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sexta-feira, 1 de julho de 2016

MÚSICA NA SEXTA

Elomar Figueira Mello nasceu em Vitória da Conquista, BA, em 1937. Seu nome aparece com variações nos primeiros discos, o que contribuiu para difundir dúvidas e confusões sobre a grafia. A forma adotada na publicação de suas obras desde o álbum Na Quadrada das Águas Perdidas, de 1978, fixou-se como Elomar Figueira Mello, que é seu nome civil.

A formação protestante foi herdada da família. Passagens do Velho Testamento estão sempre presentes nas letras de sua obra, como na música "Ecos de uma Estrofe de Abacuc".

Lançou, em 1968, seu primeiro disco, um compacto simples que trazia suas composições "O Violeiro" e "Canções da Catingueira". No mesmo ano, teve "O Robot" e "Mulher Imaginária" gravadas por Israel Filho, também em compacto simples. Em 1972, lançou o LP "Das Barrancas do Rio Gavião". O disco, independente, gravado no estúdio J.S. Gravações Bahia, vinha com apresentação de Vinícius de Morais, na qual o poeta declarava fazer Elomar "uma sábia mistura do romanceiro medieval e do cancioneiro do nordeste".

O LP trazia doze faixas, todas de sua autoria, e prenunciava a carreira de um compositor fiel às suas raízes, guardando os jeitos, falares e sonoridades do povo do semiárido e também as influências medievais europeias tão presentes no interior do nordeste, entre elas: "O Violêro", "Zefinha", "Incelença do Amor Retirante", "Cantiga de Amigo" e "Cavaleiro do São Joaquim". Em 1979, lançou, com Arthur Moreira Lima, o LP "Parcelada Malunga", pelo selo Marcus Pereira.

É do LP Das Barrancas do Rio Gavião a música "O Pidido".

O Pidido
Elomar Figueira Melo

Já qui tu vai lá prá fêra 
Traga di lá para mim 
Água da fulô qui chêra 
Um nuvelo e um carrin 
Trais um pacote de misse 
Meu amigo ah se tu visse 
Aquele cego cantadô! 
Um dia ele me disse 
Jogano um mote de amô 
Qui eu havéra de vivê 
Pur esse mundo 
E morrê ainda em flô 
Passa naquela barraca 
Daquela mulé reizêra 
Onde almuçamo paca 
Panelada e frigidêra 
Inté você disse vã lõa 
Gabano a boia bôa 
Qui das casas da cidade 
Aquela era a primêra 
Trais pra mim uãs brividade 
Qui eu quero matá a sôdade 
Fais tempo qui fui na fêra 
Ai sôdade... 
Apois sim vê se num isquece 
Quinda nessa lua chêa 
Nós vai brincá na quermesse 
Lá no Riacho d'Arêa 
Na casa daquêle home 
Feiticêro e curadô 
Qui o dia intêro é home 
Fiiho de Nosso Sinhô 
Mais dispois da mêa noite 
É lubisome cumedô 
Dos pagão qui as mãe isqueceu 
Do batismo salvadô 
E tem mais dois garrafão 
Cum dois canguin responsadô 
Apois sim vê se num isquece 
De trazê ruge e carmim 
Ah se o dinheiro desse! 
Eu queria um tracilin 
E mais treis metro de chita 
Qui é preu fazê um vistido 
E ficá bem mais bunita 
Qui Madô de Juca Dido 
Qui Zefa de Iô Joaquim 
Já qui tu vai lá prá fêra 
Meu amigo trais 
Essas coisinhas para mim...

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