Até os anos 50, sempre que um baixista arrumava um
trabalho, era sempre o mesmo drama para carregar um gigante de madeira,
desajeitado e pesado, até o local da gig. Se fosse em outra cidade, o risco que
todos os músicos correm até hoje: o descaso dos funcionários do trem, ônibus,
navio ou avião com o transporte da bagagem. Sobrevivendo à viagem, havia o
problema do volume um tanto discreto do instrumento não microfonado – em se
tratando de uma banda – execução e entonação, com sua longa escala sem trastes
e cordas altas.
Foi então que um homem mudou para sempre o mundo da música
dando ao contrabaixo um status até então desconhecido. Leo Fender, um técnico
em eletrônica de 42 anos do sul da Califórnia, lançou, no fim de 1951 o mais
revolucionário instrumento musical do século XX. Inspirado na guitarra elétrica
Telecaster, a primeira de corpo sólido com características contemporâneas, que
ele colocara no mercado apenas um ano antes, Fender criou a guitarra baixo
elétrica, ou simplesmente baixo elétrico. Batizando-o de Precision, já que os
trastos em sua escala de 34 polegadas permitiam precisão nas notas, rapidamente
tornou-se conhecido entre os músicos, passando a ser chamado por eles de Fender
Bass, por algum tempo. O tamanho da escala, considerada ideal até hoje, foi
escolhido após muitas pesquisas e testes de erro e acerto por Leo e seu
companheiro, George Fullerton. As escalas de 30 polegadas não permitiam que a
corda vibrasse o esperado para produzir um bom som e a de 36 polegadas
dificultava o músico, pelo tamanho das casas.
Por Raul Branco
Seu desenho era arrojado e totalmente diverso do contrabaixo
tradicional, assim como das tentativas fracassadas feitas anteriormente por
Ampeg, Gibson, Audiovox e Regal. Seu corpo em ash com dois recortes, para
permitir o acesso às notas mais agudas, braço em maple fixado ao corpo por
quatro parafusos, com tarraxas Kluson de um só lado da mão e um captador em
Alnico (liga de alumínio, níquel e cobalto) com controles de volume e
tonalidade. Ele era ligado a um amplificador desenhado especialmente por Fender
para reproduzir as freqüencias mais baixas do instrumentos (Bassman Amp),
lançado na mesma época. O baixo elétrico nasceu pronto, sem que fosse
necessária nenhuma evolução, como aconteceria com a guitarra, o órgão, e até mesmo
a bateria. Se você tiver curiosidade de comparar o Fender Precision 51 com um
modelo atual, verá que as modificações feitas foram meramente cosméticas ou
ocasionadas pelo natural desenvolvimento tecnológico, sem alterar a concepção
inicial. Não houve, na verdade, um protótipo, mas um modelo perfeito e
definitivo.
Convidado por Leo Fender a visitar sua fábrica e
experimentar o Precision Bass, o baixista William "Monk" Montgomery
(irmão do guitarrista virtuose Wes Montgomery) foi um dos primeiros a divulgar
o novo instrumento pelos EUA e Europa.
Por Raul Branco
Fonte: A História do Baixo Elétrico
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