“É preciso conquistar o seu lugar no mundo”. “É necessário
conquistar o seu espaço”. Clichês clássicos. Normalmente, quem diz gosta de dar
um ar de novidade na frase. Que até é correta. E deveria ser seguida por: “E
respeitar o espaço e o lugar dos outros”.
Não me refiro ao lugar e ao espaço metafórico que a frase
propõe. Me refiro à sua cadeira, aos seus ouvidos. Tenho certeza de que se cada um
respeitasse seu lugar o mundo seria um lugar bem mais agradável de frequentar.
Você está sentado em seu lugar no ônibus, preparado para uma viagem de quase quatro horas. O sujeito sentado na poltrona de trás acha que merece escorar seu pé descalço (já teve viagem em que só eu estava calçado, quase invadi a cabine do motorista pra não me sentir um maluco deslocado e solitário, mas temi o pior) bem ao seu alcance. Enquanto ouvem, você e ele, um novo sucesso do forró, que ele prefere ouvir sem fones. A senhora no banco ao lado resolve arrumar a bolsa, que dentro tem um saco de supermercado, daqueles barulhentos, e enquanto vasculha o conteúdo da bolsa fica lhe cutucando com os cotovelos.
Você está sentado em seu lugar no ônibus, preparado para uma viagem de quase quatro horas. O sujeito sentado na poltrona de trás acha que merece escorar seu pé descalço (já teve viagem em que só eu estava calçado, quase invadi a cabine do motorista pra não me sentir um maluco deslocado e solitário, mas temi o pior) bem ao seu alcance. Enquanto ouvem, você e ele, um novo sucesso do forró, que ele prefere ouvir sem fones. A senhora no banco ao lado resolve arrumar a bolsa, que dentro tem um saco de supermercado, daqueles barulhentos, e enquanto vasculha o conteúdo da bolsa fica lhe cutucando com os cotovelos.
No cinema o casal atrás de você resolve que o filme sem a
interpretação deles dos fatos não é a mesma coisa. E a interpretação é tão
genial que não se importam de dividir essas informações com o resto do público
do cinema. Enquanto, claro, apoiam a perna na sua cadeira e a balança livremente.
Decididamente, é preciso conquistar o seu lugar do mundo. Mas
o mais difícil é mantê-lo a salvo das invasões bárbaras.
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