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sexta-feira, 17 de julho de 2015

MÚSICA NA SEXTA

Nara Lofego Leão Diegues nasceu no Espírito Santo, em 1942.

Durante a infância, Nara teve aulas de violão com Solon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo "Os Oito Batutas", de Pixinguinha. Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá Ferreira, em Copacabana. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da academia.

Em janeiro de 1964, Nara cumpre uma temporada de shows da boite Bottle’s, no Beco das Garrafas, ao lado do Bossa Trio (Dom Um Romão na bateria, Gusmão no baixo e Carlinhos no piano) e da violonista Rosinha de Valença.

Nara, seu primeiro disco pela Elenco, é lançado na boate Zum Zum em fevereiro desse ano. Nesse disco, Nara se afasta de vez do rótulo de “cantora de bossa nova” e inaugura um repertório que promovia o encontro das composições de Carlos Lyra, Vinícius de Moraes e Baden Powell com os sambas de Cartola, Zé Ketti e Nelson Cavaquinho.

Ainda nesse ano de 1964, Nara assina um contrato com a Philips para a gravação de seu novo disco. Além disso, fez uma temporada em São Paulo e shows em várias cidades brasileiras, passando pelo Norte e pelo Nordeste. Em uma dessas viagens, conhece os trabalhos de Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Em setembro, Nara participa, ao lado de Sérgio Mendes, Tião Neto e Edson Machado, de uma turnê de shows nacionais e internacionais (com apresentações no Japão) promovida pela empresa de moda Rhodia.

Em outubro, Nara concede uma polêmica declaração para a revista Fatos e Fotos em que anuncia sua ruptura completa e, até então, definitiva, com a bossa nova e seus compositores. Com o título “Nara de uma bossa só”, a matéria teria uma réplica dos seus antigos parceiros, na mesma revista, com o título “Resposta à Nara”.

Em novembro é lançado Opinião de Nara, segundo disco da cantora, pela Philips. O disco, com, repertório na mesma linha do primeiro, torna-se a inspiração para o espetáculo musical Opinião, escrito por Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armanda Costa, dirigido por Augusto Boal e encenado pela própria Nara, por Zé Ketti e João do Vale.

Em 1977, após um período dedicado aos seus estudos de psicologia e aos filhos, Nara retorna ao universo da música popular gravando o disco "Meus Amigos São Um Barato", com parcerias com alguns de seus amigos da bossa nova, como Tom, João Donato, Menescal e Boscôli, amigos compositores, como Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Edu Lobo, e com novos amigos como, Dominguinhos e Sivuca.

Também grava com Erasmo Carlos “Meu Ego”, música dele e de Roberto Carlos. Sobre essa música, Nara escreve no álbum: “O Tremendão é uma pessoa sensível e sempre simpatizei muito com ele, desde que o conheci nos áureos tempos dos musicais da Record. Adoro suas músicas e quando ele me mostrou Meu Ego, achei forte, densa, de uma agressividade necessária. Agressividade que abre os olhos, que fala dos problemas de todo mundo.


Meu Ego
Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Por favor meu ego
Não dê força ao prego
Que nos põe contra a parede
Pra nos afogar de sede

Chove chuva na sua boca
E você não bebe
Há palavras, existem letras
Mas você não forma
As frases loucas que cultiva por aí

Fale pelos cotovelos, e pelos joelhos
Me critique sem razão
Se omitir não vale à pena

Mas não polua minha cultura
Não venha dividir comigo sua auto-censura
Me desencontre, não me prostitua
Se não seremos mais uma carcaça em desgraça por aí

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