“Barrabás chegou à família por via marítima”, anotou a
menina Clara com a sua delicada caligrafia. Já nessa altura tinha o hábito de
escrever as coisas importantes e, mais tarde, quando ficou muda, escrevia
também as trivialidades, sem suspeitar que cinquenta anos depois os seus
cadernos me iriam servir para resgatar a memória do passado e sobreviver ao meu
próprio espanto. O dia em que chegou Barrabás era Quinta-Feira Santa.
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