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sexta-feira, 31 de julho de 2015

DAS MADRUGADAS

O cachorro sorrir latindo pode ser uma demasia. Muito embora quem tenha um cachorro ou um gato entenda o que Roberto Carlos quis dizer. E a música – O Portão  é bela. 

Claro, pro meu gosto tem um arranjo muito grandiloquente. Muito violino. Podia ter mais gaitinha de boca. Um clima meio Sérgio Leone não cairia mal. “Minhas malas coloquei no chão, eu voltei”.

Claro, a volta de Roberto não é por vingança nem redenção. É apenas uma volta. “Quase nada se modificou, acho que só eu mesmo mudei. E voltei”.

Depois, talvez os versos mais bonitos de Roberto. Quiçá da música brasileira:

Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz entrar primeiro
Todo o meu passado iluminei
E entrei”.

Qualquer interpretação dos versos acima seria literatura barata. Mais barata do que esse locutor que vos fala pode produzir.

Existe alguma necessidade de explicar a volta. Talvez pra ele mesmo. Talvez entender que a única coisa que aconteceu foi que o tempo passou:

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar por onde andei
E eu falei.

E assim como não há cobrança de quem ficou, não há cobrança de quem volta.

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém à minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei

E nem sempre é preciso falar. Roberto sabe disso:

“Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei”

Nada disso, nada disso interessa. Interessa é a música e a frase de Alabama enquanto abria mais um tinto: "Esse teclado é uma cortina de sentimentos."

Enfim, sirva seu drink e aperte o play.


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