A
modelo Gisele Bündchen disse que se pudesse viveria descalça, em uma casa de
árvore, cercada de animais, como Tarzan e Jane.
Não
é só ela que tem esse pensamento. Já ouvi isso de um monte de gente. E eu – filho
do carbono e do amoníaco – me pergunto: Por que não podem? E lamento: Por que
raios não vão pro meio do mato? É um favor que me fariam. Isso só traria
benefício pra todo mundo. Pra esses nostálgicos da selva e pra quem fica. Eu
seria todo agradecimento.
Eles viveriam felizes, com seus bichos, fazendo cocô no arbusto, se abanando pra espantar os mosquitos, e eu – monstro de escuridão e rutilância – na cidade, com aluguéis mais baratos, mais vagas de emprego e estacionamento, todo mundo sairia ganhando.
Mas
não vão. Ficam aqui. E chateando com esse papo ainda por cima. Eu, envelheço.
Já o verme – este operário das ruínas –, que o sangue podre das carnificinas come,
e à vida em geral declara guerra, anda a espreitar meus olhos para roê-los, e
há de me deixar apenas os cabelos, na frialdade inorgânica da terra.
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