“A noite chegava cedo em Manarairema. Mal o sol se afundava atrás da serra (…) já era hora de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar em xales. A friagem até então contida nos remansos do rio, em fundos de grotas, em porões escuros, ia se espalhando, entrando nas casas, cachorro de nariz suado farejando (…) palpites de sapos em conferência, grilos afiando ferros, morcegos costurando a êsmo, estendendo panos pretos, enfeitando o largo para alguma festa soturna. (…). A água cochichava debaixo da ponte, fazendo redemunho nos esteios, borbulhando, espumando. Um arzinho frio subia em ondas, trazendo cheiro de areia e folhas molhadas. Sapos e grilos competindo, donos da noite”
A Hora dos Ruminantes - José J. Veiga - 1966
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