi, Roberto Carlos, “A ilha”, Gal Costa, “Açaí".

A canção "Faltando um Pedaço" foi lançada no mesmo ano em um disco promocional, sendo que o álbum Seduzir, que inclui a música, foi lançado em maio de 1981.


Faltando um Pedaço
Djavan

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha

O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho

O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços

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