LUCAS NOBILE
DE SÃO PAULO (Folha)
Com 77 anos completados na última sexta, Wilson das Neves, exímio frasista e um dos bateristas mais requisitados do país, segue com a mesma receita de quando iniciou sua carreira, no começo dos anos 1950: fazer música sem grandes invenções.
"Não tenho compromisso com coisa nenhuma. Uma coisa que não faço muito é invenção. Acho que a música é a voz da alma. A minha música não tem pirotecnia, não tem foguete."
É dessa maneira que ele sintetiza seu mais recente álbum, lançado recentemente com o título "Se me Chamar, Ô Sorte", que segue a mesma linha de seus discos anteriores: sambas elegantes com melodias bem elaboradas e letras interessantes.
DE SÃO PAULO (Folha)
Wilson das Neves, 77, ao lado de seu bisneto João, 4, que inspirou letra de Chico Buarque para o novo álbum do sambista
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"Com ele, essa história tinha eco. Ele morreu, e eu fiquei falando sozinho", diz Das Neves, cria da escola de samba Império Serrano, do Rio.
Aluno do maestro pernambucano Moacir Santos (1926-2006) e baterista da banda de Chico Buarque há mais de 30 anos - além de ter tocado com nomes como Caetano Veloso, Elis Regina, Clara Nunes, Elza Soares e Sarah Vaughan -, o músico mostra novamente ser um privilegiado em seu disco recente.
PARCEIRO DE SORTE
A "sorte" do artista é justificada não só pela quantidade mas também pela qualidade do time de parceiros e arranjadores do disco. Entre os nomes com quem o sambista --que também integra a Orquestra Imperial-- compôs para este disco estão Cláudio Jorge (violonista de Martinho da Vila e parceiro de Das Neves na faixa que batiza o novo álbum), Toninho Geraes e Vitor Bezerra.
Wilson das Neves também assina parcerias com compositores que dispensam apresentações no universo do samba, como Nelson Sargento, Délcio Carvalho e Luiz Carlos da Vila.
Ainda completam o time Paulo César Pinheiro --parceiro mais constante dele, com quem assina seis faixas-- e Chico Buarque.
Assim como a variação de parceiros, a diversidade de arranjadores volta a aparecer em um álbum de Das Neves. Além de Luiz Cláudio Ramos, Cláudio Jorge, Jorge Helder, João Rebouças e Zé Luiz Maia --que já tinham trabalhado com o sambista em seus discos anteriores--, assinam arranjos Bia Paes Leme e Vittor Santos.
"Se pudesse, eu ainda faria com mais pessoas. Todos querem fazer arranjos para mim. Não gosto das coisas padronizadas", diz o músico.
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