Nada me ligava a Riobaldo, a não ser o fato de ele ser o objeto analisado e eu o analista. Assim pensava eu - ou nem pensava! - até então. Contudo, naquelas noites, ao escrever o ensaio, dei o primeiro passo em sua direção: descobri que ele sobrevivera ao caos, ele organizara seu passado e seu presente, ele encontrara a paz em sua Ítaca sertaneja, ao lado de sua Penélope. Mas isso eu já identificara no texto - como qualquer leitor simplório podia e pode fazê-lo - na primeira leitura da obra quatro anos antes. Sim, mas ocorrera uma mudança fundamental: a tormenta desabara sobre mim e eu agora sabia o que era o caos. Riobaldo era ficção e ditara ao doutor a última página de sua odisseia. Eu era real e mal chegara à encruzilhada de Veredas Mortas...
Riobaldo & Eu - A Roça Imigrante e o Sertão Mineiro - J. H. Dacanal - Ed. Soles - 2009
Riobaldo & Eu - A Roça Imigrante e o Sertão Mineiro - J. H. Dacanal - Ed. Soles - 2009
Pois é, meu genial professor... sem rupturas, sem cisões ou separações...sem os grandes abismos e sem a desordem caótica das tempestades desabando sobre nós, a arte talvez não existisse...
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