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sábado, 28 de dezembro de 2013

DE JORNAL

É muito fácil abrir o jornal e vir aqui comentar sobre o que foi escrito. Mas desde quando eu gosto de coisa difícil? Não gosto. Se não estiver ao alcance do braço ou se demandar alguma mão de obra, faço como a turma do fórum mundial que vem aí: repenso. Sou um tropical indolente, eu sei. Mas, ao jornal.

E nem é todo o jornal, são só as retrospectivas e perspectivas gastronômicas do ano que se vai e do que virá. Misericordiosamente, nessa página não está escrito a palavra “dica”. Ou eu não estava atento. Por partes.

Na parte de retrospectiva, segundo o jornal, o que foi destaque em 2013 foi cozinha molecular, cozimento a vácuo, cozinha brasileira, mesa peruana, produtos gourmet, formigas saúva e espumantes servidos com gelo. 

Mas eu sou muito grosso mesmo. E acho que quem escreveu não vive nesse mundo. Aliás, esse tipo de coisa é para muito pouca gente no mundo. Dos quesitos todos, só conheço “culinária brasileira”. Nesse ponto, sou “antenado” (pra não destoar do enfoque do jornal), inclusive já escrevi sobre os efeitos do consumo da mandioquinha para a nação. E a gente mais moderna que conheço é aquela que só cozinha alguma coisa no micro-ondas. E sob protestos.

Para 2014, precisamos de mais bistrôs (mais?), maior valorização da cozinha brasileira (mais mandioquinha), almoço em família, maior utilização de ingredientes e da cozinha regional (meta mandioquinha), água em jarra servida gratuitamente e preços mais acessíveis pra produtos orgânicos. No quesito bistrôs, estou bem servido, pois com R$ 10,00 ou menos faço uma refeição. 

Acho pouco provável que se ofereça água em jarra gratuitamente em qualquer restaurante da MuiLeal. Primeiro, porque na MuiLeal a gente gosta de pagar caro as coisas, e, segundo, porque é muito provável que a maior fonte de renda de um restaurante venha exatamente das bebidas ali servidas.

Ainda segundo o jornal, algumas coisas devem ser esquecidas em 2013 e, provavelmente, enterradas sob quilos de cachorro-quente. (Por sorte ainda não chegou na MuiLeal – que eu saiba – a mania de chamar cachorro-quente de hot-dog). São elas: gravlax de salmão (vou ter que procurar no gugol), fast food, a combinação de rúcula, tomate seco e mussarela de búfala, couvert de pão com manteiga e pastinhas, pagas, sushi de buffet em churrascaria. 

Quando eu não gosto de uma comida eu, simplesmente, não como. Não quero que elas desapareçam do mapa. E eu que sou o radical. Até aonde sei, o couvert é pago em função do serviço do restaurante, dos copos bons, dos garçons discretos, porém, atentos, dos guardanapos bons, da água de graça. Não pelo pãozinho com manteiga. (Que bem podia vir passado na chapa.) Mas, posso estar errado.

E no ano que vem vamos ver toda essa frescura de novo.

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