Nara Lofego Leão Diegues nasceu no Espírito Santo,
em 1942.
Durante a infância, Nara teve aulas de violão com Solon
Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo "Os Oito Batutas", de Pixinguinha. Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de
Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá
Ferreira, em Copacabana. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da academia.
Em janeiro de 1964, Nara cumpre uma temporada de shows da
boite Bottle’s, no Beco das Garrafas, ao lado do Bossa Trio (Dom Um Romão na
bateria, Gusmão no baixo e Carlinhos no piano) e da violonista Rosinha de
Valença.
Nara, seu primeiro disco pela Elenco, é lançado na boate Zum
Zum em fevereiro desse ano. Nesse disco, Nara se afasta de vez do rótulo de
“cantora de bossa nova” e inaugura um repertório que promovia o encontro das
composições de Carlos Lyra, Vinícius de Moraes e Baden Powell com os sambas de
Cartola, Zé Ketti e Nelson Cavaquinho.
Ainda nesse ano de 1964, Nara assina um contrato com a
Philips para a gravação de seu novo disco. Além disso, fez uma temporada em São
Paulo e shows em várias cidades brasileiras, passando pelo Norte e pelo
Nordeste. Em uma dessas viagens, conhece os trabalhos de Maria Bethânia,
Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Em setembro, Nara participa, ao lado de Sérgio Mendes, Tião
Neto e Edson Machado, de uma turnê de shows nacionais e internacionais (com
apresentações no Japão) promovida pela empresa de moda Rhodia.
Em outubro, Nara concede uma polêmica declaração para a
revista Fatos e Fotos em que anuncia sua ruptura completa e, até então,
definitiva, com a bossa nova e seus compositores. Com o título “Nara de uma
bossa só”, a matéria teria uma réplica dos seus antigos parceiros, na mesma
revista, com o título “Resposta à Nara”.
Em novembro é lançado Opinião de Nara, segundo disco da
cantora, pela Philips. O disco, com, repertório na mesma linha do primeiro,
torna-se a inspiração para o espetáculo musical Opinião, escrito por Oduvaldo
Vianna Filho, Paulo Pontes e Armanda Costa, dirigido por Augusto Boal e
encenado pela própria Nara, por Zé Ketti e João do Vale.
Em 1977, após um período dedicado aos seus estudos de
psicologia e aos filhos, Nara retorna ao universo da música popular gravando o
disco "Meus Amigos São Um Barato", com parcerias com alguns de seus
amigos da bossa nova, como Tom, João Donato, Menescal e Boscôli, amigos
compositores, como Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Edu Lobo, e com
novos amigos como, Dominguinhos e Sivuca.
Também grava com Erasmo Carlos “Meu Ego”, música dele e de Roberto Carlos. Sobre essa música, Nara escreve no álbum: “O Tremendão é uma pessoa sensível e sempre simpatizei muito com ele,
desde que o conheci nos áureos tempos dos musicais da Record. Adoro suas
músicas e quando ele me mostrou Meu Ego, achei forte, densa, de uma
agressividade necessária. Agressividade que abre os olhos, que fala dos
problemas de todo mundo.”
Meu Ego
Roberto Carlos / Erasmo Carlos
Por favor meu ego
Não dê força ao prego
Que nos põe contra a parede
Pra nos afogar de sede
Chove chuva na sua boca
E você não bebe
Há palavras, existem letras
Mas você não forma
As frases loucas que cultiva por aí
Fale pelos cotovelos, e pelos joelhos
Me critique sem razão
Se omitir não vale à pena
Mas não polua minha cultura
Não venha dividir comigo sua auto-censura
Me desencontre, não me prostitua
Se não seremos mais uma carcaça em desgraça por aí
Nenhum comentário:
Postar um comentário